É com alegria que nos encontramos, hoje, quarta-feira, 24 de Maio de
2006, aqui para celebrar o 50.º aniversário da inauguração deste
edifício escolar e, simultaneamente, a figura do seu Patrono, Mário
Sacramento.
A primeira escola técnica de Aveiro foi criada, em 1893, com a
designação de Escola de Desenho Industrial. Inaugurada em 11 de Agosto
de 1894, iniciou a sua actividade, cerca de um ano depois, no ensino do
desenho, na casa do Ilhote, situada no antigo Largo do Côjo. Em 1903,
foi transferida para as instalações da antiga capitania do Porto de
Aveiro com o nome de Escola Industrial Fernando Caldeira. Entretanto,
por ter sido criado, em 1914, o curso Elementar de Comércio, a Escola
passou, em 1916, a designar-se Escola Industrial e Comercial Fernando
Caldeira. Esta denominação perdurou até 1948, ano em que tomou a
designação de Escola Industrial e Comercial de Aveiro (E.I.C.A.), na
sequência de uma grande reforma do Ensino Técnico. Em 1952, a Escola foi
transferida para as instalações do antigo Liceu José Estêvão, actual
Escola Secundária Homem Cristo, até ficar definitivamente instalada
neste edifício escolar.
A inauguração do novo edifício da Escola Industrial e Comercial de
Aveiro foi no dia 24 de Maio de 1956, há precisamente 50 anos.
No actual edifício, a Escola Industrial e Comercial continuaria, na sua
linha de tradição cultural e pedagógica, a oferecer aos seus alunos um
ensino técnico de reconhecida qualidade e de sólida formação cívica,
como o testemunham as avisadas palavras do antigo Director da Escola,
Dr. Amadeu Cachim:
"Aqui se há-de instruir a juventude de forma a que cada homem, seja qual
for o seu ofício, chegue a ser membro consciente da sociedade do seu
tempo, capaz de sentir a sua dignidade de cidadão e de defender o seu
direito sem colidir com o direito dos outros. Aqui se há-de dar à
mocidade uma educação tal que lhe proporcione a resolução e
independência de juízo, ao mesmo tempo na disciplina e consciência dos
seus limites; que a ligue inteiramente ao passado e às tradições, com o
desejo ardente de continuar."
No quadro da grande reforma educativa operada após o 25 de Abril de
1974, as escolas técnicas e os liceus deram lugar às escolas secundárias
cuja identificação será formada pelo nome da localidade onde se situam,
ou por um nome alusivo à região em que se inserem, ou ainda pelo nome de
um patrono. Deste modo, em 1978, a Escola Industrial e Comercial de
Aveiro passou a designar-se Escola Secundária N.º 1 e, em 26 de Março de
2002, Escola Secundária Dr. Mário Sacramento.
A adopção de Mário Sacramento como patrono da Escola foi uma feliz
escolha, porque ele é, sem dúvida, para jovens em plena formação, uma
figura exemplar e um testemunho de vida. O projecto educativo da Escola
decorre naturalmente dos profícuos ensinamentos e da humaníssima
pedagogia que os alunos deverão colher na vida pessoal, profissional,
cultural e política do seu patrono.
Pessoa de inteligência e de cultura, Mário Sacramento parecia ter
nascido para homem de letras, mas nele vingou o médico e o político
sacrificando-se o escritor. No entanto, como se sentia satisfeito
pensando e escrevendo sobre literatura portuguesa tornou-se num lúcido
crítico e ensaísta.
A Mário Sacramento, homem de cultura vastíssima, ninguém poderá ficar
indiferente: professores e alunos, políticos e pedagogos, homens e
mulheres, velhos e novos, antigos e modernos, na certeza de que muito
poucos são os homens que nos poderão dar tão sublime lição de vida,
cabendo a todos nós, por isso, o dever de dar continuidade, dentro ou
fora da escola.
Resta-me agradecer a todos os que, com a sua grata presença, quiseram
dignificar ainda mais a celebração deste dia particularmente festivo e
manifestar especial apreço aos membros da comunidades educativa,
professores, alunos, funcionários, pais e encarregados de educação pelo
seu sentimento, dia-a-dia renovado, de que a ajuda ao outro fá-lo
crescer.
Quero ainda expressar o meu sincero reconhecimento a todos os
responsáveis que, durante os últimos cinquenta anos, estiveram à frente
da Escola e trabalharam sem cessar para a manter adaptada a um mundo em
constante evolução, pelo que, sem dúvida, é justa a homenagem que hoje
lhes tributamos.
Em jeito de sentença final, recordemos as cordiais palavras de
Mário
Sacramento:
"Façam um mundo melhor, ouviram? Não me obriguem a voltar cá!"