carta a um desconhecido
Amigo que me lês e que eu nunca
vi,
nem sei ao certo se verei jamais:
quantas vezes ouviste já dizer
que os homens são todos irmãos
que os homens são todos iguais.
Certamente assim pode ser.
Mas isso pouco importa
se eu me cruzo contigo no passeio
ou passo à tua porta
soberanamente alheio.
Todos te chamam irmão.
Mas quando passas na rua,
ninguém te cede a mão,
ninguém te sorri,
ninguém tem uma saudação
para ti...
Nem eu mesmo te saudei
quando há pouco te vi.
E tu continuas
na tua situação.
E eu continuo
a chamar-te irmão.
mário da rocha
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ESCAMAS
• Sede sinceros e não
tenteis servir-vos de modos de expressão contrários ao vosso
temperamento.
• Sabei aceitar as
vossas qualidades e os vossos defeitos e deles tirar o melhor
partido possível; é uma espécie de coragem que todos os mestres
souberam ter.
• Não creio nem na
educação nem na experiência, mas somente no instinto mais primitivo
vindo do fundo das idades. A única coisa que seria preciso
transmitir aos outros, é justamente o que é intransmissível, o que
reside no mais profundo dum homem e que ninguém senão ele próprio
pode captar.
• Para cada um de
nós, o Anjo vem ou não vem, e tudo está aí.
Roger Bissière
• «...seria sem
dúvida falso pretender-se que as desordens provocadas por estes
jovens são o sinal dum desespero generalizado; seria mais
verdadeiro ver-se aí a prova duma falta de esperança.
Intuitivamente, mas colectivamente, estes jovens exprimem a sua
insatisfação em face dum sistema que não podem compreender e ao
qual não podem adaptar-se. Não estão desesperados mas desamparados;
e, sem ordem como sem objectivo, manifestam uma solidariedade
elementar.
Jean
Jousselin,
«Jeunesse fait social méconnu» |
EI PeIeIe Trágico
Diario azar el hombre se figura
Real em cada cosa.
Y rie o llora
Con la tragedia viva que en él mora
Y Ie sabe pelele de locura.
Sufre con su humildad de criatura
Y con su mala suerte pecadora.
Vida, amor, muerte... Palabras que a la hora
De la verdad suenan a noche oscura. |
Mejor pasar al otro lado y lejos,
Busca tenaz el fin mientras porfia
El seso por quedarse! Ay‘, no hay remedio!
La
vida se consume como tedio
De amores repentinamente viejos
Entre pestañas de melancolia.
Mario AIgeI Marrodàn |