a revolução informática; portanto, muito distantes do
início da revolução industrial, pano de fundo da
filosofia marxista!
Continuará a nossa sociedade
mergulhada numa ideologia alienante que leva o homem a
esquecer-se de si mesmo?
Nos «Escritos de Juventude», Marx
afirma: «(...) A miséria do trabalhador aumenta com o
poder e o volume da sua produção. (...) O
trabalhador torna-se uma mercadoria tanto mais barata,
quanto maior o número de bens que produz. Com a
valorização do mundo das coisas aumenta em proporção
directa a desvalorização do mundo dos homens. (...)»
Ano de 2000 —
Warnier, ao
reflectir sobre a mundialização da cultura, constata:
«O que faz admirar o observador é a extrema
desigualdade entre países e entre classes sociais, no
interior do mesmo país, perante os fluxos mundiais da
cultura industrializada. Sabe-se que cerca de um bilião
de seres humanos vive abaixo do limiar da pobreza. Esse
limiar assinala duas coisas:
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1º - que esse bilião sofre de má
nutrição e de miséria crónica; |
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|
2º - que a pobreza exclui-os da
comunicação e de redes sociais.» |
Marx propõe-nos, para alteração
deste cenário, uma prática revolucionária, que
alterará as condições em que a ideologia se torna
alienante, isto é, falsificadora da realidade e das
condições de vida do homem.
E hoje?
Século da globalização ou
mundialização, vivemos numa época de economia de
mercado, que tem como principais protagonistas os
países do primeiro mundo: Estados Unidos da América;
Europa e Ásia rica. Este tipo de economia necessita da
supressão de barreiras alfandegárias e da protecção
de instituições, como a Organização Mundial do
Comércio, o Fundo Monetário Internacional, etc., que
supe-rintendem a relação entre países e mercados.
Inseparável da globalização são
também as grandes empresas multinacionais que se
instalam na América Latina, África e, ultimamente,
também na Europa do leste.
No velho capitalismo marxista, era a
mão de obra que se deslocava. Agora é o capital.
Bairoch refere que o «mito» mais
extraordinário da ciência económica é a ideia de que
o mercado livre constitui o caminho de passagem para o
desenvolvimento.
Qual o papel da ideologia neste
contexto da globalização?
A ideologia de suporte ao mercado
livre é o neoliberalismo. O poder é transferido para
as entidades privadas (empresas multinacionais) e existe
um corporativismo estatal, que procura assegurar as boas
condições para o desenvolvimento das mesmas nos
países em que se instalam.
Este poder veio oferecer às empresas
a tentadora perspectiva de fazer retroceder as vitórias
dos trabalhadores no plano dos direitos humanos. O facto
de uma empresa operar simultaneamente em vários
países, leva a que, em caso de greve, não surja uma
ruptura no mercado, o que vai diminuir a força
reivindicativa dos trabalhadores.
Qual o valor dominante nesta
ideologia? É o lucro.
Continuamos, assim, instalados no
velho processo de alienação, denunciado por Marx.
O modelo de vida proposto por esta
ideologia e solidificado pelos mass media é o
modelo consumista.
A essência do Homem desloca-se do
trabalho (praxis) para o “ter”. Como Marcuse
salienta, o homem reconhece-se nas suas mercadorias, no
seu carro, nos seus objectos. E este novo homem encontra
um aliado e amigo para a realização da sua essência:
A BANCA. É esta que abre a porta do paraíso ao homem
comum do século XXI.
A ideologia neoliberal falsifica a
realidade, levando o homem a acreditar (alienação) que
é nas grandes catedrais de consumo – nos centros
comerciais