Criação de páginas com Frontpage

 
Henrique J. C. de Oliveira

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II - REQUISITOS E FERRAMENTAS DE PROGRAMAÇÃO

Em tempos remotos, um célebre pintor de nome Apeles, na mira de um maior rigor, colocou os quadros acabados de pintar à entrada da casa, de modo a que todos os passantes os pudessem  apreciar. De orelhas atentas, colocou-se escondido atrás da porta, a ouvir os comentários.

Um sapateiro remendão, que naquela ocasião por ali passava, ficou com os olhos presos nas pernas da figura representada, não tanto pela curvatura e beleza daquelas partes femininas, mas pelas correias das sandálias que as envolviam. E, em breve, pronunciados os primeiros comentários críticos às sandálias, passava da barriga das pernas às formas da esbelta figura e às pregas ondulantes das vestes que a cobriam.

Sem mais detença, que as críticas eram de leigo, saiu Apeles detrás da porta e, encarando-o olhos nos olhos, lançou-lhe as palavras que o fariam parar: «Ne sutor ultra crepidam ascendat», que é como quem diz, «Não vá o sapateiro além da chinela».

Para evitar a situação do sapateiro e a produção de sons dissonantes, arranhados nas cordas de um rabecão, é importante que quem pretenda lançar-se na produção de páginas para a Internet seja detentor de um conjunto mínimo de requisitos. Deste modo ficarão reduzidas as probabilidades de uma contribuição para o aumento da ignorância planetária.

Além da competência linguística, para que a língua utilizada não seja vilipendiada, aquele ou aqueles que, individualmente ou em grupo, vão produzir um módulo, seja ele didáctico, informativo, persuasivo, seja uma simples página pessoal, devem dominar minimamente as principais «ferramentas» informáticas. Quais?

Uma página da Internet é constituída por imagens, textos e, eventualmente, sons. Logo, importa saber utilizar «ferramentas» de:

            Processamento de texto
           
O. C. R.
           
Edição gráfica
           
Edição sonora
           
Estruturação e criação de páginas HTML


            Processamento de Texto   [\\]

As tradicionais e barulhentas máquinas de escrever, que obrigavam frequentemente a deitar folhas para o cesto de papeis e a utilizar os correctores líquidos ou em tiras de papel de goma branca, há muito deixaram de nos moer as cabeças dos dedos e as membranas dos tímpanos. Acabaram-se aquelas situações irritantes, em que arrancávamos bruscamente da máquina a folha semi-escrita e a lançávamos em forma de bola para o cesto de papeis.

Com o aparecimento dos computadores domésticos, em meados da década de 1980, começámos a escrever os nossos textos na folha virtual mostrada pelo televisor, primeiro, e pelos monitores, posteriormente. Os primeiros Spectrum’s, que armazenavam os dados em cassetes, e os Amstrads, que utilizavam duas drives com disquetes de 5 polegadas e ¼, deram lugar a computadores sofisticados, com processadores de texto por vezes tão cheios de automatismos que, não raras vezes, acabam por fazer aquilo que não pretendemos, recordando-nos as velhas irritações das máquinas de escrever. Mas, que suavidade! Não é preciso martelar com as cabeças dos dedos nas teclas. Um toque ligeiro é o bastante para que o caracter surja impresso na folha virtual do computador. E se o dicionário que acompanha o software ainda não estiver eivado de erros introduzidos por um utilizador ignorante, as probabilidades de eventuais gralhas e erros ortográficos estão significativamente reduzidas. Além do mais, os textos podem ser formatados ao gosto de cada um.

Embora os programas de criação de páginas para Internet permitam digitar directamente os textos nos campos escolhidos, não devemos dispensar as facilidades e potencialidades de um bom processador de textos. Apesar de haver tão bons ou melhores processadores (Wordperfect, p. ex.), aconselhamos a utilização do Word da Microsoft. É aquele que encontramos geralmente em todos os computadores com ambiente Windows. E é perfeitamente compatível com o programa FrontPage, que iremos aprender a utilizar, ou não fizessem ambos parte do mesmo pacote de software.

Com a utilização do Word, é possível obter textos correctamente formatados e isentos de erros. E, uma vez guardados no disco duro, podem ser copiados para o Frontpage, conservando-se, caso interesse, as formatações anteriormente definidas. Logo, o primeiro requisito de quem pretende criar páginas para Internet é o de conhecer minimamente o sistema operativo e o programa de processamento de textos.

 

            O.C.R.   [\\]

Optical Caracter Recognition é o significado da sigla OCR, o que corresponde, na língua lusitana,  a «Reconhecimento Óptico de Caracteres». O domínio de programas de OCR é fundamental, se pretendermos utilizar textos já impressos e quisermos evitar longas horas de digitação em frente do computador. Mas sempre que utilizamos textos prontos redigidos por outros, há que respeitar devidamente as autorias dos mesmos. Qualquer texto transcrito ou adaptado deve sempre ser acompanhado pela respectiva indicação bibliográfica, indicando-se correctamente a fonte e salvaguardando-se, inclusive, os respectivos direitos de autor.

Como nestas páginas formativas estamos a antever a produção de módulos didácticos ou módulos pessoais, sem qualquer interesse lucrativo ou negocial, à partida não haverá perigo de serem lesados terceiros. Todavia, há uma regra de ouro que deve ser respeitada: as fontes de informação devem ser correctamente referidas. Mesmo quando produzimos textos originais, mas em que o nosso saber teve como ponto de partida outros saberes, as fontes bibliográficas deverão ser devidamente mencionadas.

Para utilização de textos já existentes, ao que corresponderá uma substancial economia de tempo e trabalho, é necessário que o programador saiba trabalhar com o hardware e o software indispensáveis, ou seja, é necessária a utilização de um bom scanner, de preferência com elevada resolução, e um programa de OCR evoluído, de entre os quais destacamos, por exemplo, o TextBridge Classic, um dos muitos programas existentes no mercado de software. E a utilização destes dois elementos pressupõe um mínimo de conhecimentos básicos, sem os quais os resultados serão decepcionantes.

 

            Edição gráfica   [\\]

Por edição gráfica entendemos, neste caso específico, tudo quanto diz respeito à criação ou manipulação de imagens. Como uma página para Internet é constituída por textos e por diversos tipos de grafismos, que poderão ir desde simples botões de navegação a esquemas, desenhos e imagens fotográficas de elevada resolução, teremos de saber utilizar o software indispensável, quer para a manipulação dos elementos gráficos recolhidos de diversas fontes, quer para a criação de elementos originais, decorrentes da inspiração e habilidade do construtor das páginas e de acordo com os objectivos específicos.

Restringindo-nos apenas ao ambiente Windows, o que não invalida que grande parte do que aqui expomos se aplique também a outros suportes informáticos, indicamos, a título meramente exemplificativo, algumas das «ferramentas» que consideramos de maior utilidade. Das muitas actualmente existentes e que tivemos a oportunidade de testar, destacamos aquelas que se nos afiguram mais úteis, de fácil utilização e, sobretudo, com a vantagem de não ocuparem demasiado espaço no disco duro do computador. Isto é particularmente útil se ainda não possuímos computadores com discos de elevada capacidade. Se o disco é da ordem dos 200 ou 300 gigabytes, esta preocupação não se coloca. Mas se a capacidade fica muito abaixo dos 20 gigabytes, aqui a situação muda completamente de figura, uma vez que o moderno software, além de maiores potencialidades gráficas, é cada vez mais guloso e consumidor de grandes fatias de espaço livre no disco duro.

Tendo em conta os parâmetros referidos, facilidade de utilização, potencialidades e economia de espaço, destacamos os programas que se nos revelaram mais úteis e eficazes: Paint; Picture Publisher; Paint Shop Pro; Adobe PhotoShop; Corel Draw; Repligator. Muito sucintamente, vejamos o que poderemos dizer acerca de cada um.

Com o ambiente Windows vem um acessório frequentemente desprezado e de grande utilidade. Referimo-nos ao Paint da Microsoft. A tendência geral de todos quantos trabalham com computadores é a de recorrer a software mais completo e também mais complexo, desperdiçando um programa de fácil utilização e com muitas possibilidades. Estas revelam-se particularmente úteis quando se trata de produzir desenhos e esquemas básicos. Todavia, é de elevada utilidade quando temos de retocar imagens de tipo fotográfico de alta resolução. O facto de permitir grandes ampliações permite-nos retocar as imagens, mesmo fotográficas, ao nível da unidade mínima, que é o pixel. E se as versões iniciais apenas permitiam trabalhar no formato BMP, as mais recentes permitem editar e trabalhar imagens nos formatos de utilização obrigatória na Internet, ou seja, nos formatos JPEG e GIF.

Outro software que faz concorrência  a marcas mais conhecidas é o Picture Publisher da Micrografx. Nunca tivemos a oportunidade de testar a última versão, que concorre com a mais recente do Paint Shop Pro. Todavia, a que experimentámos, e à qual recorremos com bastante frequência, além de uma grande facilidade de trabalho, apresenta potencialidades gráficas consideráveis, sendo uma das quatro que conservamos instaladas no computador.

Actualmente, talvez o programa mais conhecido e mais utilizado seja o Paint Shop Pro da Jasc Software. É uma ferramenta indispensável e com elevadas potencialidades. Apresenta sobre o Corel Draw e o Adobe Photo Shop a vantagem de ocupar menos espaço, apresentando praticamente as mesmas possibilidades gráficas destes programas. Para descobrirmos todas as suas potencialidades, deveremos recorrer ao apoio das páginas de ajuda que acompanham o programa, à medida que o formos utilizando. As últimas versões têm ainda a grande vantagem de trazer um programa indispensável para a produção de imagens animadas no formato GIF.

O Adobe Photo Shop, do qual existem versões simplificadas fornecidas por algumas marcas de câmaras fotográficas digitais, é também uma excelente ferramenta, especialmente para o tratamento de imagens fotográficas. Se o desinstalámos do nosso computador, foi apenas por uma questão de recuperação de espaço.

De todas as ferramentas gráficas experimentadas, a mais complexa e também a mais potente foi o Corel Draw. Todavia, um elevado número de potencialidades exige um elevado espaço para instalação no disco duro.

Intencionalmente, deixámos para o fim um pequeno programa, facilmente obtido em regime de freeware, que se caracteriza pelo reduzidíssimo espaço que ocupa e pelas grandes possibilidades de resultados gráficos espectaculares, facilmente obtidos mesmo por aqueles que nunca tenham trabalhado com editores gráficos. Com este programa, é possível, a partir de uma simples imagem fotográfica ou de um desenho, obter elevado número de efeitos diferentes apenas com o esforço de um clique do rato. E os efeitos surpreendentes e inesperados são susceptíveis de permitir, mesmo a um leigo na matéria, imagens suficientemente capazes de valorizar graficamente uma página da Internet. Estamos a referir-nos ao programa Repligator, produzido pela Future Publishing.

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