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Artes - Letras - Ciências
Suplemento do n.º 271 do "Litoral"
Dezembro de 1959, Ano I, n.º 4
pág. 27

 


carta a um desconhecido

Amigo que me lês e que eu nunca vi,
nem sei ao certo se verei jamais:
quantas vezes ouviste já dizer
que os homens são todos irmãos
que os homens são todos iguais.
Certamente assim pode ser.
Mas isso pouco importa
se eu me cruzo contigo no passeio
ou passo à tua porta
soberanamente alheio.

 

Todos te chamam irmão.
Mas quando passas na rua,
ninguém te cede a mão,
ninguém te sorri,
ninguém tem uma saudação
para ti...
Nem eu mesmo te saudei
quando há pouco te vi.

 

E tu continuas
na tua situação.
E eu continuo
a chamar-te irmão.

mário da rocha
 

ESCAMAS

• Sede sinceros e não tenteis servir-vos de modos de expressão contrários ao vosso temperamento.

• Sabei aceitar as vossas qualidades e os vossos defeitos e deles tirar o melhor partido possível; é uma espécie de cora­gem que todos os mestres souberam ter.

• Não creio nem na educação nem na experiência, mas somente no instinto mais primitivo vindo do fundo das idades. A única coisa que seria preciso transmitir aos outros, é justamente o que é intransmissível, o que reside no mais profundo dum homem e que nin­guém senão ele próprio pode captar.

• Para cada um de nós, o Anjo vem ou não vem, e tudo está aí.

Roger Bissière

«...seria sem dúvida falso pretender-se que as desordens provocadas por estes jovens são o sinal dum desespero ge­neralizado; seria mais verdadeiro ver-se aí a prova duma falta de esperança. Intuitivamente, mas colectivamente, estes jovens exprimem a sua insatisfa­ção em face dum sistema que não podem compreender e ao qual não podem adaptar-se. Não estão desesperados mas desamparados; e, sem ordem como sem objectivo, manifestam uma solidariedade elementar.

Jean Jousselin, «Jeunesse fait social méconnu»


EI PeIeIe Trágico

Diario azar el hombre se figura
Real em cada cosa.
Y rie o llora
Con la tragedia viva que en él mora
Y Ie sabe pelele de locura.

Sufre con su humildad de criatura
Y con su mala suerte pecadora.
Vida, amor, muerte... Palabras que a la hora
De la verdad suenan a noche oscura.





Mejor pasar al otro lado y lejos,
Busca tenaz el fin mientras porfia
El seso por quedarse! Ay‘, no hay remedio!

La vida se consume como tedio
De amores repentinamente viejos
Entre pestañas de melancolia.

Mario AIgeI Marrodàn

 

As imagens têm voz Entrevista com Mário Braga Correspondência dos Leitores Três Poemas de William Carlos Williams Rodolfo da Cantuária Crítica literária Carta a Mário Sacramento Considerações gerais sobre "factos" Carta a Luís Francisco Rebello Uma exposição de monotipias de Emanuel Macedo e José Paradela Digesto de Notícias Lembrança de Raul Brandão Ilusões (conto) Entrevista com o Dr. José Pereira Tavares Concerto do Silêncio (crónica) Do infinitamente pequeno ao infinitamente grande Poemas EscamasAsas cortadas Fac-símiles

 

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