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Fabrico Tradicional do Azeite em Portugal (Estudo Linguístico-Etnográfico), Aveiro, 2014, XIV+504 pp. ©

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GLOSSÁRIO

 

– C –

 

cabaço, s. m.   O mesmo que agueiro, cocho ou coco (ver fig. 104).

cabeça, s. f. Parte superior da prensa hidráulica, também conhecida por cabeça da prensa e prato forte (ver fig. 96, nº 5).

cabeças, s. f.    1. Registado sempre na forma do plural, designa as borras do azeite.  2. Azeite misturado com aziaga.  3. Último azeite que se colhe nas tarefas e que traz água misturada.

cabeiças, s. f.    Variante fonética de cabeças.

cabeça da prensa:  Ver cabeça.

cabeça da vara: Extremidade da prensa de vara oposta àquela onde encaixa na parede e que se caracteriza por ser de maior grossura, correspondendo à raiz da árvore de que a prensa foi feita. É também conhecida por reigão – da vara (ver fig. 80, pág. 186).

cabeços, s. m.     O mesmo que cabeças.

cace, s. m.    O mesmo que caço (ver fig. 104, pág. 241).

cachorro, s. m.  O mesmo que frade.

caço, (do lat. cattia, provavelmente do grego), s. m.   Recipiente cilíndrico de folha de Flandres, munido de comprido cabo de madeira colocado obliquamente e que o pode atravessar, de dimensões variáveis, com o qual é tirada a água a ferver da caldeira, para deitar nas seiras. É também conhecido por agueiro, cabaço, cace, cocho, coco, copo, garabano, grabano, gravano, panela e trolho (ver fig. 104, pág. 241).

cagarracho, s. m. Empregado do lagar a quem compete, entre outras tarefas, tirar a azeitona da tulha com uma pá e lançá-la num cesto de vime para ser levada pela aguadeira ou boieiro para a alfarja do moinho (Bragança), encher e transportar as gamelas de massa para o enseiramento, etc.

cagulo, (do lat. cucullu-), s. m. Forma proveniente de coguIo, emprega-se sempre que as medidas são enchidas até transbordarem, evitando-se deste modo o uso da rasoira.

caixa, (do lat. capsa), s. f. Recipiente de metal, madeira ou pedra, de grandes dimensões, no qual é acumulada a massa expulsa do moinho pelas raspadeiras, também conhecido por caixão, gamela, gamelão, masseira, masseirão e tino (ver fig. 111, pág. 254).

caixa da massa   Recipiente de metal, madeira ou pedra, o mesmo que caixa.

caixão, s. m.   O mesmo que caixa.

calda, s. f. Operação que consiste em deitar água na massa das seiras, remexendo-a até a transformar num caldo líquido mais ou menos. homogéneo (ver escaldão e fig. 104, pág. 241).

caldar, v. tr.   Operação que consiste em deitar água a ferver na massa das seiras, depois de muito bem solta, sendo em seguida mexida até ficar transformada num caldo mais ou menos homogéneo. A operação de caldar realiza-se sempre depois de uma primeira prensagem a seco. (ver ainda escaldão).

Caldeação, s. f.  Operação que consiste em caldar a massa. (ver escaldão).

caldeamento, s. m. O mesmo que escaldão.

caldear, v. tr. O mesmo que caldar ou escaldão.

caldeira, (do lat. caldariu), s. f. Grande recipiente onde é aquecida a água para as caldas ou escaldão. De diversos tipos e formatos, é constituída por uma fornalha, um cinzeiro e uma chaminé, além da caldeira propriamente dita. Nas mais modernas, a água é aquecida à medida que passa na chamada zona tubular. A caldeira é também conhecida por bailarina (Coimbra) e calorífico.

caleira, s. f. Conduta pela qual é trazida do açude a água que acciona a roda do lagar (ver moinho de roda).

caleiro, s. m. O mesmo que caleira.

calorífico, (do adj. lat. calorificu), s. m.  O mesmo que caldeira.

cambão, (do celta camb), s. m. Vara comprida do moinho à qual se atrelam os animais que fazem andar as galgas, também conhecida por almanjarra, manjarra, baldão, balurdo (?) e cangão. Em certos lagares, o cambão faz deslocar as mós ou galgas por meio de uma corrente, que o liga à extremidade do eixo de uma delas. Para não se desgastar com a fricção, apresenta, em alguns lagares, um carreto cilíndrico de madeira, graças ao qual desliza quase suavemente pelo bordo (ver fig. 51, pág. 100).

canale, pal. it.   Conduta por onde sai o azeite que escorre das seiras durante a prensagem, na prensa de vara italiana (ver vara italiana e fig. 86, pág. 198).

canalis, pal. lat.   Palavra usada por Columella para indicar uma das cinco variedades de moinho, relativamente à Itália antiga.

cangão, s. m.   O mesmo que almanjarra ou cambão.

capaceta, pal. Esp.  Nome dado à seira em certas regiões de Espanha.

capacho, (do lat. cappaneu+cenacho, do ár. sannaj), s. m. O capacho é um objecto do lagar de azeite em forma de disco plano e delgado, feito de fibras vegetais ou sintéticas, sobre o qual é distribuída a massa da azeitona a fim de ser espremida na prensa. Em Espanha, o vocábulo capacho designa o que entre nós é conhecido por seira. Sobre o fabrico do capacho, ver capítulo V, pp. 154-162.

capaza, paI. esp.    O mesmo que seira.

capela, s. f. O mesmo que dobadoira – Castelo Branco.

capiforca, paI. it.   Extremidade bifurcada da prensa de vara italiana sobre a qual assenta a scrófula, esta última uma peça semelhante à concha da vara portuguesa (ver fig. 86, página 198).

carabunha, s. f.   Nome dado na região de Vila Real aos restos de caroços de azeitona que não foram ainda convenientemente triturados pelas galgas do moinho, durante a moagem.

carbunha, s. f.  O mesmo que carabunha (Bragança, P. 85).

carreiro, (de carro), s. m.   Homem que possui ou conduz o carro de bois. Compete-lhe ir ao olival buscar a azeitona, que leva para casa do dono ou directamente para o lagar. O carreiro é, muitas vezes, um empregado do lagar que, por conta deste, vai buscar a azeitona a casa do freguês. É também conhecido por ensacador e carreteiro.

carreta, (do lat. carru) s. f.    Carro metálico deslizante sobre carris para transporte da azeitona das tulhas para o lavador, também conhecido por vagona e vagoneta (ver fig. 63).

carreteiro, (de carreta e carretar), s. m.   O mesmo que carreiro e ensacador.

carreto, s. m.    1.Peça cilíndrica de madeira existente no cambão de alguns moinhos, graças à qual ele desliza quase suavemente pelo bordo, evitando que a fricção o desgaste. 2. Peça do sistema de transmissão do moinho, o mesmo que roquete.

carril, s. m.   Elemento da chamada roda de fazer corda.

carrilhe, s. m. O mesmo que carro.

carrinho, s. m. O mesmo que carro.

carro, (do lat. carru, do gaulês), s. m.   Nome dado ao pequeno veículo metálico, de formato normalmente quadrado e munido de rodas, móvel sobre carris, no qual é transportada para a prensa a coluna de seiras ou capachos. É conhecido ainda pelo diminutivo carrinho e por carrilhe e prato (ver fig. 96, nº3, e figs. 97, 109, 112 e 113).

carrocel, s. m.   Mais conhecido por carrocel do amor, é este uma espécie de caixote quadrado com rodas, que serve para levar a azeitona para o moinho, descarregando-a através de uma porta de correr (ver fig. 9 e 62).

castella, pal. it.   Conjunto de seis a doze seiras cheias de massa e acamadas na prensa, também designado por castello, fascio, compossta e concio.

castello, pal. it.   O mesmo que castella.

castelo, (do lat. castellu), s. m.   Conjunto de capachos em pilha sobre o carro, também conhecido por coluna, enseiramento e encapachamento (ver fig. 112, página 255).

cavalete, s. m.   Suporte de madeira com 1 m de altura para nele serem armadas as formas. É formado por quatro pés em V invertido, que sustentam uma barra grossa com um torno ao meio, que serve de eixo às formas (ver fig. 72).

celeiro, (do lat. cellariu), s. m.   Local onde, em certas regiões, é guardada a azeitona.

centrífica, s. f.    O mesmo que centrifugadora.

centrificadora, s. f.    O mesmo que centrifugadora.

centrífuga, s. f.    O mesmo que centrifugadora.

centrifugadora, s. f.   Máquina existente nos lagares mais modernos que permite separar automaticamente a água do azeite, conhecida popularmente por centrícia, centrífeca, centrífica, centrificadora, centrífuga. (ver cap. IX, pp.374-376.

chabelha, (do lat. clavicula), s. f.  1. O mesmo que chavelha, peça de madeira ou de ferro que se prende no cabeçalho do carro para o prender à canga ou jugo. 2. Haste de ferro que se introduz na extremidade do eixo da galga para que esta não salte fora, também conhecida por chaveta. 3. Lâmina com cerca de 10 a 20 cm de comprimento, 2 cm de espessura e dobrada na extremidade em ângulo recto, conhecida também por chabeta, chabetão, chave, trabinca e tranqueta; serve para segurar o peso ao fuso (ver figs. 81 e 82).

chabeta, s , f.   O mesmo que chabelha.

chabetão, s. m.  O mesmo que chabeta e chabelha.

charrion, (do fr. chariot), s. m.   Tabuleiro metálico com rodas deslizante sobre carris; serve para deslocar lateralmente o carro ou carrinho da prensa (ver a fig. 112).

chave, (do lat. clave), s. f.   O mesmo que chabeta.

chavelha, (do lat. clavicula), s. f.   1. Peça de madeira ou de ferro que se prende no cabeçalho do carro para o prender à canga ou jugo. 2. Haste de ferro que se introduz na extremidade do eixo da galga para que esta não salte fora, também conhecida por chaveta.

chaveta, (de chave), s. f.   Peça que se introduz na extremidade do eixo da galga para que esta não saia.

chumaceira, (de chumaço), s. f.   Espécie de almofada de madeira sobre a qual assenta o eixo da entrosga (ver entrosga).

cimeira, s. f.   Seira que, no enseiramento, fica por cima das restantes – Coimbra, P. 255.

cinchada, (de cincho), s. f. Quantidade de bagaço apertado de cada vez no cincho.

cincho, (do lat. *cinctulu, de cinctu), s. m. 1. Caixa cilíndrica com orifícios, dentro da qual se coloca o bagaço da azeitona, para se extrair ainda algum óleo. 2. Tipo de prensa de parafuso.

                   A prensa de cincho ou simplesmente cincho, é uma pequena prensa de pequenas dimensões, existente em certos lagares de azeite, para extracção de algum azeite do bagaço. Feita integral ou parcialmente de ferro, é constituída pelos seguintes elementos: uma base de pedra de forma cilíndrica, conhecida por sertã; duas placas semi-circulares que se fecham e dentro das quais é acamado o bagaço; um parafuso vertical de ferro, fixo no centro da sertã; una prensa de tipo Mabille, formada pelas seguintes elementos: um biolão, um disco dotado de orifícios junto ao bordo, duas pequenas bielas, duas cunhas de aço conhecidas também por macacos e com a forma de biseI, um esticador e uma alavanca, que se introduz na extremidade da caixa das bielas (ver figs. 87 a 92).

cinzeiro, s. m.  Parte inferior da fornalha onde cai a cinza (ver caldeira)

clamígola, s. f. Máquina construída pelas Fábricas Mecânicas Galardi, S. A., de Florença, compõe-se de um alimentador regulável, um moinho de martelos, uma caixa de recolha da massa, um extractor do azeite da pasta da azeitona e um grupo motor. Com grande capacidade de trabalho, permite extrair elevada percentagem de azeite antes de a massa ir para a prensa. (fig. 64, pág. 137)

cocho, s. m.  Recipiente cilíndrico de folha de Flandres, munido de comprido cabo de madeira colocado obliquamente e que o pode ou não atravessar, de dimensões variáveis, com o qual é tirada a água a ferver da caldeira para deitar nas seiras. (ver. caço).

coco, s. m.   O mesmo que cocho.

coculo, (do lat. cucullu), s. m.   Forma registada em Chaves para indicar que a medida é cheia até transbordar, evitando-se deste modo o uso da rasoira.

cogulo, s .m.   O mesmo que coculo.

colher, (do Iat. cochleariu), s. f.  Objecto de madeira com cerca de 60 a 80 cm; de comprimento, roliço e com uma das extremidades espalmada em forma de espátula, também conhecido, embora raramente, por meixão, e que serve para mexer a massa das seiras durante o caldeamento. (ver fig. 104, página 241).

colonne, pal. it.  Prumos verticais existentes de cada lado da vara italiana, equivalentes às virgens da vara portuguesa (ver vara italiana e fig. 86).

coluna, (do lat. columna), s. f.  1.Conjunto de capachos em pilha sobre o carro, também conhecido por castelo, enseiramento e encapachamento (ver fig. 112, p. 255). 2.As colunas são duas varas verticais paralelas, de madeira, colocadas uma de cada lado da vara, a fim de impedirem que esta decline para algum lado, também conhecidas por alçapremas, balaústes e virgens. 3.As colunas são hastes verticais de ferro que suportam a parte superior das prensas hidráulicas e algumas de parafuso. (ver fig. 96, nº1).

composta, pal. it.  Conjunto de seis a doze seiras cheias de massa e acamadas na prensa, também designado castello, castella, fascio e concio.

concio, paI. it.   O mesmo que composta e castella.

contra-mestre, s. m.  Empregado do lagar que substitui o mestre na ausência deste.

copo, s. m. 1.Concavidade existente na roda da água do moinho, também conhecida por cubo, na qual cai a água que acciona o moinho. 2.Recipiente cilíndrico de folha, com cabo comprido de madeira, com o qual é tirada a água a ferver da caldeira para deitar nas seiras (ver caço).

correame, (de correia), s. m.   Conjunto de correias mediante as quais se faz a transmissão da energia do motor para a diversa maquinaria do lagar.

cortiça, s. f.   No sentido oleícola, segundo Tavares da Silva (ver pág. 323) é o conjunto de fragmentos de polpa, amêndoa e algum azeite que, na repisa do bagaço da azeitona com a água, sobrenada.

cubo, (do lat. cubo, do gr. kubos, kybos), s. m. 1.Concavidade existente na roda da água, o mesmo que copo. 2.Caixa de pedra ou cimento por onde entra a água que, saindo sob pressão devido ao jicho ou jincho, vai bater nas penas, fazendo girar o rodízio (ver moinho de rodízio, págs. 79 a 86 e fig. 38).

cunha, (do lat. cuneu), s. f.  Peça da prensa de cincho, conhecida também por macaco (ver cincho e fig. 91, nº 7).

 

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