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N.º 18

Junho 2006

NA ESCOLA


Algumas palavras do Presidente do
Conselho Executivo

Discurso de abertura das comemorações do Dia do Patrono

Prof. António Martins

É com alegria que nos encontramos, hoje, quarta-feira, 24 de Maio de 2006, aqui para celebrar o 50.º aniversário da inauguração deste edifício escolar e, simultaneamente, a figura do seu Patrono, Mário Sacramento.

A primeira escola técnica de Aveiro foi criada, em 1893, com a designação de Escola de Desenho Industrial. Inaugurada em 11 de Agosto de 1894, iniciou a sua actividade, cerca de um ano depois, no ensino do desenho, na casa do Ilhote, situada no antigo Largo do Côjo. Em 1903, foi transferida para as instalações da antiga capitania do Porto de Aveiro com o nome de Escola Industrial Fernando Caldeira. Entretanto, por ter sido criado, em 1914, o curso Elementar de Comércio, a Escola passou, em 1916, a designar-se Escola Industrial e Comercial Fernando Caldeira. Esta denominação perdurou até 1948, ano em que tomou a designação de Escola Industrial e Comercial de Aveiro (E.I.C.A.), na sequência de uma grande reforma do Ensino Técnico. Em 1952, a Escola foi transferida para as instalações do antigo Liceu José Estêvão, actual Escola Secundária Homem Cristo, até ficar definitivamente instalada neste edifício escolar.

A inauguração do novo edifício da Escola Industrial e Comercial de Aveiro foi no dia 24 de Maio de 1956, há precisamente 50 anos.

No actual edifício, a Escola Industrial e Comercial continuaria, na sua linha de tradição cultural e pedagógica, a oferecer aos seus alunos um ensino técnico de reconhecida qualidade e de sólida formação cívica, como o testemunham as avisadas palavras do antigo Director da Escola, Dr. Amadeu Cachim:

"Aqui se há-de instruir a juventude de forma a que cada homem, seja qual for o seu ofício, chegue a ser membro consciente da sociedade do seu tempo, capaz de sentir a sua dignidade de cidadão e de defender o seu direito sem colidir com o direito dos outros. Aqui se há-de dar à mocidade uma educação tal que lhe proporcione a resolução e independência de juízo, ao mesmo tempo na disciplina e consciência dos seus limites; que a ligue inteiramente ao passado e às tradições, com o desejo ardente de continuar."

No quadro da grande reforma educativa operada após o 25 de Abril de 1974, as escolas técnicas e os liceus deram lugar às escolas secundárias cuja identificação será formada pelo nome da localidade onde se situam, ou por um nome alusivo à região em que se inserem, ou ainda pelo nome de um patrono. Deste modo, em 1978, a Escola Industrial e Comercial de Aveiro passou a designar-se Escola Secundária N.º 1 e, em 26 de Março de 2002, Escola Secundária Dr. Mário Sacramento.

 

A adopção de Mário Sacramento como patrono da Escola foi uma feliz escolha, porque ele é, sem dúvida, para jovens em plena formação, uma figura exemplar e um testemunho de vida. O projecto educativo da Escola decorre naturalmente dos profícuos ensinamentos e da humaníssima pedagogia que os alunos deverão colher na vida pessoal, profissional, cultural e política do seu patrono.

Pessoa de inteligência e de cultura, Mário Sacramento parecia ter nascido para homem de letras, mas nele vingou o médico e o político sacrificando-se o escritor. No entanto, como se sentia satisfeito pensando e escrevendo sobre literatura portuguesa tornou-se num lúcido crítico e ensaísta.

A Mário Sacramento, homem de cultura vastíssima, ninguém poderá ficar indiferente: professores e alunos, políticos e pedagogos, homens e mulheres, velhos e novos, antigos e modernos, na certeza de que muito poucos são os homens que nos poderão dar tão sublime lição de vida, cabendo a todos nós, por isso, o dever de dar continuidade, dentro ou fora da escola.

Resta-me agradecer a todos os que, com a sua grata presença, quiseram dignificar ainda mais a celebração deste dia particularmente festivo e manifestar especial apreço aos membros da comunidades educativa, professores, alunos, funcionários, pais e encarregados de educação pelo seu sentimento, dia-a-dia renovado, de que a ajuda ao outro fá-lo crescer.

Quero ainda expressar o meu sincero reconhecimento a todos os responsáveis que, durante os últimos cinquenta anos, estiveram à frente da Escola e trabalharam sem cessar para a manter adaptada a um mundo em constante evolução, pelo que, sem dúvida, é justa a homenagem que hoje lhes tributamos.

Em jeito de sentença final, recordemos as cordiais palavras de Mário Sacramento:

"Façam um mundo melhor, ouviram? Não me obriguem a voltar cá!" n


50 anos de História

Prof. Carlos Dias e Prof. Carlos Corga
24 de Maio de 2006

Dois nomes são incontornáveis no período que antecede a inauguração deste edifício — Francisco da Silva Rocha, o seu primeiro director e que exerceu um longo mandato que só terminaria na terceira década do século XX, e Amadeu Cachim, cujo igualmente longo exercício está indissoluvelmente ligado à construção deste edifício já cinquentenário.

Em 1992, António Nóvoa, actual Reitor da Universidade de Lisboa, afirmava que o funcionamento de uma organização escolar é fruto do compromisso entre a estrutura formal e as interacções que se produzem no seu seio1. O que quer dizer que se, por um lado, cumpre um projecto que lhe é encomendado pela sociedade e pelo poder político que a comanda, por outro, ela executa esse projecto à sua maneira. Nela se reflectem os conflitos, as tensões e os consensos que atravessam a sociedade, nela se cruzam parceiros diversos — alunos, pais, professores e funcionários — e se fazem sentir os efeitos da actividade de múltiplos grupos de pressão. A escola também não se pode alhear das esperanças e das angústias que, em cada momento, atravessam a sociedade, em geral, e a comunidade local que serve, em particular.

Vem tudo isto a propósito da comemoração dos 50 anos do edifício em que hoje encarna a Escola Secundária Dr. Mário Sacramento. Como é sabido, numa história que vem dos finais do século XIX e já vai no século XXI, já teve outros nomes — Escola de Desenho Industrial, Escola Comercial e Industrial Fernando Caldeira, Escola Industrial e Comercial de Aveiro, Escola Secundária nº 1. Todos os nomes espelham, de algum modo, um tempo e uma história próprios, todos os nomes fazem já parte do património da escola. Querendo homenagear todos aqueles que participaram na construção deste património, escolhemos simbolicamente aqueles que tiveram, em diferentes momentos, a missão de a gerir.

Dois nomes são incontornáveis no período que antecede a inauguração deste edifício — Francisco da Silva Rocha, o seu primeiro director e que exerceu um longo mandato que só terminaria na terceira década do século XX e Amadeu Cachim, cujo igualmente longo exercício está indissoluvelmente ligado à construção deste edifício já cinquentenário. Foi a ele que competiu convencer uma boa parte dos professores, que achavam que a nova escola ficava muito longe do centro da cidade, das vantagens de ter um novo edifício bem equipado, apesar da sua localização periférica.

A Revolução de 25 de Abril de 1974 mudou a sociedade portuguesa e mudou a Escola. À estabilidade dos directores sucederam os Conselhos Directivos e os Conselhos Executivos, órgãos essencialmente colectivos e democraticamente eleitos pelos professores e, mais tarde, também pelos representantes da comunidade educativa. Destacamos também aqui, simbolicamente, a primeira de uma série de presidentes das diversas equipas de gestão que atravessaram os momentos difíceis e complexos do terceiro quartel do século XX e princípios do século XXI, a Dr.ª Cecília Sacramento. Às naturais dificuldades da transição política e das profundas transformações sociais juntaram-se as diversas reformas educativas e a autêntica explosão escolar que quase fez quadruplicar uma população escolar que teve que ser acomodada nas mesmas instalações. A sua complicada missão só foi possível por uma mistura de ingredientes em que a inteligência, a dedicação, o voluntarismo, algumas doses de bom senso, em suma, a competência e, sobretudo, a colaboração e a cumplicidade dos professores e de outros profissionais desempenharam um papel fundamental. É por isso que, ao homenagear simbolicamente os antigos gestores da nossa escola, o que pretendemos é, directa ou indirectamente, homenagear todos os profissionais que têm contribuído para a elaboração deste património físico, humano e cultural já plurissecular de que hoje somos os portadores. n

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1 António Nóvoa (1992), Para uma análise das instituições escolares, As Organizações escolares em análise, Pub. D. Quixote, p. 25.


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Sec.ª M. Sacramento

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