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N.º 20

Maio 2007

Fez História / Fará História


SEMANA   DA   LEITURA

MELHORES LEITORES

Eunice - Entrega de prémios.

24 de Abril - Catarina Coelho, João Marques, Catarina Morais, Leonor Dunões e Sean Kong

No dia 7 de Março de 2007, já durante a Semana da Leitura, alguns alunos do 10º A fizeram questão de apresentar os livros que leram e dos quais fizeram um trabalho, no âmbito do Contrato de Leitura.

Como teriam de fazer uma apresentação oral nas aulas de Português, aceitaram a proposta da sua professora, Helena Margarida Ramos Vaz Duarte.

Foram apresentados os seguintes romances: A Casa da Loucura de Patrick McGrath, pela Catarina Coelho; O Ano da Morte de Ricardo Reis de José Saramago pela Catarina Morais; Eragon de Christopher Paolini, pelo João José Marques e Viagens na Minha Terra de Almeida Garrett, pelo Sean Kong.    n 


Memória

Alunos da disciplina do 12º ano de Psicologia - 2006/07

No dia 28 de Fevereiro, na nossa Biblioteca, tivemos a oportunidade de assistir a uma palestra sobre a Memória. Foi um contributo importante e esclarecedor sobre o  seu funcionamento e o modo como processa informação.

A Prof. Dr. Maria Salomé Pinho, do Departamento de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, iniciou a palestra referindo-se ao livro de Gabriel Garcia Marquez, Cem Anos de Solidão. Nesta obra, o autor descreve o que aconteceu numa pequena aldeia, quando atacada por uma praga que afectou a memória da população. Os indivíduos perderam a capacidade de recordar a sua infância, posteriormente ficaram também incapacitados de se recordarem do nome e da funcionalidade dos objectos. Por último, perderam a capacidade de recordar as pessoas com quem se relacionavam e até mesmo a sua identidade.

Esta história ficcionada e alguns casos de neuropsicologia dão-nos a conhecer como “a memória é vida” e como o nosso dia-a-dia depende do  seu funcionamento. Sem ela, nada teria sentido. Mas, como em tudo, só damos importância à memória quando falha.

Ficámos a saber que a memória, que conhecemos como única, é constituída por vários sistemas que se podem distinguir quanto ao modo como a informação é armazenada e ao modo de aceder a essa informação. A nossa memória é sensorial e recebe um caudal de informações através da nossa sensibilidade. Por isso sabemos, por exemplo, onde fica isto ou aquilo, sabemos o que fazer com as coisas e sabemos localizar no tempo as nossas tarefas.

Temos a memória a curto prazo ou de trabalho que nos permite fixar por pouco tempo um número de telemóvel ou o número do nosso bilhete de identidade. É com esta memória que aprendemos na escola, adquirimos aptidões e conhecimentos. E ainda a memória a longo prazo que tem uma duração ilimitada e contém toda a nossa vida. Não temos acesso a esta memória pois, sempre que recordamos, esse conteúdo só se recupera na memória a curto prazo para ser utilizado – é a nossa memória de trabalho.

 

auxiliares de memória

 

Durante a sessão, participámos em alguns exercícios  para compreendermos como funciona a memória e como não é de todo fiável. Soubemos que há estratégias auxiliares de memória e, segundo Daniel Schacter, reconhecemos, em sete pecados, o modo distinto como a memória nos pode enganar facilmente e iludir acerca da realidade. Ficámos a saber o que significa quando dizemos “está debaixo da língua”, ou o que significa estar sujeito à distracção, ou forjar ou distorcer a realidade sem termos consciência disso. Não são propriamente “peca-dos mortais”, mas alguns diabretes da nossa memória, que nos provocam dificuldades ou algum embaraço.

Nós, alunos do 12º ano, da disciplina de Psicologia, gostámos do que ouvimos, consideramos interessante o modo como nos foi apresentado o tema e elucidou-nos sobre muitos aspectos já tratados nas aulas. Os outros alunos presentes do 11º ano e alguns docentes estavam satisfeitos e acima de tudo, pensamos nós, mais abertos ao interesse que suscita este e outros temas que são desenvolvidos no âmbito da nossa disciplina de Psicologia.


Sou livre quando, em vez de disparar, ofereço uma flor pela PAZ

Em nome da Liberdade...

Profª Nazaré Graça

A história de um soldado português a preto e branco e as memórias de um tempo que já passou, mas que se renovam sempre neste dia, foi o pretexto que levou um professor e uma professora desta Escola a uma viagem ao passado.

 

A convite da professora Maria Manuel da turma A do 2º ano da Escola do Primeiro Ciclo, Vera Cruz, nº 3, os Professores Amélia Moreira, de História, e António Martins, de Português, ambos na nossa Escola, foram falar sobre o 25 de Abril e do significado desse dia para eles.

Ao som da canção ”uma gaivota, voava, voava, asas de vento, coração de mar”, entoada por cerca de setenta crianças ansiosas por conhecerem quem lá vinha, os Professores foram recebidos calorosamente. Entre risos, dedos no ar, ora senta no chão, ora na cadeira, os alunos foram escutando, sempre com dedo no ar, não fosse o colega de lado ser mais rápido, a história do 25 de Abril contada pela Professora Amélia: o descontentamento do povo português, a falta de liberdade de expressão, a perseguição pela Pide àqueles que ousavam questionar a política do regime vigente e, por fim, a Revolução dos Cravos.

O sonho da liberdade renascia agora ali, devagarinho, contado com mil cuidados, para que todos pudessem perceber o quanto tinha sido árduo conquistar e o quanto é importante preservá-lo para que ele possa estar sempre presente nas nossas vidas.

Depois, foi a vez do Professor Martins, o soldado que esteve na Guerra do Ultramar, mais concretamente em Angola, com tantas histórias para contar! As fotografias a preto e branco de um tempo que estas crianças não conhecem fizeram o delírio das raparigas, mas sobretudo dos rapazes que arrastando-se para junto do Professor queriam saber se era mesmo ele que estava ali, naquele jipe, de calções, e como foi, como era… E falou do desespero das famílias que viam os seus filhos partir para tão longe, sem terem notícias deles durante tanto tempo, o calor insuportável do mato, os amigos que desapareciam subitamente na escuridão da noite, e as saudades imensas dos familiares que não pôde ver durante três anos!

Apesar do sol quente que brilhava lá fora, choveram perguntas e mais perguntas… As fotografias passeavam de mão em mão, e a ausência de cor incutia mais realismo ao momento presente!

O som de palavras novas, Ditadura, Colónias, Censura ou Democracia, soava pela primeira vez para muitas destas crianças. A curiosidade era insaciável e quem assistia, como eu, só podia sentir muito orgulho em estar ali, naquele momento, a olhar para aquelas crianças a perguntar aquilo que eu nunca pude perguntar e sobretudo, como dizia a Professora Amélia, ter a possibilidade falar sobre o que é ser “livre.”

As memórias das crianças, a história de familiares que conheceram a repressão, sob a forma de violência física e psicológica na escola primária, onde “ a menina dos sete olhos” era usada de uma forma discriminada, que viveram momentos dramáticos nas ex-colónias ou que, de algum modo, foram perseguidos durante o regime salazarista foram, igualmente, partilhadas ao som de duas canções que algumas crianças já sabem de cor e outras já registaram na memória como sinónimo de liberdade: ”Grândola, Vila Morena” e “Depois do Adeus”.

Num gesto de gratidão pela presença dos dois Professores e, sobretudo, pela mágica viagem de regresso ao passado proporcionada, as crianças cantaram uma pequena canção, semente de uma memória que jamais irão esquecer:

 

Nós, as crianças

Queremos brincar em liberdade

Em qualquer lugar

Queremos brincar aqui

Sem haver prisões

sem armas nem tiros

e sem canhões.

 

O 25 de Abril ou a Revolução dos Cravos, ilustrado pelo cartaz que a Professora Amélia afixou na sala, sugere a cumplicidade que este dia tão especial teve para estas crianças: “Sou livre quando, em vez de disparar, ofereço uma flor pela PAZ.”   

Aveiro, 23 de Abril de 2007


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