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Promovido pela CIVITAS Aveiro, em colaboração com a Escola
Secundária Dr. Mário Sacramento e com a respectiva Associação de
Pais e Encarregados de Educação, realizou-se um Debate sobre a
Educação e a Cidadania, no dia 14 de Dezembro, na Biblioteca da
escola.
Foram convidados para dinamizar o debate Júlio Pedrosa de Jesus,
Presidente do Centro Nacional de Educação (CNE), e dois docentes e
investigadores da Universidade de Aveiro, Liliana Sousa e António
Neto Mendes. |
Depois de sublinhar a importância do Debate Nacional sobre Educação,
o Presidente do CNE observou que as várias iniciativas em que tem
participado, nos últimos meses, denotam uma consciência generalizada
de que se deve repensar a relação escola / família. A intervenção
parental limita-se, em muitas famílias, a conversas de gestão do
dia-a-dia “Como te portaste hoje? Que notas tiraste?” Outro aspecto
que destacou foi o facto de os problemas da violência e do sucesso
escolar já não estarem circunscritos aos grandes centros urbanos. No
país, verifica-se uma situação generalizada desses tópicos. Porque é
nas escolas que se acumulam os inúmeros problemas sociais,
económicos e de relações humanas; é nas escolas que eles acabam por
se revelar exponencialmente.
Nunca se pediu tanto às escolas e elas “estão muito sozinhas. As
escolas estão muito pouco acompanhadas”. - comentou o Professor
Júlio Pedrosa de Jesus.
Por sua vez, Liliana Sousa apresentou a lógica “Quanto mais os pais
e os professores se envolverem na escolaridade dos alunos, melhores
notas estes terão, melhores comportamentos sociais, escolas mais
activas, melhores cidadãos.” Apesar de muitos pais e alunos terem
consciência de que a maior intervenção dos primeiros na educação
escolar se reflecte num sucesso mais evidente dos segundos, o seu
envolvimento na escola nem sempre é efectiva. A docente sublinhou
que, se os alunos perceberem pequenos gestos de cidadania por parte
dos pais e professores, eles próprios desenvolverão atitudes de
cidadania.
Quanto a Neto Mendes, fez uma análise da situação da educação em
Portugal, relembrando que há muito que a escola deixou de ser, a par
da família, um dos poucos agentes educativos. A estes acrescentou os
meios de comunicação, com especial destaque para a internet.
Defendeu a ideia de que os pais devem poder escolher a escola onde
querem que os seus filhos sejam escolarizados.
Cerca de 40 pais e professores participaram no debate que começou às
21h30 e se prolongou até à meia-noite e meia. Sem esquecer que a
escola é o local de trabalho de professores e alunos, reforçou-se a
importância da participação dos pais: intervir nos órgãos em que,
por Lei, têm assento; conhecer os espaços e condições de trabalho
dos seus filhos; acompanhar actividades extra-curriculares; seguir
as tarefas escolares. Houve intervenções no sentido de os pais
conhecerem os diferentes professores dos seus filhos, e não só os
Directores de Turma. |
Rematando o debate, o Professor Júlio Pedrosa valorizou a abertura
revelada pelo Presidente do Conselho Executivo, por alguns
professores e pais presentes, que se manifestaram quanto a uma certa
eficácia nas suas relações actuais e futuras. Por fim, lançou o
desafio de que seja realizado um debate a nível nacional sobre os
valores e as regras que se querem ver aplicados nas escolas.
n Jornal
Correio do
Vouga - 20/12/2006 |
A
Assembleia da República promove, conjuntamente com o Governo, um
Debate Nacional sobre Educação, por ocasião dos vinte anos da
publicação da Lei de Bases do Sistema Educativo (1986-2006). O
CNE foi mandatado para organizar este Debate que termina dia 15
de Janeiro de 2007. |
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Como é possível exigir aos nossos filhos/alunos que, quando lhes
colocamos uma questão num teste, eles respondam com objectividade a essa
questão quando provámos ali mesmo, naquele debate, que não o sabemos
fazer? Na minha opinião, isto não é um pormenor! Tanto mais que tive a
grata surpresa de verificar que a adesão entre os professores da escola
foi muito significativa!
Para a minha maneira de ser, se calhar demasiado pragmática, confesso
que fiquei um pouco desiludida, em termos de trabalho feito. Mas não com
a acção da CIVITAS! E, em particular, "aqueci-me" com as palavras do
Prof. Júlio Pedrosa que focou, na sua intervenção final, aquilo que
também considero ser hoje a questão essencial: a revisão dos valores
pelos quais nos regemos.
A Cidadania está, efectivamente, no centro da discussão desses valores.
Se não tivermos bem definidos valores essenciais como o humanitarismo, a
solidariedade, o respeito pela diferença, a tolerância, a liberdade
responsável, a cultura do brio, a vontade de evoluir interiormente, o
conceito de Cidadania deixa de fazer qualquer sentido...
Também julgo não fazer sentido pensar em Educação sem incluir nela os
aspectos associados à Cidadania. E não
vi este debate acontecer! Achei, em especial, que uma intervenção
que foi feita logo no início teve o "mérito" de desvirtuar completamente
a discussão lançada, encaminhando o
debate para questões que, na minha opinião, pouco ou nada tiveram
a ver com o tema proposto. O que me assusta um pouco é essa intervenção
ter partido de alguém cujo papel também é de docência. O que me assusta
muito, é ninguém ter tido a presença de espírito suficiente para retomar
o tema em debate, colocando um pouco de
ordem em alguns raciocínios que entretanto se desenvolveram.
Resumindo, aspectos negativos da
sessão: não foi efectuado o trabalho de debate proposto pela CIVITAS
subordinado ao tema "Educação e Cidadania" apesar de ter sido colocada
uma questão muito concreta e directa como base. Isto causou-me algum
desconforto quanto à capacidade interpretativa e disciplina mental de
uma boa parte do grupo presente.
Aspectos positivos: a introdução ao
debate com música [Pedro Corga foi convidado para tocar flauta
transversal no início da sessão] foi uma ideia que considero brilhante e
com um papel muito importante em termos de “pré-reflexão”, senti-me
gratificada pela presença de bastantes professores e de alguns
encarregados de educação, e fiquei com a sensação de que muitos também
ficaram um pouco desconcertados com o desenrolar do debate.
Seja qual for a taxa de sucesso deste
tipo de encontros, só pelo facto de acontecerem, já vale a pena, pelo
menos, para nos conhecermos melhor.
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