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N.º 19

Janeiro 2007

Ver e ouvir / Ler e escrever


NATAL E ANO NOVO NA RÚSSIA
Ana Margarida Nunes, Joana Coelho, Luciana Fernandes e Uliana Andreevna - 7º C

Poucas pessoas estão hoje na Rússia para se lembrarem desta época, mas quando os comunistas tomaram o poder em 1917, eles baniram a liberdade de religião. Ainda era seguro para as pessoas rezarem sem serem descobertas, mas celebrar o Natal era muito “arriscado”, porque as pessoas poderiam ter problemas com a polícia se fossem descobertas.

Todavia as pessoas também não queriam abandonar a celebração do Natal. Então, reinventaram a festa de Ano Novo e introduziram-lhe características do Natal, como a árvore decorada e a personagem chamada Ded Moroz, que se parece muito com o Pai Natal do ocidente, com a diferença de usar roupa azul ao invés de vermelha.

Na verdade, Ded Moroz é uma personagem que já existia há muitos séculos na cultura pagã. Por um tempo, o Natal foi completamente esquecido na Rússia e era celebrado geralmente em pequenas vilas, onde as pessoas estavam longe do olhar observador do partido comunista. Nos dias de hoje, o Natal voltou a ser celebrado no dia 7 de Janeiro, mas a festa de Ano Novo continua a ser a celebração mais importante do ano.

Quando a celebração começa e as pessoas se reúnem em redor da mesa para jantar, a que se chama a “Santa Ceia”, e dão graças ao Menino Jesus, uma toalha branca é colocada sobre a mesa, simbolizando o manto que cobriu Cristo, uma vela branca é colocada no centro da mesa representando a luz que Cristo trouxe ao mundo, e o pão quaresmal – pagach – simbolizando o corpo de Cristo, é colocado próximo da vela.

Antes da ceia começar, é rezado o Pai-Nosso, conduzido pelo chefe da casa. As pessoas agradecem por todas as coisas boas que aconteceram durante o ano passado e oram pelas coisas boas que serão oferecidas no próximo ano. O chefe da família cumprimenta os presentes com a tradicional “Cristo está vivo” e os membros da família respondem “Louvado seja Ele!” A mãe da família abençoa cada pessoa presente, com mel em forma de cruz sobre as suas testas dizendo: “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, que você tenha felicidade e boas coisas durante este ano e por toda a vida”. De seguida, o pão é partido e todos mergulham o seu pedaço, primeiro no mel, e depois no alho ralado. O mel representa as coisas boas e o alho as coisas ruins da vida. A ceia é comida e depois os pratos não devem ser lavados.

Os presentes são abertos e a família vai à igreja, voltando para casa entre as 2 e as 3 da manhã. No almoço que é servido no dia seguinte, os vizinhos e os membros da família visitam-se uns aos outros, indo de casa em casa comendo, bebendo e cantando canções de Natal o dia inteiro.  n


Presépio português
Profª. Elisabete Maria Costa Mieiro

Diogo de Macedo, no seu estudo sobre Presépios Portugueses, refere que “em Portugal, que se saiba, datam do século XIV as representações artísticas da Natividade e da Adoração”. No entanto, seriam os pintores de Quinhentos e os barristas de Setecentos a dar expressão plástica às cenas da Natividade, expressando-se com prodigiosa imaginação e poesia. Podemos passar os olhos pelas obras de Simão Rodrigues, Cristóvão de Figueiredo, Josefa de Óbidos, os retábulos da Madre de Deus em Lisboa, da Misericórdia do Porto, do Mestre do Sardoal e tantos e tantos outros.

O século XVIII tornou-se o século de ouro dos presépios portugueses. Os estudantes portugueses, que frequentavam as escolas italianas, quando regressavam traziam a moda e o gosto das composições por lá apresentadas a que iam juntar uma arte de modulação extraordinária, requinte estético e uma imaginação fulgurante de sabor muito popular. O barro foi a matéria privilegiada, embora também se utilizasse madeira, cera, marfim e cortiça.


O presépio, repleto de
simbolismos e de mensagens, está
a perder-se nestes
tempos de vazio e de consumo do efémero.

A cena da Natividade começou a ser integrada com sentido piedoso no quotidiano português (clero, nobreza e povo). Junto da manjedoura chegam as mais diversas figuras animadas de pitoresco, solenidade e até hilaridade, no movimento da estética barroca: são pastores com as suas oferendas, soldados romanos, escravos, tribunos, senhores, loucos, tocadores de sanfona, ou de gaita-de-foles, lavadeiras, pescadores, todo o mundo do sonho e da imaginação, festejando a alegria natalícia. O presépio espelha a igualdade humana, a fraternidade, o amor e a justiça; chama todos, em pé de igualdade para render homenagem à dignidade e à grandeza da vida.

António Ferreira e Machado de Castro são dois dos mais conhecidos escultores e barristas do século XVIII, que magistralmente harmonizaram a arte popular e a escultura erudita, deixando-nos obras de extraordinária beleza. Salientamos os presépios da Madre de Deus, em Lisboa, de António Ferreira e o da Sé Patriarcal, de Machado de Castro, pela quantidade de figuras e de cenários que tem.

Em tempos mais próximos, encontramos, nos barristas de Coimbrões (Vila Nova de Gaia) ou de Barcelos, a graça, o mistério e a singeleza das figurinhas criativas da natividade. No Algarve, na Serra e no Barrocal era de tradição armar um presépio em escadaria, cuja altura devia atingir de três a cinco degraus, ladeado por verdura de nespereira e laranjeira. Os degraus do trono são enfeitados com searinhas (recipientes onde germinam sementes). n


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