D'Alto a
Baixo - O WM
Há meio século, entrava em uso no futebol
português a guerra das tácticas. Até aí, o futebol, como todas as
coisas simples, orientava-se no campo pela posição convencional de
um guarda-redes, dois defesas, três médios e cinco avançados. Um
dia, porém, surgiu a figura emblemática do WM, que transmitia por
meio destas duas letras o posicionamento dos jogadores. E até serviu
para se escreverem livros, como aconteceu com Cândido de Oliveira,
excelente jornalista de A BOLA, como já o fora como jogador,
treinador e seleccionador. Era novidade!
Tudo isto nos ocorreu quando um dia destes o Dr.
Costa e Melo, meu distinto amigo, numa reunião dos «Amigos de
Sarabando», por ele promovida no restaurante do Evaristo, saboreando
um magnífico arroz de sardinhas, cujo propósito ele soube esconder,
mas que nós adivinhámos, me fez recordar a sua passagem, efémera
como se pode calcular, como treinador do Sport Clube Beira Mar. Foi
há meio século — como o tempo passa Dr., no campo pelado e duro como
pedra do Leça F.C., o mesmo clube de agora, que o vimos com o livro
de Mestre Cândido, debaixo do braço, muito senhor do seu papel, a
dar orientação aos jogadores aveirenses, nos quais eu me incluía, a
par de Carlos Sarrazola e outros. Era a juventude!
Penso que perdemos, mas para o caso isso não
interessa. O que importa é focar o WM, a que se sucedeu a «diagonal»
de Otto Glória e outras tácticas hoje conhecidas por todo o bicho
careta desde os três centrais, a lembrar os 3 pinheiros, ali na
Bairrada (!) ou a de todos ao molho e fé em Deus, como ensinou o «Estebes»,
protagonizado por Herman José. O futebol era outro. Melhor?!
E a propósito, o Dr. Costa e Melo não quer voltar
a fazer uma perninha? Olhe que havia lugar para si, até para puxar
as orelhas aos árbitros e defendê-los se fosse preciso. Aos
árbitros, e não só... como agora se diz.
JOAQUIM DUARTE,
In: Litoral, 23/1/1997 |