Porque queremos saber sobre a
biodiversidade no Árctico?
As mudanças no clima têm provocado
efeitos antecipados e claros, como a perda do gelo de 2.3 % por década,
no mar Árctico. A alteração de nível dos oceanos e a redução de extensão
dos gelos marítimos provocarão efeitos desagradáveis na distribuição das
produções iniciais e ainda na quantidade de comida que há no fundo dos
oceanos. Visualizam-se assim efeitos em cascata, que se prolongam até
aos níveis dos trópicos. Estes efeitos podem ser detectados por
monitores de ecossistemas. Para estes processos é preciso ter uma base
de dados actualizada.
Infelizmente, as espécies menos
importantes nem sempre são estudadas, ou porque são raras, ou porque
menos visíveis. É importante alcançar uma base de dados sobre a
biodiversidade no Árctico. |
O solo na Antártida
A Antártida é o continente situado no
Pólo Sul, banhado pelos oceanos da Terra, ou seja, pelos oceanos
Pacífico, Índico e Atlântico. Mas hoje estou aqui para falar do solo na
Antártida. E é por aí que vamos começar.
O solo na Antártida é constituído
essencialmente por gelo. Tem uma extensão de 14 milhões de quilómetros
quadrados e 99% da sua superfície está coberta por gelo. Essa superfície
atinge uma espessura máxima de 4 776 metros. Esta enorme massa de gelo
constitui 90% de todas as reservas de água doce do mundo. Se fundisse,
provocaria um aumento do nível médio do mar até 65 metros. Apresenta
também relevo montanhoso, embora apenas alguns picos consigam emergir da
massa de gelo. Destaca-se como ponto mais elevado o maciço de Vinsom,
com cerca de 4897 metros de altura. Os glaciares são numerosos e
estáveis na sua maioria. Quando desembocam no mar libertam grandes
massas de icebergs. Um aspecto menos conhecido mas de mais interesse é o
referente aos chamados oásis, que constituem, no entanto, uma
percentagem muito reduzida no continente. Trata-se de antigos vales
glaciares, hoje vazios, em que reinam temperaturas muito baixas e uma
extrema secura. Calcula-se que não chova aí há mais de dois milhões de
anos. Estes oásis assemelham-se à paisagem lunar. Constituem o lugar
ideal para estudar os efeitos da erosão. Cientistas portugueses foram
para a Antártida investigar, essencialmente, o permafrost, que é uma
forma de gelo que influencia perto de 25% da massa do Hemisfério Norte e
que mostra uma substancial mudança, principalmente na forma termal.
Maria João Vasconcelos |
Tratado da Antártida
Há cerca de 48 anos, 2 anos depois do I
Ano Polar Internacional, decidiu-se assinar um Tratado que serviria como
uma defesa da Antártida. Foi assim que, em Washington, a 1 de Dezembro
de 1959, se assinou o Tratado de Antártida, com os principais objectivos
de preservar o ambiente desta região e também para que este continente
fosse apenas utilizado para fins científicos. Com base nos 14 argumentos
do Tratado, concluímos que a Antártida só poderá ser utilizada para fins
pacíficos, e nunca para militares, devendo a liberdade de pesquisa
científica permanecer.
Sempre que possível serão tratadas
informações científicas e outros dados pelos países aderentes ao
Tratado. (artigo IV). Para além da proibição de utilização da Antártida
para fins militares, também são proibidas energias nucleares, como
explosões nucleares e o lançamento de resíduos radioactivos.
O Tratado é aplicado para sul do
paralelo de 60º sul, sem prejudicar o direito internacional aplicável ao
alto-mar, dentro daquela zona. Cada parte contratante terá de designar
um observador nacional (do país), que deverá inspeccionar as zonas
antárcticas, podendo ter acesso a praticamente todos os recursos
necessitados. Caso as pessoas que estão na Antártida sejam sujeitas a
jurisdição, estas apenas serão julgadas pelo respectivo país; e se
algumas das partes fizer uma demanda, os envolvidos juntar-se-ão para
alcançarem uma solução aceitável. Os representantes de cada parte
encontrar-se-ão numa determinada data e lugar, transmitindo os
relatórios dos observadores de cada uma. Para que ninguém exerça nenhuma
actividade contrária às referidas, cada país aderente comprometer-se-á a
empregar o devido empenho adequado.
Se houver conflitos entre duas partes
assinantes, estas consultar-se-ão e, por meios pacíficos, resolverão o
problema; caso não funcione, serão levadas à Corte Internacional de
Justiça. E se tal não puder ser, continuarão a tentar resolver pelos
mesmos meios anteriores.
O Tratado pode ser modificado a qualquer
altura, por acordo unânime, mas terá de ser revisto passados trinta anos
após essa mudança.
Todos os Países aderentes às Nações
Unidas e também aqueles que forem deixados por todas as partes
contratantes poderão aderir ao Tratado.
Finalmente,
declara-se que o seguinte Tratado será depositado no Governo dos estados
Unidos da América. Mas o que seria do Tratado sem as tais partes
concordantes? Os "fundadores" do Tratado foram os doze países a seguir
indicados: Argentina, Austrália, Bélgica, Chile, França, Japão, Nova
Zelândia, Noruega, África do Sul, Ex.-URSS (actual Rússia), Reino Unido
e Estados Unidos da América. Infelizmente, apesar de já muitas pessoas
terem procurado demover o Governo Português, Portugal ainda não se
juntou aos 45 actuais defensores do Continente "Deserto". E com esta
breve definição de um digno Tratado acho que já não é preciso dizer-vos
qual a ligação do IV Ano Polar Internacional com o Tratado da
Antártida... |