Numa escola aveirense tem vindo a
manter-se a tradição de um concurso intitulado «Prémio
Literário José Estêvão». Em 1995, concorreu Rui Jorge Grave
Tavares, então aluno dessa escola, tendo arrebatado o primeiro
lugar na modalidade de poesia. É também tradição dessa
escola efectuar a publicação dos trabalhos vencedores.
Todavia, a colecção de poemas que constituem «O Império do
Horizonte», à semelhança das melhores colheitas deste País,
ficou a envelhecer, como que esperando esta oportunidade de
poder vir a valorizar um jornal dessa escola, incluído como
separata destacável, para prazer de todos nós. Ainda que a
veia poética possa não nos ter favorecido, isso não impede a
fruição daquele prazer que a melhor poesia em todos consegue
produzir.
Esta pequena colectânea é constituída
por dez inspirados poemas, susceptíveis de nos fazer viajar por
espaços simultaneamente nostálgicos de um passado e por um
presente em que o Ideal procura portos de abrigo, num horizonte
longínquo e fugidio, numa viagem de tempestades e calmarias, em
que o bom e o funesto se entrecruzam, constituindo esta mescla
salgada que é a Vida.
O prémio merecidamente conseguido por Rui
Grave foi, segundo confissão do mesmo, o incentivo para a
escrita e participação noutros concursos a nível nacional.
Pouco tempo depois, produziria um conjunto de quarenta poemas,
tendo por centro a figura carismática de um Cristo perante a
morte na cruz. Quarenta poemas carregados de uma subtil ironia e
de ideias que nos fazem pensar. É um trabalho que há muito
deveria ter sido impresso. Infelizmente, desígnios, que nem
sempre se alcançam, fizeram com que esses poemas continuem à
espera de um editor e de um bom ilustrador, para que todos nós
possamos ter uma obra que nos cative por duas vertentes: a das
palavras e a das imagens.
Dessa colecção de magníficos poemas
destacamos, para prazer imediato dos nossos leitores, uma
pequena amostra de cinco textos, que constituem a parte final
deste suplemento literário do jornal “Alternativas”.
Aveiro, 13 de Maio de 2002
Henrique J. C. de Oliveira