Enquanto Comunidade Escolar, gostamos de trabalhar num espaço físico que
ofereça as condições necessárias e num ambiente que se mostre agradável.
Em 2005/06, na consulta que o Clube fez aos Alunos, procurando saber o
que achavam importante melhorar, muitos referiram-se à forma como era
exposta a informação na Escola. Elaborámos um programa de intervenção
nessa área e, no início deste ano lectivo, pusemo-lo em execução. Não há
dúvida que, com a colaboração dos elementos da comunidade, foram
introduzidas alterações que concorreram para a existência de uma melhor
imagem da Escola e o enriquecimento da comunicação. Com efeito, quase
desapareceram os papéis colados nas paredes. A organização dos
documentos expostos esteve associada a preocupações de natureza
estética. Integraram-se dados relativos à oferta cultural da cidade, com
a criação do placard “Agenda Cultural” e, sobre temáticas
diversas, tornou-se possível fazer uma consulta mais rápida, dirigindo a
atenção para os espaços em que estaria a informação pretendida. É, no
entanto, verdade que, em alguns momentos do ano, surgiram dificuldades:
a de conseguir afixar nos placards existentes toda a informação e
a de despertar o interesse por actividades em projecto, expondo a
informação num número reduzido de espaços. Este facto cria a necessidade
de melhorar o programa.
Vendo-nos sob outra perspectiva, como membros da
Comunidade Portuguesa, “O Clube” não poderia deixar de conceber e
apresentar propostas de participação na vida da mesma. No ano lectivo
anterior, a Escola foi convidada a integrar o programa “Parlamento dos
Jovens”. Soube-o tarde e não exactamente o que era conveniente fazer.
Mas não havia dúvida que o referido programa era um bom meio de levar os
Alunos a conhecer o processo que vai desde a constatação de um problema
nacional até à elaboração e aprovação da(s) lei(s) que o visa(m)
resolver e a desenvolver, neles, atitudes de cidadania. Daí que, este
ano, quando a Escola foi mais uma vez convidada e apresentados os
temas/problemas – “Insucesso e Abandono Escolar” para o secundário e
“Impacto da Televisão junto dos Jovens” para o básico – o Clube não
hesitou em inscrevê-la. Propôs-se elaborar um plano de acção que criasse
as condições necessárias para que todo o processo se aproximasse o mais
possível da realidade e esforçou-se no sentido de o mesmo vir a ser
executado com êxito. As coisas correram bem graças ao envolvimento de
muita gente que se dispôs a colaborar na realização das actividades.
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Dois aspectos dos
trabalhos desenvolvidos na Assembleia Municipal de Aveiro. |
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Além de Professores e Alunos da Escola, associaram-se ao projecto o
Deputado Afonso Candal, que aceitou vir à Escola falar sobre a
Assembleia da República, a Sra. Presidente da Assembleia Municipal de
Aveiro, que cedeu o espaço para a realização das Sessões Escolares e se
fez representar pelo Primeiro Secretário na Sessão do Ensino Secundário,
o Sr. Presidente da Câmara Municipal, que, além de fornecer as cabines
de voto, esteve presente na abertura das Sessões do Secundário e do
Básico, a Coordenadora da Acção Educativa de Aveiro e o Presidente do
Conselho Executivo da Escola, que acompanharam o desenrolar das duas
Sessões. Correram bem porque a sala de audiovisuais esteve cheia de
Alunos, interessados em ouvir e questionar o Deputado Afonso Candal, e
porque os Deputados, eleitos nas Sessões Escolares como representantes
da Escola às Sessões Distritais, foram nestas escolhidos para
representar o Círculo de Aveiro na Sessão Nacional – de salientar que o
Projecto de Recomendação aprovado na Sessão Escolar do Ensino Secundário
foi o mais votado na Sessão Distrital, servindo de base para a
elaboração do projecto do Círculo de Aveiro. Para o próximo ano lectivo,
está já feito o convite e foram já propostos os temas/problemas:
Energias Alternativas e Preservação do Ambiente (Básico); União
Europeia: participação, desafios e oportunidades (Secundário).
Há uma memória colectiva que importa não deixar
perder. Ela é fundamental na definição da nossa identidade como povo e
do destino que queremos que ele tenha. Este facto levou o Clube a
solicitar a colaboração de todos os elementos da comunidade para o
levantamento do material alusivo ao 25 de Abril, com vista a
comemorá-lo. Foi possível reunir documentos de natureza fotográfica,
jornalística e musical, datados da época da Revolução, assim como um
artigo do Professor Arsélio e trabalhos executados pelos Alunos nas
aulas de Português. Com o que se conseguiu recolher, fez-se uma
exposição, no átrio principal, que incluiu uma homenagem ao Zeca Afonso
e ao Dr. Mário Sacramento, figuras indissociáveis da oposição ao regime.
No dia 24, houve um momento de poesia, com o Professor Moreira a
declamar, com excelência, o poema de Ary dos Santos “As Portas que Abril
Abriu”. Não era esperado um tão grande envolvimento da comunidade. Ele
pode, no entanto, ser maior no próximo ano.
Pertencendo à Comunidade Europeia, há problemas nela
existentes a que não podemos ser alheios. Um deles prende-se com as
relações de convivência entre pessoas diferentes. É um problema que está
a merecer cada vez mais atenção, tendo levado o Parlamento Europeu e o
Conselho a instituir o ano de 2007 como “Ano Europeu da Igualdade de
Oportunidades para Todos”. Neste âmbito, para as comemorações do Dia da
Europa, o Clube, além de decidir expor alguns cartazes e textos que
concorressem para a formação da ideia de uma identidade europeia,
propôs-se realizar, em articulação com o grupo de Filosofia, uma Sessão
sobre o tema do Multiculturalismo e do Diálogo Intercultural. O
Professor Doutor João Maria André, da Universidade de Coimbra, aceitou
vir falar a esse respeito e o público, constituído sobretudo por Alunos
do 10º ano, acompanhou com interesse a sua comunicação. Em nosso
entender, não estará muito desenvolvido o sentimento de pertença à
Comunidade Europeia e, por isso, talvez se deva fazer um maior
investimento na concepção e realização de actividades que o promovam.
A Comunidade Humana apresenta-se, na sua
especificidade, como um conjunto de seres diferentes que nem sempre
vivem em paz e muitas vezes não têm as condições necessárias para viver
dignamente. Tudo o que se possa fazer para melhorar o modo de vida dos
seres humanos é bem-vindo. Reconhecendo isto, o Clube considerou que
deveria propor e acompanhar a realização de actividades que, por um
lado, concorressem para a interiorização de valores, como os da justiça,
da solidariedade e da tolerância e, por outro, correspondessem a
manifestações concretas de abertura e apoio ao Outro. Posta a ideia em
andamento, foram desenvolvidos, na disciplina de Educação Moral e
Religiosa Católica, os projectos “Dez Milhões de Estrelas” e “Tenda da
Paz”. A estes juntou-se o da visita de alguns Alunos à cozinha social
das Florinhas do Vouga, no Bairro de Santiago, que teve lugar no segundo
período. Ainda neste período, o Clube conjugou a sua acção com a do
grupo de Educação Física para a realização de uma corrida na Escola – a
“Corrida Solidária” –, proposta pelos Médicos do Mundo com vista a
angariar fundos para a construção de duas escolas no distrito de
Namaacha (Moçambique); foram-lhes enviados 752 euros, o contributo dos
272 elementos da comunidade que participaram. Promoveu, no terceiro
período, as campanhas de recolha de Materiais Didácticos para
apetrechamento das escolas básicas da Guiné. No âmbito do Dia da Escola,
organizou uma conferência sobre a “Fome e Excessos Alimentares”,
conduzida pelo Coronel Martinho, presidente do Banco Alimentar Contra a
Fome de Aveiro, dirigida aos Alunos do 7º ano, como forma de os
sensibilizar para aquela temática e para o trabalho de voluntariado;
previamente, montou-se um placard sobre o tema “Fome” e, junto
deste, foi colocado um recipiente para recolha de alimentos, que se
manteve até ao dia 1 de Junho (Dia Mundial da Criança). Ao ter
conhecimento do concurso “A Minha Escola Contra a Discriminação”,
lançado no âmbito do “Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para
Todos”, aceitou participar, apresentando um projecto que foi
seleccionado e que se traduziu num trabalho de campo de Alunos de duas
turmas do 11º ano, inscritos na disciplina de Educação Moral e Religiosa
Católica, com crianças de etnia cigana (a viver em Taboeira).
Estamos a dar conta, à Comunidade Escolar, daquilo
que fez o Clube; que é, ao mesmo tempo, o que a comunidade fez. Na
verdade, o desenvolvimento dos diversos programas de acção pressupunham
que os elementos desta interviessem como cidadãos mais ou menos
empenhados e isso, efectivamente, aconteceu. Só temos a ganhar se tal
continuar a acontecer. É que as situações criadas, além de contribuírem
para a formação global do Aluno, ajudam na construção da nossa
identidade como Escola.
Clube de Cidadãos |