Actividade que consideramos
merecedora de destaque é a que passamos a descrever em forma de
conversa, com a Professora de Matemática Esmeralda Barbosa e Silva.
Falemos um pouco das actividades
realizadas além-fronteiras no âmbito dos nossos projectos.
Um grupo de professores e alunos
esteve, durante quinze dias em Itália, em actividades de intercâmbio
associadas ao Projecto Língua, enquadrado no Programa Comenius.
Estive em Scordia durante uma semana com os meus alunos.
De que forma o
projecto dos computadores portáteis e a plataforma Moodle, que está
na base do portal da nossa Escola na Teia Mundial, contribuíram para
essa experiência?
Este projecto constituiu o ensejo
para que eu passasse a utilizar a plataforma Moodle, o que consegui
sem grande esforço, ao fim de umas horas de formação organizada
internamente pela nossa Escola. Assim, defini disciplinas
correspondentes às minhas turmas e promovi a inscrição dos alunos.
Antes da viagem, criei recursos para trabalho prático de Matemática,
utilizando equipamento do projecto, e publiquei-os no portal. Também
publiquei directrizes para a construção do portefólio.
Encontrou
dificuldades específicas na criação de recursos de Matemática?
Naturalmente, por razões ligadas à
notação da nossa área foi conveniente uniformizar a apresentação dos
documentos, adoptando o formato pdf. Esta é uma questão a tratar de
forma mais aprofundada, já que, para desenvolvermos recursos
interactivos, e de preferência em software livre, será necessário
ainda investigar as melhores soluções. Criei um conjunto de recursos
bastante utilizáveis e integrados.
A utilização de
uma plataforma de acesso remoto, a que os alunos têm acesso em casa,
já seria uma vantagem. Que outras vantagens se geraram neste caso?
Não precisámos de levar fichas de
trabalho nem livros, e o acesso à plataforma a partir do estrangeiro
permitiu evitar a quebra da continuidade das aprendizagens em curso,
apesar da diferença de ambiente físico. Os alunos apenas precisaram
de abrir o navegador da Teia Mundial e aceder ao portal da nossa
Escola com as senhas individuais que normalmente usam. E como nem
todos os alunos das minhas turmas foram a Itália, os que cá ficaram
também puderam continuar os seus trabalhos sem a minha presença. A
adesão foi boa, tanto cá como lá.
Como foi vista
esta experiência pelos italianos?
Os italianos ficaram surpreendidos ao
verem como os nossos alunos tinham acesso aos recursos estando lá,
pois naquela escola não dispõem de um sistema análogo. Infelizmente,
na sala em que estivemos, só o computador do professor é que estava
equipado de forma a abrir os ficheiros em formato pdf, o que
introduziu alguma perturbação. Mas os recursos foram impressos e o
problema torneado.
De volta à nossa
Escola, como acha que se poderá tirar ainda maior partido destes
recursos?
Um dos aspectos claramente
potenciados pelo sistema é o envolvimento dos pais: já que estes
também podem aceder às páginas das disciplinas, é-lhes facilitado o
acompanhamento das actividades dos alunos. Outra ideia que considero
prioritária é o trabalho de docentes, por exemplo ao nível dos
departamentos curriculares, de modo a gerarem uma bolsa de recursos
didácticos, incluindo provas de avaliação, organizadas por
disciplinas e unidades didácticas, no sentido de aumentar a oferta
flexível de recursos de aprendizagem.
Crê que os
docentes estão a aderir a estas novas formas de trabalhar?
Os professores começam a aderir. O
obstáculo é por vezes o nível etário, pois dantes os computadores
eram apenas do domínio de especialistas e muitos docentes ainda
tiveram o seu período de formação mais significativo nessa época.
Mas nota-se já a criação de uma dinâmica.
Agradecemos à professora Esmeralda a
partilha da sua experiência e continuaremos juntos a promover a
exploração mais eficaz dos nossos recursos tecnológicos.
Entrevista realizada pelo
Prof. Sérgio Ramos |