1ª página

N.º 18

Junho 2006

Ver e ouvir / Ler e escrever


  Onde estão, afinal, as Mulheres?

                                                                                                       Mª do Carmo F. Gonçalves, Professora de Filosofia

 

Sempre que no 10º ano, no âmbito do programa da disciplina de Filosofia, se coloca a questão da paridade dos géneros, surge um coro que me interpela: "Afinal, onde estão as Mulheres?"

O facto de terem menos visibilidade nas Ciências, nas Artes ou na História Política facilmente leva a que se tome o efeito pela causa. Se não têm tido visibilidade é porque não são capazes, sendo, por isso, diferentes dos Homens e, para o sexismo, a diferença significa superioridade para o Homem e inferioridade para a Mulher.

No entanto, tais argumentos foram perdendo consistência após a investigação realizada, pelos alunos, durante os dois últimos anos.

O trabalho desenvolvido no 10º ano teve como objectivo a procura e análise das verdadeiras causas desta falta de visibilidade, provocada por velhos preconceitos ainda hoje existentes, mas, subtil e insidiosamente envolvidos por novas roupagens.

 

Mulheres Notáveis

 

A exposição das biografias de Mulheres Notáveis realizada pelos alunos do 11º A e 11º B, no passado dia 8 de Março, teve como finalidade responder à pergunta: "Onde estão, afinal, as Mulheres"? E foi fácil ver que elas aí estão, em força, nos mais variados campos do saber, da Arte, da Política e da Cultura em geral. E estiveram-no, mesmo quando, em épocas passadas, se viram obrigadas, algumas vezes, a ocultar-se com pseudónimos masculinos*.

"O caminho faz-se caminhando". E muito já foi feito como o revela o elevado número de mulheres laureadas com o Prémio Nobel, o que não deixou de constituir uma estimulante surpresa para todos os intervenientes neste trabalho. n
 * -
Ver o caso, por exemplo, da aveirense Antónia Rodrigues (1580-c.1620)


Eu mestiço me confesso

Prof_Eunice Pinho

«Cada um de nós é o resultado de um cruzamento de culturas e é, neste sentido, mestiço.»

 

 

“Eu, mestiço, me confesso” é o título da conferência, proferida pelo filósofo e Professor Doutor João Maria André, da Universidade de Coimbra, no passado dia 10 de Maio, na nossa escola.

O convite e organização da conferência foi da responsabilidade dos professores de Filosofia, 10º grupo B, no âmbito da rubrica programática do 10º ano: “Valores e Cultura – Diversidade e Diálogo de Culturas.”

O título, polémico e audaz, longe de apresentar a figura do mestiço como uma falha a ser perdoada, propõe, explica o filósofo, que se repense o conceito de multiculturalismo, que pressupõe uma noção de cultura fixista e substancialista, como se de algo estático se tratasse, e em seu lugar se fale em mestiçagem. Pois”cada um de nós é o resultado de um cruzamento de culturas e é, neste sentido, mestiço.”

A globalização, que não é um fenómeno novo, mas que hoje se intensifica, permite-nos perceber que qualquer gesto que façamos nos põe em contacto com elementos provenientes de outras culturas e está, neste sentido, a desenvolver a própria mestiçagem. A minha cultura, que se plasma na minha linguagem, na maneira de vestir, na minha alimentação, etc., é mestiça.

Filósofo e Professor Doutor João Maria André, da Universidade de Coimbra, no dia 10 de Maio, na nossa Escola.

A palavra “mestiço”, clarifica João Maria André, aparece pela primeira vez nas línguas portuguesa e espanhola e só depois é importada para o francês, dando origem à palavra “métissage”, que é composta pelos termos “métis” (mestiço) e “tissage” (tecelagem). Se, primeiramente, o mestiço é aquele que resulta das violações, do chicote e das correntes, perpetradas pela cultura colonizadora, hoje a noção de mestiçagem ganha um novo significado. Permite-nos pensar em termos de “uma filosofia do encontro e da finitude”. Este encontro, diverso de uma fusão total é, na realidade, diálogo. Tal como o vemos acontecer na arte. João Maria André trouxe-nos exemplos disso, dando-nos a ouvir música, em que se cruza chorinho brasileiro com Bach, Mozart com ritmos africanos ou “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades” (Camões) em registo rap – ”Como se na arte se realizasse melhor o diálogo entre culturas do que entre os homens.”

Assim, o diálogo intercultural, ou a mestiçagem, pressupõe, como condições de possibilidade, uma dimensão informativa, na qual as culturas se dão a conhecer, uma dimensão sócio-crítica, que aponta para uma compreensão crítica das culturas, suas diferenças e discriminações, e, por último, uma dimensão praxística que remete para um desejo de transformação e para a própria tolerância.

A Tolerância não é aqui sinónimo de condescendência, aproxima-se, clarifica o conferencista, “do contexto farmacológico, no qual tolerar uma substância não é suportar, antes supõe algo que faz bem.” Não implica, por isso, prescindir necessariamente dos valores próprios de cada cultura, mas é “capacidade de hospedagem mútua”, abertura ao outro. Mestiçagem é procurar no outro algo que não tenho e com o qual posso viver melhor. n


Várias turmas do Ensino Básico e Secundário assistiram à peça.

Aqui fica o depoimento de três alunas.

Fomos ao teatro

Ana Rita, Corina e Hilma_10º B

Einstein, nascido na Alemanha, foi um dos maiores físicos de todos os tempos, que ainda hoje nos dá que fazer.

No dia 23 de Fevereiro, a nossa turma, acompanhada pela professora Helena Duarte, foi ver um musical denominado "Sonhos d’Einstein", que retratava a sua vida amorosa e algumas das suas teorias.

Neste espectáculo, constatamos que o jovem Albert Einstein se deixa levar pelos seus sonhos, pois estava a começar a andar para trás.

Foi um musical muito interessante, com vozes fantásticas, onde deu para entender melhor algumas das suas teorias. n


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