Acesso à hierarquia superior.

Fabrico Tradicional do Azeite em Portugal (Estudo Linguístico-Etnográfico), Aveiro, 2014, XIV+504 pp. ©

A B C D E F G I J L M O P Q R S T V Z

 

GLOSSÁRIO

 

– S –

 

saco, s. m.    Os sacos são duas pedras verticais paralelas, existentes nas paredes do lagar, que suportam a vara, e nas quais é enfiada a agulha, também conhecidas por agulheiras, agulheiros, gateiras, madres, orcelas, rabadão e virgem.

safra, s. f.   Provavelmente de origem árabe; 1.Colheita da azeitona. 2.Período que vai do início ao fim da colheita. 3.Produção do ano. 4.Período de tempo compreendido entre a abertura e o encerramento do lagar, também conhecido por laboração e lagaragem.

salgueira, s. f.    O mesmo que durázia.

salgueirinha, s. f.   O mesmo que durázia.

salmoeira, (do lat. sale+muria), s. f.  O mesmo que água-ruça –Coimbra, P. 300.

sangra, s. f.    Líquido que escorre da azeitona e que na tarefa se separa do azeite por decantação; acto de sangrar as tarefas.

sangradeira, s. f.   1. Designação do orifício ou do local por onde  se efectua o sangramento das tarefas de azeite, surgido também com as variantes sangradêra, sangradoiro, sangrador e sangradouro.  2. Tubo existente nas tarefas por onde se efectua a saída das águas-ruças.

sangradoiro, s. m.   O mesmo que sangradeira.

sangrador, s. m.   O mesmo que sangradeira.

sangrar, v. tr. Operação que consiste em tirar a sangra ou água-ruça das tarefas, ficando apenas o azeite.

sapo, s. m.   O mesmo que frade.

sertã, (do lat. sartagine), s. f.   O mesmo que sertã.

schicciare le olive   Expressão italiana que designa a operação que consiste em reduzir a massa a azeitona deitada no moinho, também designada em Itália por frangere e macinare.

scrófula, pal. it.    Peça de madeira com rosca e assente sobre a extremidade da vara italiana, com uma função idêntica à chamada concha da prensa de vara portuguesa (ver vara italiana e fig. 86).

seira, (do gót. sahria ?), s. f.   1.Objecto do lagar de azeite feito de esparto, juta e outras fibras vegetais e caracterizado pela sua construção em forma de saca larga e circular, constituindo a parte superior aquilo a que o povo chama as abas, e terminando por uma abertura chamada a boca da seira.   2.O mesmo que capacho.

seirada, s. f.   Conjunto de seiras espremidas num dia de trabalho – Vila Real, P. 78.

sem-fim, s. m.   1.Parafuso metálico que eleva a azeitona do lavadouro para o funil que a conduz ao moinho. 2. Parafuso de grandes dimensões da batedeira.

sertã, (do lat. sartagine), s. f.    1.Recipiente, circular de granito, situado debaixo da vara, entre as virgens e as agulheiras, de formato variável e com uma bica de saída para o azeite, dentro do qual são empilhadas as seiras que vão ser espremidas pela vara (ver figs. 99 a 101), também conhecido por albergue, algarbe, algrabe, algrebe, alguergue, assento, enseiradouro, etc. (ver alguergue). 2.Base cilíndrica de pedra com um rego em volta, sobre a qual assenta o cincho.

sertem, s. f.   O mesmo que sertã.

soga, s. f.    1.Corda grossa ou tira de cabedal com que atam o jugo aos chifres.   2.Corda grossa ou tira de cabedal que se prende às hastes do animal ou de uma junta de bois e que serve para os puxar.

solea, pal. lat.   Uma das cinco variedades de moinho apontadas por Columella, relativamente à Itália antiga, e cuja constituição se desconhece.

spátole, pal. it.   Tabuões de madeira com pegas nas extremidades que, colocadas no alirto, seguram a extremidade A da prensa de vara italiana (ver vara italiana e fig. 86).

sumo d'oliva    Expressão popular registada no distrito da Guarda, p. 202, para designar 'azeite'.

 

– T –

 

tabuão, (de tábua, do lat. tabula), s. m.   Grossa rodela, viga ou barrote curto de madeira (figs. 107 e 108), que é colocado sobre a adufa, para dar maior altura ao enseiramento, também conhecido por malhaI e taco.

taco, s. m.    O mesmo que tabuão.

talha, s. f.   1. O mesmo que tarefa, recipiente para escorre o azeite das prensagens nos lagares, feita habitualmente de barro;  2. Designa também o recipiente de barro onde é guardada a azeitona para curtir e também o azeite.

tamoeiro, s. m.   Correia de cabedal por meio da qual se liga a tamonzela, tamuão, tamucela ou temunzela ao jugo.

tamonzela, s. f.   Vara com que ligam o jugo ao baldão do moinho, também conhecida por tamuão, tamucela ou temunzela e que é ligada ao jugo por meio de correias chamadas, em Bragança, Porto e Vila Real, tamoeiros.

tampa, s . f.   Prancha circular de madeira que se coloca sobre as seiras, também conhecida por adufa, porta e trincho, cuja função é a de distribuir uniformemente por toda a superfície das seiras a pressão exercida peIa vara.

tamuão, s. m.    O mesmo que tamonzela.

tamucela, s , f.   O mesmo que tamonzela.

tanha, s. f.   O mesmo que talha ou tarefa.

tarefa, (do ár. taríha), s. f.    Recipiente do lagar, normalmente junto à prensa, onde se separa o azeite da água e outras impurezas. Construídas de diversos materiais, tais como granito, barro e metal, as tarefas apresentam formas e dimensões variáveis de lagar para lagar. (ver cap. VIII, págs. 273 a 329).

tarraxão, s. m.    Grosso parafuso de madeira que enrosca numa peça chamada concha e que constitui o sistema de accionamento da prensa de vara. Apresenta na extremidade inferior um peso que contribui para um aumento da pressão exercida pela vara. O tarraxão é mais conhecido por fuso e parafuso (ver figs. 80 a 85, em especial 81 e 82).

tartoeiral, s. m.   Vara comprida com que é tocado o fuso da prensa de vara, também conhecida por balurde, balurdo, barrana, braçal, panca, tâtuêràdo, ternel, torteiral, tortual, tranca e tranqueta.

tâtuêràdo, s. m.    O mesmo que tartoeiral.

temunzela, s. f.    O mesmo que tamonzela.

tendal, s. m.   1.Espécie de mesa comprida, também conhecida por assentador, situada numa sala própria do lagar e formada por pranchas de madeira colocadas lado a lado, sobre a qual assentam as sacas da azeitona, enquanto esta espera a sua vez de ser laborada. 2.Parte mais elevada do lagar, onde estão as prensas (Alentejo).

termo-batedeira, s. f.   Máquina do moderno lagar de azeite, mais conhecida por batedeira.

ternel, s. m.   Vara comprida com que é tocado o fuso da prensa de vara, também conhecida por balurde, balurdo, barrana, braçal e outros termos.

tesouro, s. m.   Registado no sentido de tarefa nos dists. De Bragança e Porto. Como tesouro é tudo aquilo que apresenta elevado valor, do mesmo modo as tarefas constituem o tesouro dos lagares, pois é nelas que se deposita o azeite e decanta o azeite.  2. Utensílio e folha de Flandres utilizado para depurar pequenas quantidades de azeite, funcionando pelo mesmo princípio das tarefas. (ver fig. 124, página.287).

tino, (do ár. tin REW 8740), s. m.   Recipiente de metal, madeira ou pedra, de grandes dimensões, no qual é acumulada a massa expulsa do moinho, também conhecido por arca, caixa ou caixa da massa, caixão, gamela, gamelão, masseira e masseirão (ver fig. 111).

tirante, s. m.    Corda que, em alguns casos, vai do veio vertical à extremidade do jugo voltada para o moinho e que em certos moinhos (ver fig. 51) pode estar ligada a uma haste de ferro, existente na extremidade do eixo horizontal da galga exterior.

tocar, (do lat. vulgar *toccare), v. tr.   O mesmo que accionar, em expressões como: tocado a água, i. é., accionado por meio de água, tocado a sangue, i. é., accionado por meio de força animal, e tocado à unha, i. é., accionado à mão pelo homem.

tocar a água   Ver o que se diz em tocar.

tocar a sangue   Ver o que se diz em tocar.

tocar à unha   Ver o que se diz em tocar.

tolde, s. m.   O mesmo que toldo.

toldo, (de origem provavelmente árabe), s. m.   Pano comprido de lona, linho ou serapilheira, que se coloca sob as oliveiras durante a vareja, a fim de nele cair a azeitona. É também conhecido por mandil, panal e tolde.

torno, s. m.    1.Peça de madeira com cerca de oito centímetros que é introduzida nos orifícios da forma, a fim de se poder armar o esqueleto do capacho (ver figs. 72 e 73). 2.Uma das muitas pegas de madeira existentes ao longo das rodas da prensa de cincho documentada nas figuras 90 e 92, e que serviam para os homens neles apoiarem os pés, durante o funcionamento da prensa.  3. Pequeno objecto de madeira colocado interiormente no orifício de sangramento das tarefas, o mesmo que espicha. (ver fig. 131, pág. 297).

torteiral, s. m.   Vara comprida e roliça de madeira com a qual é tocado o fuso, obrigando a descer a prensa, também conhecida por panca e tranca e outros termos.

tortual, s. m.    O mesmo que torteiral.

trabe, (do lat. trabe), s. f.   Nome dado nos distritos de Braga, Porto e Vila Real, à vara do lagar de azeite. (ver prensa de vara).

trabinca, s. f.   Lâmina com cerca de 10 a 20 centímetros de comprimento, 2 cm de espessura e dobrada na extremidade em ângulo recto, conhecida também por chaveta, chavetão, chave e tranqueta, e que serve para segurar o peso ao fuso (ver figs. 81 e 82).

trabocco, pal. it.   Nome dado em Itália à prensa de vara.

tramoia, s. f.    Caixa de madeira de fundo inclinado, tapada por uma portinhola de correr, existente em alguns lagares sobre o bordo do pio, onde é deitada a azeitona e donde vai sendo vertida, a pouco e pouco, no moinho; é também conhecida por espera da base, funil, tremóia e tremónia (ver fig. 65).

tranca, s. f.    1.Vara comprida e roliça de madeira com a qual é tocado o fuso, também conhecida por panca, tartoeiral, tâtuèràdo, etc.   2.Vara comprida de madeira com que é endireitada a coluna de seiras ou enseiramento.

tranqueta, s. f.   Vara comprida com que é tocado o fuso da prensa de vara.

trapetum, pal. lat.  Tipo de moinho existente na Itália antiga e de que se encontraram restos nas escavações de Stábia, perto de Nápoles.

trapézio, (do lat. trapeziu, do gr. trapézion), s. m. 1.Elemento constituinte da roda de fazer corda. 2.Nome dado às tábuas encostadas à parede, com um torno de saliente, que serve da suporte e eixo às formas, durante o entrelaçamento da fibra do capacho (ver figs. 67 e 73).

trappito, pal. it.   Nome dado em Itália à prensa de vara.

tremoia, s. f.   1.Conduta de madeira que liga o moinho à casa das tulhas e através da qual vazam as sacas com azeitona (Bragança) cf. tremonha. 2.Caixa de madeira de fundo inclinado, tapada por uma portinhola de correr, existente em alguns lagares sobre o bordo do pio, também conhecida por tramoia (ver tramoia).

tremonha, (do lat. trimodia ou de tremere+modiu ?), s. f. Peça em forma de tronco de pirâmide invertido, de base quadrada, por onde passa a azeitona que vai ser moída.

tremónia, s. f.  O mesmo que tremoia ou espera da base.

trincho, s. m.   Prancha circular de madeira que se coloca sobre as seiras, também conhecida por adufa, porta e tampa, cuja função é a de distribuir uniformemente por toda a superfície das seiras a pressão exercida pela vara.

trituración, pai. esp.   Operação que consiste em reduzir a azeitona deitada no moinho a massa, também conhecida em Espanha por molinada, molienda, moltura e molimiento.

trolho, (do lat. truIIeu), s. m.  Recipiente cilíndrico de folha de Flandres munido de cabo de madeira com o qual é tirada a água a ferver da caldeira, para deitar nas seiras, também conhecido por agueiro, cabaço, cace, caço, cocho, coco, copo, garabano, gravano e panela (ver fig. 104).

trujal, pal. esp.   Nome dado em Espanha à prensa de vara.

tudicola, pal. lat.   Um dos cinco tipos de moinho apontados por Columella e cuja constituição se assemelhava a um moinho de café, esmagando as azeitonas na sua espira.

tulha, s. f.   1.Lugar onde se deposita a azeitona, antes de ser levada para o moinho. 2.Porção de azeitona contida nesse recinto. 3.Cheiro e sabor desagradável que a azeitona adquire, quando está muito tempo entulhada.

           Casa das – :  Nome dado à sala onde existem as tulhas.

                   A tulha é o recipiente ou depósito onde a azeitona é conservada, apresentando formato e dimensões variáveis. Pode ser formada por paredes de madeira, tijolo, cimento, blocos de granito, etc., apresentando, em regra, um fundo ligeiramente inclinado e com uma abertura para saída da água-ruça libertada pelas azeitonas (ver figs. 11, 12, 13 e 15).

turcio, pai. it.   Nome dado em Itália à prensa de vara.

 

A B C D E F G I J L M O P Q R S T V Z

 

Página anterior.

Acesso ao Índice.

Página seguinte.