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N.º 20

Maio 2007

NA ESCOLA


 III Jornadas Técnicas

Entre 17 e 19 de Abril, decorreram as III Jornadas Técnicas da Escola Secundária Dr. Mário Sacramento, com a presença numerosa de alunos e professores, que contactaram com várias tecnologias de ponta, como a Robótica e a Telemedicina.
 


Aspectos de diferentes sessões das Jornadas. (Clicar sobre cada imagem para ampliar.)

Houve palestras relacionadas com as Alternativas Energéticas e foram feitas experiências em tempo real em laboratórios remotos - acesso através da Internet à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

O papel do Secretariado nas empresas foi apresentado por uma antiga aluna da Escola; também foram abordados os problemas da Higiene e da Segurança no Trabalho.

Uma palestra sobre a Arte Nova motivou alunos e professores para uma das características mais marcantes de Aveiro.

A sessão de encerramento contou com as presenças do Professor Doutor Manuel Silvestre da Universidade de Aveiro, do Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial, que introduziu o tema ao apresentar algumas das conclusões do seu doutoramento sobre “Empreende-dorismo e Criação de Empresas”; do Engenheiro Paulo Santos, do Departamento de Mecânica da UA; do Dr. João José Ferreira, Director de recursos Humanos da BBT (ex-Vulcano); do Professor Luís Filipe Malheiros da FEUP e da Dra. Cristina Marques da AIDA (Associação Industrial do Distrito de Aveiro).

Estiveram presentes vários professores e alunos da Escola, bem como elementos da Associação dos Antigos Alunos da EICA, parceiros na organização das Jornadas Técnicas. n
 

Conclusões

As atitudes como factor de sucesso e de integração no meio empresarial, sendo nessa vertente que as Escolas devem investir.

 

Sobre o Empreendedorismo não se chegou a consenso sobre se esta é, ou não, uma qualidade inata ou se, pelo contrário, pode ser ensinada/motivada.

 

Necessidade de manter e alargar protocolos e parcerias entre a Escola e empresas da região e conhecer as suas necessidades, com vista à qualificação dos seus alunos.


MUDAR DE ATITUDE

Prof. Teresa Soares Correia

Habituado a classificações de Bom e de Muito bom, o seu filho chega a casa com um Medíocre. Preocupante? Claro que sim. Provavelmente, deslocar-se-á à escola para perceber a razão dessa classificação obtida num trabalho de grupo, que o seu filho fez sozinho, em casa e sob sua orientação. Apesar da lógica da explicação dada pelo Director de Turma, talvez até continue a discordar dos critérios de avaliação.

O que aconteceu? O trabalho deveria ter sido desenvolvido em duas aulas, os recursos disponíveis eram vários: inúmeros meios de comunicação social; manuais escolares; o próprio professor. O seu filho e os colegas, convencidos de que todos arrecadariam os dezoito valores que o seu filho habitualmente alcançava, optaram por conversar sobre outros assuntos, durante os cento e oitenta minutos em que deveriam ter trabalhado. Não desenvolveram atitudes de interajuda, não geriram conhecimentos, nem contornaram dificuldades, nem apostaram no futuro, que se jogava na terceira aula, quando defendessem o trabalho. Nessa aula, o seu filho revelou estar por dentro da temática investigada; mas os dois colegas de grupo balbuciaram duas ou três ideias, atrapalharam-se e foram incapazes de defender a tese tão bem explanada (e para a qual o pai ou a mãe tanto tinham contribuído). Resultado: a nota atribuída ao grupo foi o Medíocre, a classificação dos elementos que não tinham trabalhado.

Esta história1 ilustra uma das conclusões tiradas na mesa-redonda sobre Empreendedorismo nas III Jornadas Técnicas, dinamizadas na Escola Secundária Dr. Mário Sacramento, pelo Departamento de Estudos Científico-Tecnológicos na semana passada. De facto, se é importante ter bons conhecimentos teóricos, mais importante ainda é desenvolver competências que levem à resolução de problemas. Explico: ninguém contrata uma pessoa unicamente porque ela sabe muita teoria. Numa entrevista para um emprego, tem-se em conta a média do curso, mas se o candidato não se souber sentar, não se apresentar correctamente, revelar incapacidade de comunicação, será preterido por outro que, apesar de uma média inferior, se apresenta bem, responde facilmente a uma questão de gestão de conflitos e revela à-vontade na conversação.

Por tudo isto, a Escola tem de sofrer uma revolução radical, pois ainda privilegia a transmissão de conteúdos, em detrimento do desenvolvimento de competências. A lógica deste último conceito obriga a mudar de atitude: a aula terá de ser cada vez um espaço de reflexão. (Para o “seu filho” e para os colegas, tudo é uma “seca”. Como contrariar esse sentimento irreverente da juventude? Não haverá um momento em que essa opinião poderá ser alvo de debate? Por que não reflectir sobre a importância do esforço e também do insucesso, não se ficando pela opinião superficial de que tudo o que fazemos deve dar prazer?) A Escola é o espaço por excelência em que o insucesso pode ser reabilitado, em que se pode aprender a assumir riscos. Nas empresas, a não ser em pequenos sectores de inovação, é impossível falhar, o erro pode custar muito dinheiro e implicar mesmo o despedimento. Nas escolas, o erro e a falha deveriam ser valorizados para a aprendizagem. 

Voltando ao “seu filho” e aos colegas, provavelmente não terão percebido que aquele professor lhes tinha dito que aquela disciplina funcionava como uma empresa, os horários, a hierarquia e o código de conduta eram para ser levados à risca, e que o esforço de todos seria compensado (ah! Aqui deveriam ter compreendido que “muito esforço + esforço nenhum” resultaria em “quase nada”.). O professor tinha escrito no quadro uma frase intrigante, que finalmente começava a fazer sentido: “TRUQUE: Finge que gostas daquilo de que não gostas.”

Concluindo, no grupo do “seu filho”, alguém teria de ser empreendedor, manifestando uma atitude interventiva, tendente ao desenvolvimento da qualidade de vida do grupo, deveria ter persuadido os colegas a apostarem num trabalho com qualidade, que seria apresentado no prazo. Pode ser que o tal Medíocre os faça descobrir que, afinal, na Escola, há muitas propostas que os levam a desenvolver capacidade de empreendedorismo. Basta quererem (ou fingirem que querem, que vai tudo dar ao mesmo!). n

in: "Correio do Vouga" de 26 de Abril de 2007
 

1 – História inventada aqui e agora. Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.


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Sec.ª M. Sacramento

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