Um estudante foi
concluir os estudos em Paris, deixando a noiva na terra.
Aproximando-se o aniversário dela, resolveu presenteá-la.
Foi a uma casa de modas e comprou umas luvas de camurça de
cor escura. Depois de ter feito o embrulho, a vendedora
enganou-se e entregou-lhe outro com um par de calças de
senhora. O rapaz mandou o embrulho sem o ter aberto,
acompanhado da seguinte carta:
«Querida Mariazinha,
Como fazes anos
amanhã, quis fazer-te uma surpresa, muito embora saiba que
a prenda que te mando tu não gostas de usar. Desde já fica
sabendo que aqui, em Paris, é o que mais se usa.
Muito desejaria
que, ao receberes esta, eu pudesse estar presente, para ver
como te ficam e, ao mesmo tempo, te ajudar a calçá-las.
Fiquei em dúvida
quanto à cor. A empregada que mas vendeu disse-me ser a cor
da moda, a mais conveniente, em virtude de não se verem as
manchas. Ela mesma as experimentou na minha frente e, com
franqueza, ficavam-lhe lindamente.
São um pouco
largas na parte de cima, garantindo-me ela ser conveniente
assim para a mão poder entrar e os dedos se mexerem à
vontade.
É bom pores um
pouco de pó de talco, quando as usares, a fim de
escorregarem melhor. Quando as tirares, aconselho-te a
virá-las do avesso, para perderem o mau cheiro.
Abraça-te o sempre
teu
Chiquinho do
coração.