– A –
aba,
(do lat. alapa), s , f. Parte superior da seira (ver a palavra
seira).
açude,
(do ár. assudd), s. m. Represa que serve para fazer a captação da
água que se destina ao accionamento da roda do lagar de azeite.
adorna,
s. f Forma popular de dorna, vasilha onde se depura algum
resto de azeite que sai juntamente com a água-ruça.
aduela,
(do fr. douelle), s . f. Cada uma das tábuas que formam o corpo
de: a) um pipa ou vasilha semelhante; b) certos potes dos lagares com a
função de tarefas; c) o vaso de certos moinhos de azeite, onde giram as
galgas e é deitada a azeitona, para ser reduzida a massa.
adufa,
(do ár. ad-duffa), s. f. Prancha circular de madeira que se
coloca sobre as seiras, também conhecida por porta, tampa e trincho,
cuja função é a de distribuir uniformemente por toda a superfície das
seiras a pressão exercida pela vara.
água-chilra,
s. f. O mesmo que água-ruça.
água-churra,
s. f. O mesmo que água-ruça. Expressão recolhida nos distritos de
Aveiro, Bragança, Porto e Vila Real. (mapa nº 3).
água-ruça,
s. f. 1. Líquido escuro e ácido que a azeitona liberta, quando
conservada em tulhas, cestos, sacos, etc; 2. Liquido que se separa do
azeite, quando em decantação nas tarefas e que sai normalmente misturado
com a água das caldas. Mais do domínio técnico, é a água-ruça também
conhecida pelos seguintes termos: água chilra, água churra, água
zurra, albufeira, almofeira, alpechim, alperche, alperchim, alpiche,
amufeira, amurca, azeabra, azenagre, azenegre, azenhevre, aziabre,
aziaga, aziagra, azinagre, azinhaga, reima, salmoeira, sangra, zorra.
(mapa nº 3).
água-zurra,
O mesmo que água-ruça.
aguadeira,
(de água, do lat. aqua-), s. f. 1. mulher encarregada de
distribuir água ao rancho (Alentejo); 2. mulher que transporta a
azeitona da tulha para a alfarja do moinho, competindo-lhe ainda, entre
outras tarefas, encher e transportar as gamelas com massa para o
enseiramento. (Bragança)
agueiro,
s. m. Recipiente cilíndrico de folha de Flandres, munido de comprido
cabo de madeira, colocado obliquamente e que o pode ou não atravessar,
de dimensões variáveis, com o qual é tirada a água a ferver da caldeira,
para deitar nas seiras. É também conhecido por cabaço, cace, caço,
cocho, coco, copo, garabano, grabano, gravano, panela e trolho.
agulha,
(do lat. acucula-), s. f. Grossa haste de secção circular, de
madeira ou de ferro, que, enfiada nos buracos das agulheiras, segura a
vara, servindo-lhe de eixo, também conhecido por agulhão.
agulhadoiro,
s. m. Conjunto de duas pedras verticais do lagar que suportam a vara e
nas quais é enfiada a agulha (ver agulheira).
agulhadouro,
s. m. O mesmo que agulhadoiro.
agulhão,
s. m. O mesmo que agulha.
agulhar,
v. tr. Forma proveniente de agulha, designa a operação que
consiste em meter a agulha da vara nos buracos das agulheiras.
agulheira,
(de agulha, do lat. acucula-), s. f. São as agulheiras duas
pedras verticais que suportam a vara do lagar e nas quais é enfiada a
agulha. São também conhecidas por agulheiros, agulhadoiro,
agulhadouro, gateiras, rabadão, sacos, orcelas e madres. (ver prensa
de vara, cap. VI, pp. 175-199 e ainda figs. 78-80).
agulheiro,
s. m. O mesmo que agulheira.
ajuda,
(de ajudar, do lat. adjutare), s. m. Ajudante do mestre do lagar
ao qual competem várias tarefas, tais como transportar a azeitona para o
moinho, fazer a moenda, transportar a massa para o enseiramento, ajudar
a dar as caldas, etc.
ajudante,
s. m. Empregado do lagar ao qual competem várias tarefas, tais como:
transportar a azeitona para o moinho, fazer a moenda, etc., também
conhecido por ajuda, cagarracho, deciplo, mancebo e moço.
albechim,
s. m. O mesmo que alpechim. 2. Dispositivo existente nas tarefas,
espécie de cano por onde a aziaga corre em direcção ao inferno. (ver
alpechim).
albergue,
(de alguergue, do ár. al-qirq), s. m. 1. O mesmo que alguergue.
2. Tanque de separação do azeite. 3. Prato da prensa que espreme o
bagaço da azeitona. 4. Tanque de lagar onde se apara o azeite que
escorre do bagaço da azeitona. (ver alguergue).
Albufeira,
(do ár. al-buhajra, ao lado de almofeira e amufeira),
s. f. O mesmo que água-ruça. A albufeira ou almofeira é utilizada
para destruir ervas e insectos nocivos e como remédio em algumas doenças
dos homens, das ovelhas e dos bois. (ver cap. II, pp. 36-48).
Alçaprema,
(de alçar+premer), s. f. As alçapremas são duas colunas verticais, de
madeira, colocadas paralelamente, uma de cada lado da vara, para impedir
que esta decline para algum lado. São também conhecidas por balaústes,
colunas e virgens.
alfarja,
(do ár. hazar), s. f. A alfarja é o recipiente circular do
moinho. Tem o formato de um grande prato com base de pedra e faces
oblíquas ou verticais, dentro do qual giram as galgas, que reduzem a
azeitona a pasta. É também conhecido pelos vocábulos alfurja, balsão,
basa, base, farneiro, lagariça, moega, pia, pio e vasa (Ver
cap. III).
alfurja,
(de alfarja, do ár. hazar), s. f. Pio ou vaso grande de pedra em
forma de alguidar, dentro do qual se deita a azeitona e onde giram as
galgas (ver aIfarja).
algarbe,
(de alguergue, do ár. al-qirq), s. m. 1. Zona circular sob a
vara, na qual são empilhadas as seiras para serem espremidas. 2. O mesmo
que alfurja, i. é., pio ou vaso grande de pedra em forma de alguidar,
dentro do qual se deita a azeitona e onde giram as galgas. (ver
alguergue).
algrabe,
(de alguergue, do ár. al-qirq), s. m. 1. O mesmo que alguergue.
2. O mesmo que alfurja. (ver alguergue).
algrebe,
(de alguergue, do ár. al-qirq), s. m. 1. O mesmo que alguergue
2. O mesmo que alfurja. (ver alguergue).
alguebre,
(de alguergue, do ár. al-qirq), s. m. O mesmo que alguergue.
alguel,
(de alguergue, do ár. al-qirq), s. m. O mesmo que alguergue.
alguer,
(de alguergue, do ár. al-qirq), s. m. Zona circular sob a vara
onde são empilhas as seiras, para serem espremidas, formada por uma
pedra circular de superfície lisa com um diâmetro superior a um metro e
tendo na periferia um sulco cavado chamado regueira — Serpa. (ver
alguergue).
alguerbe,
(de alguergue, do ár. al-qirq), s. m. Recipiente granítico
circular, de feitio muito semelhante ao de uma grande sertã, de paredes
de altura variável e com uma bica de secção em U, onde são empilhadas as
seiras, debaixo da vara (ver alguergue e figs. 100 a 104).
alguergue,
(do ár. al-qirq), s. m. Recipiente granítico circular situado
debaixo da vara entre as virgens e as agulheiras, de formato e dimensões
variáveis e com uma bica de saída para o azeite, dentro do qual são
empilhadas. as seiras, a fim de serem apertadas pela prensa (ver
figs.100 a 104), também conhecido por albergue/alvergue, algarbe,
algrabe, algrebe, alguebre, alguel, alguer, alguerbe, alguermi, arguel,
assento, enseiradoiro, enseiradouro, sartã, sertã e sertem.
alguermi,
(de alguergue, do ár. al-qirq), s. m. O mesmo que alguergue.
alirto,
pal. it. Peça com quatro varas verticais de ferro, onde é fixa a vara
italiana (ver vara italiana, pp. 196-199 e fig. 86).
almanjarra,
(do ár. mazarra), s. f. O mesmo que manjarra, vara de madeira do
moinho à qual são atrelados os animais; vara a que se atrela o animal
que faz andar a atafona ou nora. A almanjarra é também conhecida por
baldão, balurdo (?), cambão e cangão (ver
moinho de bois).
almofeira,
(de albufeira, por sua vez do ár. al-buhajra), s. f. 1. O mesmo
que água-ruça. 2. Restos da azeitona que ficam nas seiras depois
de prensadas (ILB, 1961, P. 254). 3. Massa resultante da moagem da
azeitona (ILB, 1942, P. 143). (ver albufeira).
alpechim,
s. m. Vocábulo de origem obscura, registado nos distritos de Bragança,
Guarda e Viseu, significa o mesmo que água-ruça. Outros vocábulos
da mesma família são: albechim, alperche, alperchim e,
alpiche (ver cap. II, pp. 38-48).
alperche,
s. m. O mesmo que alpechim ou água-ruça.
alperchim,
s. m. O mesmo que alpechim ou água-ruça.
alpiche,
s. m. O mesmo que alpechim ou água-ruça. Documentado em
vários trabalhos. António Cardoso de Menezes, em Noções de
oleicultura prática – Coimbra,1901, 2ª ed., p. 63, define-o como
"água de vegetação da azeitona"; Tavares da Silva, em Esboço dum
vocabulário agrícola regional, define-o, p. 44, como "água de
vegetação da azeitona, carregada de albumina e de matéria negra e
amarga, resultante da acção da água das chuvas e mesmo do orvalho e dos
princípios amoniacais que contêm, sobre o óleo e que com ele saem na
espremedura”.
alvergue,
s. m. O mesmo que albergue.
amufeira,
s. f. O mesmo que albufeira ou almofeira. (Beira Baixa).
amurca,
(do lat. amurca-), s. f. O mesmo que água-ruça ou
alpechim. Encontra-se representado no cat. e arag. sob a forma
morca e em vários dialectos italianos.
apertar,
(do ant. apretar, do lat. prettu por pressu), v. tr. O
mesmo que prensagem.
aperto,
(de apertar), s. m. O mesmo que prensagem.
arca,
(do lat. arca-), s. f. Recipiente de metal, madeira ou pedra, de
grandes dimensões, no qual é acumulada a massa expulsa do moinho pelas
raspadeiras, também conhecido por caixa, gamela, gamelão,
masseira, masseirão e tino (ver fig. 111).
argadilho,
s. m. Aparelho giratório de madeira de grandes dimensões e apoiado num
suporte do mesmo material, com cerca de 1 m de altura, utilizado para
desenrolar meadas de corda (ver figs. 68).
arguel,
(de alguergue, do ár. al-qirq), s. m. 1. O mesmo que alguel
ou alguergue. 2. Lugar onde, no lagar é moída a azeitona,
para o fabrico do azeite – Braga.
armar o esqueleto,
Operação que constitui a segunda fase do fabrico de um capacho e para a
qual são necessários: uma forma, um cavalete, um martelo, pequenos
tornos de madeira e, evidentemente, fio, que irá formar o esqueleto do
capacho (ver. fig. 72).
arredolho,
são. m. O mesmo que rebolo.
árvore,
(do lat. arbore-), s. f. Eixo vertical do moinho ao qual estão
fixas as galgas e a dobadoira, roda da árvore ou
pontaria. Roda da – ver em roda da árvore.
assentador,
s. m. Espécie de mesa comprida, também conheci da por tendal,
situada numa sala própria do lagar e forrada por pranchas de madeira,
colocadas lado a lado, sobre a qual assentam as sacas da azeitona
enquanto esta aguarda a sua vez de ser laborada.
assento,
s. m. O mesmo que alguergue ou sertã, i. é., zona circular
sob a vara onde são empilhadas as seiras, a fim de serem espremidas.
atafona,
(do ár. tahuna), s. f. Moinho movido à mão ou por força animal.
2. Azenha. 3. Com uma significação restrita, refere-se ao lagar movido
pela força de bovinos. Sobre este vocábulo, veja-se o cap. I, pp. 1-3).
atafoneiro,
s. m. 1. Dono ou encarregado da atafona. 2. A pessoa que mói na
atafona. 3. Pessoa que dirige a moagem e faz a maquiação.
azambujeiro,
(do ár. zanbuz), s. m. 1. Oliveira brava. 2. Fruto da oliveira
brava, caracterizado pelo seu diminuto tamanho (veja-se o cap. IV, pp.
140-147).
azambújia,
s. m. O mesmo que azambujeiro.
azambujo,
s. m. O mesmo que azambujeiro.
azeabra,
(do ár. aç-cibar), s. f. O mesmo que aziabra, azebre ou
água-ruça (ver azebre).
azeabre,
(do ár. aç-cibar), s. f. O mesmo que aziabra, azebre ou
água-ruça (ver azebre).
azebim,
s. m. Veja-se em azebinhada.
azebinhada,
(de azevo, do lat. vulgar *açifoliu-, palavra composta, de
folium ‘folha’ e o radical ac-, de acuere ‘ser agudo‘), s.
f. Azeitona muito miudinha que, pelo seu diminuto tamanho, raramente é
aproveitada. Sobre a sua origem, veja-se Corominas, pp. 1031-1032.
(veja-se o cap. IV, pp. 140-147).
azebre,
(do ár. aç-cibar), s. m. 1. Verdete de cobre. 2. finura. 3.
Gaiatice. 4. Amargura. 5. Agua libertada pela azeitona e que se
caracteriza pelo seu gosto amargo, o mesmo que água-ruça. Do ár.
subsistiram várias formas na Península: esp. acíbar, cat.
acèver, valenc. Antigo. açever, etc. No português existem
outras formas provenientes de aç-cibar: aziabre, aziabra,
azeabre, azeabra.
azeite,
s. m. Palavra proveníente do árabe al zait, designa o óleo que se
extrai das azeitonas mediante processos mecânicos, tais como trituração,
prensagem, decantação , lavagem, centrifugação e filtração. Expressões
de uso popular para designar o azeite: óleo d'azeitona, sumo
d'oliva, óleo de oliveira, óleo d'olípio. Tipos de
azeite: azeite virgem; extra; fino; corrente; lampante. Expressões
encontradas para tipos vários de azeite, além dos já indicados: azeite
fidalgo, azeite puro, azeite zimbro. As aplicações do azeite são
múltiplas: em religião, em medicina (especialmente a de tipo popular),
em culinária, na iluminação, etc.
azeite zimbro.
Azeite feito da azeitona miudinha, utilizado pelo povo com fins
medicinais.
azeitona,
s. f. Palavra proveniente do árabe zaituna, designa o fruto da
oliveira; dele se extrai o azeite. Óleo d' – : Expressão
recolhida no distrito de Beja para indicar 'azeite'.
azeitoninho,
s. m. Forma diminutiva de azeitona, para indicar o fruto da oliveira
brava, que se caracteriza pelo seu diminuto tamanho.
azenagre,
(do ár. azzinjar), s. m. O mesmo que azinagre ou
água-ruça (ver azinagre).
azenegre,
(do ár. azzinjar), s. m. O mesmo que azinagre ou
água-ruça (ver azinagre).
azenha,
(do ár. assania), s. f. Aplicado sobretudo em relação aos moinhos
tocados a água, este vocábulo designa também os que são puxados por
animais . Aplicado ao lagar de azeite, surge este vocábulo numa área
bastante restrita, que abrange os distritos de Aveiro, Porto, Viseu,
Vila Real e Bragança, quase sempre a distância relativamente pequena da
bacia do Douro.
azenhevre,
(do ár. azzinjar), s. m. O mesmo que azinagre ou
água-ruça (ver azinagre).
azevim,
s. m. O mesmo que azebim. (ver azebinhada)
azevinhar,
v. intr. Verbo usado para indicar que a oliveira não deu fruto ou que
este não se desenvolveu, facto também conhecido por embafordar.
azevinho,
(de azevo, do lat. vulgar *acifõliu-, palavra composta de
folium 'folha' e o radical ac-, de acuere 'ser agudo' –
ver Coromínas , pp. 1031-1032 –), s. m. Azeitona muito miúda, o mesmo
que azebinhada.
aziabra,
(do ár. aç-cibar), s. f. O mesmo que azebre ou
água-ruça.
aziabre,
(do ár. aç-cibar), s. f. O mesmo que azebre ou
água-ruça.
aziaga,
(do ár. azzinjar), s. f. O mesmo que azinagre ou
água-ruça. (ver azinagre).
aziagra,
(do ár. azzinjar), s. f. O mesmo que azinagre ou
água-ruça. (ver azzinagre).
aziagre,
(do ár. azzinjar), s. f. O mesmo que azinagre ou
água-ruça. (ver azinagre).
azinagre,
(do ár. azzinjar), s. m. Água que as azeitonas libertam quando
conservadas em tulhas ou em monte e que também se separa do azeite,
quando em decantação nas tarefas. A partir da forma azinagre
formaram-se as restantes: azenagre, azenegre; aziagre, aziagra e
aziaga. Outras palavras com o mesmo étimo: azinhavre, azinhevre,
azenhevre e azinha. (ver cap. II, pp. 44-48).
azinha,
(de azevo, do lat. vular *acifoliu-), s. f. O mesmo que
azebinhada e azevinho.
azinhaga,
(do ár. azzinjar), s. f. O mesmo que azinhavre ou
água-ruça (ver azinhavre).
azinhavre,
(do ár. azzinjar), s. m, Água que as azeitonas libertam quando
conservadas em tulha ou em monte e que se separa também do azeite,
quando em decantação nas tarefas. Além da forma azinhavre,
resultante da palatalização do grupo -ni-, encontramos ainda outras,
como azenhevre, azinhevre e azinhaga. Do mesmo étimo,
porém mediante evolução diferente, encontramos no português ainda as
formas azenagre, azenegre, aziaga, aziagra, aziagre e azinagre.
(ver cap. II, pp. 44-48).
azinhevre,
(do ár. azzinjar), s. m. O mesmo que azinhavre ou
água-ruça (ver azinhavre).
azorro,
Puxar de – : Retirar uma após outra e à força de braços as seiras
empilhadas no alguerbe, a fim de se remexer a massa e dar as
caldas – Coimbra, P. 297.
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