BOLETIM   CULTURAL   E   RECREATIVO   DO   S.E.U.C.  -   J.  ESTÊVÃO


PÁGINA 1
Editorial
Alcino Carvalho
PÁGINA 2
Gaudi, o
o arquitecto do
imaginário

Claudete Albino
PÁGINA 3
Contos tradicionais portugueses
PÁGINA 4
O Ensino Recorrente e o
acesso ao ensino
superior

João Paulo C. Dias
PÁGINA 5
Dos registos
às flores

Duarte José F. Morgado
PÁGINA 6
Napoleão
não foi assassinado
Henrique J. C. Oliveira
PÁGINA 7
Sociedade Psi
Isabel Bernardino
PÁGINA 8
A aventura literária de
Almada Negreiros 

Paula Tribuzi
PÁGINA 9
A escrita da
casa
PÁGINA 10
A propósito do
Halloween
Dois contos
PÁGINA 11
Da Filosofia e
seu papel

Alcino Cartaxo
PÁGINA 12
Castanhas e
Jeropiga e
S. Martinho

Henrique J. C. Oliveira
PÁGINA 13
Hora do Recreio
HJCO
PÁGINA 14
Fac-símile da versão impressa
 

Napoleão não foi assassinado


Em 1769, nasce na Córsega, uma pequena ilha mediterrânica, uma criança que iria alterar o rumo da História europeia. Levado para França com 9 anos, recebe uma educação militar. Em 1785, era já tenente de artilharia. Quatro anos depois, a França conhece um período tumultuoso, cujos efeitos se repercutiram nas monarquias europeias. Em 1793, Napoleão, porque é desta figura célebre que estamos a falar, é já uma figura famosa. Ascende neste ano ao posto de brigadeiro. Três anos depois, em Março de 1796, conhece Josefina de Beauvais, uma viúva bonita com quem casa e, dois dias depois, assume o comando do exército francês.

Napoleão inicia um período de glória, começando a alargar as fronteiras da França e a construir uma réplica do antigo império romano.

Por três vezes tentou também subjugar Portugal. Os seus exércitos invadem em três vagas sucessivas este País e por três vezes são derrotados, não sem antes terem deixado uma vaga de destruição, de morte e de pilhagem, à qual nem os túmulos dos nossos principais monumentos escaparam.

A glória napoleónica termina em 1814, quando a Áustria, a Rússia, a Prússia e a Inglaterra atacam a França.

Napoleão é exilado na ilha de Elba, de onde foge mais tarde, sendo capturado vinte dias depois.

Em 6 de Outubro de 1816, desembarca em Santa Helena, uma remota ilha atlântica, onde morre cinco anos depois, a 5 de Maio de 1821, após um ano de sofrimentos intensos.

Durante muito tempo, a tese defendida pelos seus admiradores foi a de que Napoleão tinha sido envenenado. E esta ideia ganhou nova consistência em 1961, altura em que Sten Forshufvud, um entomologista sueco, lançou a hipótese de que teria sido assassinado com arsénico.

Em 2001, novos estudos, impulsionados por uma revista científica francesa, vieram invalidar a hipótese de assassínio. Se Napoleão não foi envenenado com arsénico, então quais as causas da sua morte?

Quando desembarcou em Santa Helena, Napoleão, no dizer daqueles que então o conheceram, era um homem ainda pleno de vigor. Cinco anos depois, era já um ancião alquebrado de 51 anos. Este declínio rápido esteve na origem de uma série de especulações, entre as quais a hipótese de assassínio que, a verificar-se, não teria sido de qualquer utilidade para ninguém e muito menos com interesse político. A hipótese lançada em 1961 do envenenamento por arsénico veio reavivar todas as antigas especulações sobre as causas da morte.

A conclusão a que se chegou em 2001, após vários estudos, é que a causa da morte terá sido, efectivamente, a doença. Uma úlcera gástrica crónica terá estado na verdadeira origem da morte de Napoleão. O último ano de vida foi o de uma agonia lenta, provocada pela perfuração das paredes do estômago, que só não lhe provocou uma morte rápida, devido ao facto da abertura ter sido parcialmente obstruída por outro órgão.

Não fizemos aqui mais do que uma brevíssima apresentação dos problemas levantados pela morte de uma figura que marcou profundamente o início do século XIX. Para um conhecimento mais aprofundado, diríamos mesmo exaustivo de toda a problemática que tem envolvido a morte de Napoleão, remetemos o leitor interessado para o número 1022 da revista “Science et Vie”, de Novembro de 2002, onde se encontra um artigo que talvez ponha um ponto final nesta questão.

Henrique J. C. de Oliveira


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