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● Edição
sonora [\\]
Se,
na década de 1980, disséssemos a especialistas informáticos
que um computador era mais um recurso audiovisual a juntar ao
vasto leque de aparelhos já inventados e com muitos já
caídos
em desuso, seguramente nos rotulariam de ignorantes. E como
era assim que então considerávamos o computador, a hipótese
correspondeu mesmo a uma situação real.
Nos
finais dessa década, encarávamos o computador como um
brinquedo sofisticado. Era uma fonte de diversão. Brincávamos
com ele. Produzíamos programas lúdicos e didácticos numa
linguagem acessível. Era uma linguagem totalmente diferente
do chamado código-máquina, o único que o
computador verdadeiramente entende. Era uma linguagem constituída
por comandos relativamente simples em inglês, que se
aglomeravam em linhas numeradas de programação. A máquina
lia e interpretava aquelas longas listagens digitadas no
teclado e cumpria rigorosamente as ordens. E todo o programa
era pacientemente gravado em cassetes, para poder ser
recarregado mais tarde pelo computador, quando pretendêssemos
executar os programas. Precisamente nessa altura, já com
elevado número de programas escritos e rodeado por um grupo
de jovens, também eles entusiasmados pelas potencialidades da
pequena máquina preta, do tamanho de um livro de bolso e com
teclas de borracha, fomos indigitados para tomar parte no
projecto MINERVA.
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Numa
aula de programação em PASCAL, tivemos o azar de afirmar
que, do nosso ponto de vista, o computador era mais um recurso
educativo audiovisual a juntar aos outros que utilizávamos.
Foi uma bomba! Um autêntico escândalo! Um sacrilégio! O
colega da universidade protestou veementemente, que não, que
não senhor, que o computador não era um recurso audiovisual,
mas uma máquina inteligente e sofisticada, diferente de todos
os outros recursos então utilizados.
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Fig. 3: Exemplo
de software que transforma os computadores em modernas
aparelhagens de som de alta fidelidade. |
Não
contestámos o colega. O nosso ponto de vista estava correcto.
Mas o dele era igualmente válido. E os anos seguintes
trouxeram-nos computadores que constituem autênticas
aparelhagens de alta fidelidade, onde ao som se pode aliar a
imagem. E com uma placa adequada, até podemos ver os
programas de televisão directamente no monitor. E se tivermos
uma drive de DVD, um videoprojector, um bom ecrã e
colunas de som, poderemos transformar a nossa sala de estar numa
sofisticada sala de cinema, mesmo sem necessidade de
comprarmos um leitor específico.
Qual
então a divergência entre nós e o colega da universidade,
que nos estava a ensinar a linguagem PASCAL, e ficou
escandalizado com a nossa afirmação?
Audiovisuais
são todos os recursos que utilizam o som e a imagem. No
sentido mais lato do termo, até um simples quadro preto é um
recurso audiovisual, em que a informação é apresentada
grafada no quadro, acompanhada pela locução ao vivo daquele
que efectua a exposição. Mas o computador é muito mais do
que isto. Ele é uma máquina sofisticada, um extraordinário
recurso multimédia, com um atributo que as antigas máquinas
de som e de imagens então não conheciam. Enquanto os
tradicionais recursos são máquinas passivas, o computador
caracteriza-se por ser um recurso multimédia interactivo. A
par das capacidades diversificadas e quase ilimitadas, tem o
atributo da interactividade, o que o torna uma máquina que só
trabalha se se verificar uma permanente interacção entre ela
e o utilizador.
Actualmente,
com um computador, temos a possibilidade de ouvir e,
inclusive, criar a nossa própria música, se soubermos
utilizar os modernos recursos ao nosso dispor. Mesmo que não
saibamos uma nota de música, é possível copiar uma
partitura musical, seleccionar os instrumentos pretendidos e
pedir ao computador que execute a composição. E se soubermos
tocar, poderemos ligar o instrumento ao computador. E a nossa
execução ficará registada, preenchendo-se automaticamente a
partitura, que poderemos depois alterar, melhorar, completar e
reproduzir. E os ficheiros obtidos poderão ser tocados em
qualquer computador, desde que dotado de placa de som, de
colunas e de software de leitura. E estes ficheiros
poderão ser posteriormente inseridos nas nossas páginas,
permitindo uma leitura com fundo musical.
Para
produzirmos páginas para a Internet acompanhadas de sons,
teremos de conhecer os programas de edição sonora que permitem gravar os ficheiros nos formatos utilizados na rede.
Que formatos sonoros existem actualmente? E quais os
utilizados na Net?
Há
já alguns anos os discos compactos começaram a marcar o fim
dos antigos LP analógicos de 33 rotações e 1/3. Hoje, nos
começos do século XXI, esses discos, pretos e flexíveis, de
espiras concêntricas e facilmente deterioráveis, começam a
constituir peças de museu, que deveremos preservar. E, se
eles ainda estiverem num estado razoável de conservação, e
se tivermos os meios e os soubermos utilizar, poderemos mesmo
reconvertê-los para o formato digital.
Há
actualmente software sofisticado que permite efectuar a
gravação desses discos, limpá-los de ruídos indesejáveis
e, inclusive, melhorar-lhes a qualidade sonora, fazendo com
que gravações monofónicas adquiram um maior volume e uma
sonoridade mais agradável para os ouvidos actuais, habituados
a gravações estereofónicas de elevada qualidade.
Mas
os ficheiros de som usados nos discos compactos são de
elevado tamanho. São inadequados para viajarem através da
Net.
Além do formato utilizado nos CDs de música, existem
muitos outros, muito mais compactos e facilmente identificáveis
através da extensão dos ficheiros.
Para
os menos versados na terminologia informática, passamos a
explicar de que modo são identificados os programas que os
computadores utilizam. Não vamos agora aqui referir que há
muitos tipos de ficheiros, desde os que são executáveis pelo
computador até aos que não constituem mais do que um
armazenamento de dados, legíveis pelos programas. Um ficheiro
informático é constituído por duas partes: o corpo
principal ou nome que lhe foi atribuído, que não
deve ter mais do que oito caracteres (apesar dos modernos
sistemas operativos permitirem nomes bem compridos) e uma
extensão de três caracteres, separados da primeira parte por
um ponto final.
Por
exemplo, «cantiga.wav» seria o nome de um ficheiro musical ao
qual tivéssemos dado o nome de cantiga. E saberíamos que se trata de um
ficheiro sonoro graças à extensão a seguir ao ponto. Neste
caso, trata-se de um ficheiro WAVE.
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Fig. 4: Aspecto
de um ficheiro estereofónico no formato wave,
trabalhado no programa Cool Edit Pro. |
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Em
termos sonoros, podemos encontrar um elevado número de
formatos, tais como WAV (Wave), MID (Midi), VOC (Creative
Sound Blaster), MOD, MP3, etc.
A nível da Internet apenas nos interessam os formatos
wave, midi e, mais recentemente, um formato comprimido, que
veio revolucionar o mundo da música e assustar as empresas
discográficas, designado por MP3. Apenas para ficarem com uma
ideia da revolução trazida por este último formato, basta
dizer que num CD de 80 minutos se consegue comprimir,
praticamente sem qualquer perda de qualidade sonora, entre dez
a doze CDs normais de música, o que, em termos de reprodução,
nos permite ter música ininterruptamente durante mais de dez
horas. Acaso já imaginaram as vantagens deste sistema? Já se
imaginaram em viagem, de automóvel, com um rádio dotado de
um leitor de CDs capaz de ler o formato MP3? E já pensaram na
comodidade e segurança, a ouvir música durante tantas horas
sem necessidade de tirar as mãos do volante, para procurar
estações com poucas palavras e muita música? Mas saiamos da
viatura e regressemos às nossas páginas para Internet.
Para
manipulação de ficheiros de som, para lhes introduzirmos
alterações, teremos de saber trabalhar com o software
adequado. Actualmente, o número de programas é elevado, cada
um mais sofisticado que o precedente, mas todos eles exigindo
que os tenhamos instalados no computador e saibamos tirar
partido das suas potencialidades. Não vamos aqui enumerar
toda a colecção de software para tratamento de som
que temos vindo a coleccionar. Vamos apenas limitar-nos a
referir os dois programas que mais frequentemente utilizamos.
O primeiro, que consideramos entre os melhores, é o Cool Edit
Pro. É uma ferramenta complexa, que exige um estudo prévio,
mas que nos oferece elevadas potencialidades não só na área
da gravação e reconversão para digital de discos e gravações
analógicas, mas também para tratamento e reconversão de
formatos. É com ele que temos vindo a ter o prazer de
recuperar antigas relíquias em vinil e baquelite, desde
antigos discos de 78 rpm até aos mais recentes e já extintos
LP de 33 1/3 rpm, passando por formatos intermédios de 16 e
45 rpm.
Outro programa interessante é o Midisoft. É um software
relativamente acessível. Permite não apenas gravar
trechos musicais a partir de sintetizadores ligados ao
computador, mas também escrever as partituras directamente no
computador, podendo ser imediatamente executadas. Os ficheiros
obtidos com este programa têm a vantagem de ser altamente
compactos, de diminuto tamanho, o que os torna ideais para a
Internet. São os ficheiros MIDI, que encontramos
frequentemente em muitas das páginas que consultamos. Se
utilizarmos um motor de busca como, por exemplo, o Google
(www.google.com) e
digitarmos, no campo de pesquisa, as palavras «midi», «*.mid»,
obteremos, em poucos segundos, uma listagem com centenas de
ficheiros deste tipo. Há «sites» na Internet em que
os seus autores se dedicam a coleccionar e a facultar aos
interessados ficheiros destes. A
título exemplificativo, experimentem os dois endereços
seguintes e vejam os resultados:
www.geocities.com/Nashville/8769/
www.passtheshareware.com/midi.htm
Quando procuramos
ficheiros MIDI na Internet, o único problema para nós é que
a variedade é de tal modo elevada, que se torna, por vezes,
difícil seleccionar os que mais nos agradam.
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Fig. 5: Partitura
de um ficheiro midi tal como se apresenta no programa
Midisoft. Clicando na imagem desliga o som. |
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Uma
vez seleccionados os ficheiros, caso não tenhamos a
possibilidade de criar versões originais, poderemos
reeditá-los com o programa Midisoft (ou outros
similares), seleccionar entre cerca de 118 instrumentos
musicais, duplicar as pistas sonoras e distribuí-las
espacialmente, obtendo-se novos efeitos.
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