1470-01-04 — Faleceu D. Helena Pereira, mulher de D. João de
Albuquerque, senhor de Angeja e benfeitor do Convento de Nossa Senhora
da Misericórdia, cujo túmulo foi transladado em 1945 da antiga igreja
dos padres dominicanos – actual Sé – para o Museu de Aveiro (cf.
inscrição tumular) – J.
1471-02-16 — Por um documento de El-Rei D. Afonso V, expedido
de Santarém nesta data, conclui-se que D. Afonso de Bragança, primeiro
conde de Faro e segundo de Odemira, sucedeu no senhorio de Aveiro a seu
tio, D. Sancho de Noronha, primeiro Conde de Odemira, já falecido
(Rangel de Quadros, Aveiro – Apontamentos Históricos, II, fl. 160) – J.
1471-07-31 — A pedido da prioresa, D. Beatriz Leitão, foram
concedidos diversos privilégios aos caseiros do Mosteiro de Jesus, da
vila de Aveiro (Torre do Tombo, Chancelaria de D. Afonso V, livro 16,
fl. 125v) – A.
1471-09-01 — Num dos últimos dias deste mês, a Princesa Santa
Joana pediu autorização ao pai, El-Rei D. Afonso V, para deixar a Corte
e recolher-se num convento. O Monarca, que regressava vitorioso do norte
de África, anuiu ao desejo da filha (Memorial, pgs. 95-97) – J.
1471-09-07 — A Princesa Santa Joana, estando ainda na Corte,
enviou uma carta aos juízes, procurador, fidalgos, cavaleiros e povo de
Coimbra, comunicando-lhes a tomada de Arzila e de Tânger, no norte de
África, por El-Rei D. Afonso V e pelos Portugueses, e recomendando que
dessem graças a Deus e estivessem prestes para o real serviço, se
requerido fosse, sendo certo que tanto El-Rei como o Príncipe D. João
estavam «sãos e em boa disposição e assaz alegres» (Arquivo Municipal de
Coimbra, Cartas Originais dos Infantes, n.º 77) – A.
1471-12-01 — Num dia indeterminado deste mês, a Princesa
Santa Joana deixou a Corte e recolheu-se no Mosteiro Cisterciense de
Odivelas (Memorial, pg. 6-1) – J.
1471-12-06 — Entrou no Mosteiro de Jesus, em Aveiro, onde
recebeu o hábito de dominicana, D. Leonor de Meneses, filha do Conde D.
Duarte de Meneses e da Condessa D. Isabel de Castro, que aí professou no
ano imediato juntamente com D. Clara da Silva, irmã da Condessa de
Abrantes (Crónica, pgs. 192-193) – A.
1471-12-22 — Foi feito um treslado, em pública forma,
destinado à Vila de Santarém, das representações e protestos que os
procuradores das cidades e vilas do Reino fizeram a El-Rei D. Afonso V,
à Princesa D. Joana, a sua tia D. Filipa e à abadessa do Mosteiro de S.
Dinis de Odivelas contra a entrada da dita Princesa em religião, e bem
assim das respostas dadas àquelas representações e protestos (Torre do
Tombo, Cortes, Suplemento n.º 2, doc. 11; Padre Dias Dinis, Colectânea
de Estudos, Ano III, n.º 2, 2.ª série, pgs. 235 e ss.) – A.
1472-07-30 — Vinda de Odivelas, chegou a Aveiro a Princesa
Santa Joana, acompanhada de El-Rei D. Afonso V, seu pai, do Príncipe D.
João e de luzidia comitiva, da qual fazia parte sua tia D. Filipa, filha
do Infante D. Pedro e irmã da Rainha D. Isabel (Memorial, pg. 107) – A.
1472-08-02 — Por carta de El-Rei D. Afonso V, foi mandado ao
juiz e oficiais da vila de Aveiro que, quando aí houvesse pouco pescado
e os almocreves, regatães e outras pessoas o comprassem todo, fizessem
dar ao Convento Dominicano de Nossa Senhora da Misericórdia aquele de
que este tivesse necessidade (Aveiro, 2-8-1472. Confirmação de D. João
II: Aveiro, 3-2-1484. Torre do Tombo, Estremadura, livro 3, fls.
215-215v, e livro 6, fls. 280-280v) – A.
1472-08-04 — Com a maior solenidade e luzimento, deu
finalmente entrada no Mosteiro de Jesus, em Aveiro, a Princesa Santa
Joana, tendo-a acompanhado dentro da clausura apenas seu pai, El-Rei D.
Afonso V, e seu irmão, o Príncipe D. João (Memorial, pg. 108) – A.
1472-12-08 — No Mosteiro de Jesus, de Aveiro, professou
solenemente D. Leonor de Meneses, filha do denodado D. Duarte de
Meneses, conde de Viana da Foz do Lima, a qual viria a exercer os cargos
de subprioresa e de prioresa no mesmo convento (RangeI de Quadros,
Aveiro – Apontamentos Históricos, IV, fls. 291-292) – J.
1474-02-05 — Foi estabelecido um padrão de 30.000 reais de
tença ao Mosteiro de Jesus, da vila de Aveiro (Santarém, 5-22-1474.
Torre do Tombo, Místicos, livro 3, fl. 4) – A.
1475-01-25 — Numa cerimónia comoventíssima, que se realizou
na sala do capítulo do Mosteiro de Jesus, a Princesa Santa Joana tomou o
hábito albi-negro da Ordem de S. Domingos, iniciando assim o tempo do
noviciado religioso que, passado algum tempo, foi obrigada a suspender
(Crónica, pgs. 113 e ss.). – A.
1475-04-15 — Foi dada sentença sobre a jurisdição cível do
couto de Aradas, a par da vila de Aveiro, atribuída ao Mosteiro de Santa
Cruz de Coimbra (Torre do Tombo, Estremadura, livro 11, fls. 241-242) –
A.
1475-04-23 — Foi concedido ao Mosteiro de Jesus um padrão de
38.571 reais de esmola, «por respeito da Infanta D. Joana estar no dito
mosteiro», além dos 30.000 réis dados pela estadia no referido Mosteiro
de D. Leonor de Meneses, filha do conde de Viana (Torre do Tombo,
Místicos, livro 3, fl. 221v; Chancelaria de D. Afonso V, livro 30, fl.
112v) – A.
1475-10-20 — D. Afonso, genro do conde de Odemira, agraciado
com o título de conde de Faro em 22 de Maio de 1469, tendo sucedido a
seu sogro, falecido em 1 de Janeiro de 1475, no senhorio de Aveiro,
intitulou-se, por isso, senhor de Aveiro em documentos de 20 de Outubro
do mesmo ano, transcritos nas «Provas da História Genealógica da Casa
Real» (Dr. João Carlos Freire Themudo Rangel, Principais peças do
processo de acção ordinária, etc., Porto, 1903, inumerado) – A.
1476-07-12 — Foi confirmada a carta de padrão de 16 de
Janeiro de 1469 ao Convento Dominicano de Nossa Senhora da Misericórdia,
da vila de Aveiro (Torre do Tombo, Místicos, Livro 3, fls. 18v-19) – A.
1476-07-24 — Por uma bula desta data, o Papa Xisto IV
confirmou a eleição do ilustre aveirense D. João Afonso Ferraz para
coadjutor do bispo da Guarda, D. Frei João Manuel, filho natural de
El-Rei D. Duarte, a quem sucedeu no governo daquela Diocese (Rangel de
Quadros, Aveirenses Notáveis, I, fls. 42-45) – A.
1476-08-06 — El-Rei D. Afonso V passou uma carta ao Convento
Dominicano de Nossa Senhora da Misericórdia, de Aveiro, para que o
monteiro-mor das matas da Terra de Santa Maria lhe deixasse cada ano
cortar as barcádegas de lenha a que tinha direito (Aveiro, 6-8-1476 e
7-8-1477. Confirmação de D. João II: Aveiro, 3-2-1484. Torre do Tombo,
Estremadura, livro 3, fls. 214v-215, e livro 6, fls. 279v-280) – A.
1476-08-10 — Foi concedida à Princesa Santa Joana uma tença
vitalícia de 300.000 reais, pela parte da herança da Rainha, sua mãe,
que fora deixada a El-Rei seu pai (Aveiro, 10-8-1476. Torre do Tombo,
Místicos, livro 3, fls. 15-16; Chancelaria de D. Afonso V, livro 6, fl.
130) – A.
1476-08-24 — El-Rei D. Afonso V deu licença ao Mosteiro de
Jesus «para que pudesse herdar, ter e possuir todos os bens de raiz que
às freiras, que então nele estavam, fossem deixados por morte de seus
pais ou parentes e que o dito Mosteiro os pudesse lograr, dar, vender,
trocar ou escambar» (Arquivo da Universidade de Coimbra, Livro do Index
Geral do Cartório e da Fazenda, Tomo 33, fl. 461, n.º 3) – J.
1476-08-28 — El-Rei D. Afonso V, em carta desta data, dizia
ter-se responsabilizado em pagar, pela filha D. Joana, a Aires Gomes, as
casas que lhe tomara para fazerem parte do Mosteiro de Jesus,
confirmando o desejo de cumprir a sua «palavra e obrigação», assim como
de cercar, olivelar, forrar e «ladrilhar» o convento (Torre do Tombo,
Místicos, livro 3, fls. 14v-15; Amaro Neves, Azulejaria Antiga em
Aveiro, pgs. 20 e ss.) – J.
1476-08-28 — Foi celebrado um contrato entre El-Rei D. Afonso
V e sua filha Princesa Santa Joana sobre os bens deixados pela defunta
Rainha D. Isabel (Torre do Tombo, Místicos, livro 3, fls. 14v-15;
Chancelaria de D. Afonso V, livro 6, fl. 130) – A.
1476-08-28 — El-Rei D. Afonso V deu carta ao Convento
Dominicano de Nossa Senhora da Misericórdia, de Aveiro, para poder
comprar terras que rendessem até oito moios de pão (28-8-1476.
Confirmação em Aveiro: 3-2-1484. Torre do Tombo, Estremadura, livro 3,
fl. 215, e livro 6, fls. 279-279v) – A.
1476-08-31 — Foi definitivamente anexado ao Mosteiro de Jesus
o padroado da igreja de S. Miguel de Fermelã, à qual andavam anexas, por
sua vez, as vizinhas igrejas de Angeja e de Canelas (Arquivo da
Universidade de Coimbra, Pergaminhos do Convento de Jesus de Aveiro,
Gaveta 1, Pasta 1, n.º 165) – J.
1477-01-24 — O bispo de Coimbra D. João Galvão passou «carta
de anexação, união e encorporação perpétua da igreja de S. João de Loure
ao Convento de Jesus, de Aveiro» (Arquivo da Universidade de Coimbra,
Convento de Jesus de Aveiro, Gav. 3, n.º 85; Domingos Maurício Gomes dos
Santos, O Mosteiro de Jesus de Aveiro, II, pgs. 568-569) – J.
1477-05-12 — El-Rei D. Afonso V deu carta a João de
Albuquerque, autorizando-o a deixar ao Convento Dominicano de Nossa
Senhora da Misericórdia, de Aveiro, uma quinta e uma marinha, para
manutenção da capela que instituíra para sua jazida no referido
convento, com o encargo de uma missa diária e da sua conservação (Évora,
12-5-1477. Confirmação de D. João II, Aveiro, 3-2-1484. Torre do Tombo,
Estremadura, livro 8, fl. 135v) – A.
1477-08-20 — Pelo tabelião Pedro Afonso, foi lavrada uma
escritura de contrato entre o Convento Dominicano de Nossa Senhora da
Misericórdia e D. João de Albuquerque, valoroso militar que tomou parte
em guerras de África e foi senhor de Angeja, Pinheiro, Figueiredo e
Assequins, e sua esposa D. Helena Pereira; por tal instrumento, os
benfeitores doaram ao Convento não só a marinha velha ou do Puxadouro,
mas também a quinta de Canelas, Estarreja, obrigando-se os frades a
missa quotidiana na capela do Senhor Jesus, onde depois seriam tumulados
os cadáveres dos dois cônjuges. A escritura foi mais tarde confirmada
por El-Rei D. João II, em 3 de Fevereiro de 1484 (Rangel de Quadros,
Aveiro – Apontamentos Históricos, IV, fls. 63-64, onde a data não é
exacta; Arquivo, IV, pgs. 107-108, onde se transcreve o manuscrito
existente na Direcção de Finanças de Aveiro) – J.
1477-11-20 — Por escritura nas notas do tabelião Fernão de
Anes, de Aveiro, D. Brites Leitão comprou a Pedro Vasques Drago, por
20.000 reais brancos, umas casas próximas ao Mosteiro de Jesus (Rangel
de Quadros, Aveiro – Apontamentos Históricos, IV, fl. 242) – J.
1478-03-24 — Tomou posse da Diocese da Guarda, por
procuração, o insigne aveirense D. João Afonso Ferraz (Rangel de
Quadros, Aveirenses Notáveis, I, fl. 43) – A.
1478-12-14 — El-Rei D. Afonso V autorizou a filha D. Joana,
já recolhida no Mosteiro de Jesus, em Aveiro, a substituir Diogo Afonso,
avançado em anos, por quem lhe aprouvesse, nos ofícios das «apurminhas
do sisson» da cidade do Porto e da dízima das caravelas de Leça, bem
como das sisas da Maia, das Bouças e de São João da Foz (Torre do Tombo,
Chancelaria de D. Afonso V, livro 38, fl. 92v) – J.
1479-07-27 — Por ter aumentado assustadoramente a peste em
Aveiro, a Princesa Santa Joana foi obrigada, contra sua vontade, a sair
do Mosteiro de Jesus, seguindo para Avis na companhia da Madre Prioresa
D. Beatriz Leitão (Crónica, pgs. 55 e ss.) – A.
1479-09-04 — O Mosteiro de Jesus tomou posse do padroado da
igreja de S. João de Loure, cuja doação lhe fora feita em Novembro de
1476; tinha anexa a igreja de S. Paio de Frossos (Rangel de Quadros,
Aveiro – Apontamentos Históricos, IV, fl. 237; Domingos Maurício Gomes
dos Santos, O Mosteiro de Jesus de Aveiro, I, pg. 69) – J.
1479-09-18 — A Princesa Santa Joana passou carta de doação ao
Mosteiro de Jesus, para depois da sua morte, das casas anexas ao
Mosteiro, que tinham pertencido a Aires Gomes e que ainda se não
encontravam completamente pagas (Museu de Aveiro, Pergaminho original;
Colectânea, I, pgs. 231-232) – J.
1479-09-27 — Por motivo da peste que grassava com intensidade
no norte do País e alastrara até Esgueira, a Princesa Santa Joana foi
obrigada a sair de Aveiro. Acompanharam-na os bispos de Coimbra e do
Porto, alguns fidalgos, escudeiros e religiosas – entre estas a Madre D.
Brites Leitão. Regressou a Aveiro em Agosto do ano seguinte (Crónica,
pgs. 55-56 e 64) – A. |