Henrique J. C. de Oliveira, Computador e Ensino, Viseu, 2003. |
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1 – O computador como recurso educativo audiovisual
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Quando
surge em Portugal o projecto MINERVA, são esses professores que se divertiam
com o computador e o começavam a introduzir nas aulas como recurso educativo
que são destacados pelas escolas para tomarem parte no projecto. E como
elementos do projecto, tiveram direito, na Universidade, a aulas relacionadas
com as novas tecnologias, dadas por especialistas de informática. Lembramo-nos
da discussão travada, já não nos recordamos por que motivo, entre dois
professores: um dos elementos destacados por uma escola de Aveiro e o mestre
universitário. Tendo sido perguntado aos professores-alunos das novas
tecnologias o que pensavam dos computadores, um deles disse que, segundo o seu
ponto de vista, o computador era mais um recurso audiovisual a juntar aos outros
por ele utilizados. Tal afirmação foi uma autêntica bomba, um verdadeiro
sacrilégio para o professor de informática. Vivamente protestou que não, que
o computador não era um recurso audiovisual, mas uma máquina inteligente e
sofisticada, diferente de todos os outros recursos então utilizados. Afinal,
qual deles tinha razão? Qual deles estava errado? Os
dois estavam rigorosamente certos. Apenas divergiam, porque utilizavam pontos de
vista diferentes. Nos
anos seguintes, surgiram computadores que são autênticas aparelhagens de alta
fidelidade , onde ao som se alia também a imagem. E com um computador actual,
por exemplo, com um pequeno aparelho portátil das últimas gerações, é possível
ter cinema em casa, ligando o computador ao televisor ou a um videoprojector,
podendo-se ver com excelente qualidade, quase como se estivéssemos numa sala de
cinema, DVDs com bons filmes, por exemplo, «Um senhor dos anéis», um Harry Potter
, ou os discos que, ultimamente, têm
sido publicados, com regularidade e a um preço relativamente acessível, por
alguns jornais diários. Qual
a razão, então, pela qual os dois professores estavam rigorosamente correctos?
Audiovisuais são todos os recursos que utilizam som e imagem. No sentido lato
do termo, até um simples quadro preto é um recurso audiovisual, em que a
informação é apresentada visualmente no quadro, acompanhada pela locução,
ao vivo, daquele que efectua a exposição. Mas
o computador é muito mais do que isto, é muito mais do que um retroprojector,
é muito mais do que um videogravador ou um leitor de DVD, com o qual podemos
apresentar um filme, um documentário, com objectivos de motivação ou com uma função
vicarial, por exemplo. O computador é um recurso multimédia, com uma
característica que as antigas máquinas de som e de imagem não possuíam. Essa
característica, que torna o computador um recurso educativo diferente dos
tradicionais audiovisuais é a interactividade. A par das capacidades diversificadas e quase
ilimitadas, tem o atributo da interactividade, o que o torna uma
máquina que só trabalha se entre ela e o utilizador houver uma
permanente interacção. Logo,
se nos perguntarem se o computador é mais um recurso audiovisual ao serviço do
ensino, a nossa resposta terá forçosamente de ser afirmativa, mas
acrescentando que se trata de um recurso multimédia interactivo, um recurso
que não admite a passividade do utilizador, exigindo dele uma permanente
interacção, mas dando-lhe também imensas possibilidades formativas, criativas
e até lúdicas[1]. [1]
Para uma informação mais completa a este respeito, utilizem-se os
seguintes links (hiperligações): |
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