Brasas de brasas, brasas
do lume já meio morto,
asas cortadas, asas
nas sombras do mundo absorto...
que lentidão,
que silêncio,
que terras sem nenhum pão,
que vento sem nenhum sopro!
Brasas de brasas,
brasas,
asas cortadas, asas..,
livros presos nas
estantes,
palavras órfãs nos longos caminhos tristes
das entrelinhas
dos artigos dos jornais...
risos pardos de
jograis
nos esconsos
da vida intensa que vivemos!
Brasas de brasas,
brasas,
asas cortadas, asas...
pés grudados no
chão
sonhos empacotados
húmus prenhe de vida
com flores por germinar
gritos mortos na boca
de quem não pode gritar...
Brasas de brasas,
brasas,
asas cortadas, asas...
o vento torna em
fogueira
as brasas meio apagadas,
às asas crescem as penas
que um dia foram cortadas. |
Eis um ciclone,
as penas já estão crescidas!
Brasas de brasas,
brasas,
asas cortadas, asas...
poema de Iília da fonseca |