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II - REQUISITOS E
FERRAMENTAS DE PROGRAMAÇÃO
Em
tempos remotos, um célebre pintor de nome Apeles, na mira de
um maior rigor, colocou os quadros acabados de pintar à
entrada da casa, de modo a que todos os passantes os pudessem
apreciar. De orelhas atentas, colocou-se escondido atrás
da porta, a ouvir os comentários.
Um
sapateiro remendão, que naquela ocasião por ali passava,
ficou com os olhos presos nas pernas da figura representada, não
tanto pela curvatura e beleza daquelas partes femininas, mas
pelas correias das sandálias que as envolviam. E, em breve,
pronunciados os primeiros comentários críticos às sandálias,
passava da barriga das pernas às formas da esbelta figura e
às pregas ondulantes das vestes que a cobriam.
Sem
mais detença, que as críticas eram de leigo, saiu Apeles
detrás da porta e, encarando-o olhos nos olhos, lançou-lhe
as palavras que o fariam parar: «Ne sutor ultra crepidam
ascendat», que é como quem diz, «Não vá o sapateiro além
da chinela».
Para
evitar a situação do sapateiro e a produção de sons
dissonantes, arranhados nas cordas de um rabecão, é
importante que quem pretenda lançar-se na produção de páginas
para a Internet seja detentor de um conjunto mínimo de
requisitos. Deste modo ficarão reduzidas as probabilidades de
uma contribuição para o aumento da ignorância planetária.
Além
da competência linguística, para que a língua utilizada não
seja vilipendiada, aquele ou aqueles que, individualmente ou
em grupo, vão produzir um módulo, seja ele didáctico,
informativo, persuasivo, seja uma simples página pessoal,
devem dominar minimamente as principais «ferramentas» informáticas.
Quais?
Uma
página da Internet é constituída por imagens, textos e,
eventualmente, sons. Logo, importa saber utilizar «ferramentas»
de:
● Processamento de texto
● O. C. R.
● Edição gráfica
● Edição sonora
● Estruturação e criação de páginas HTML
●
Processamento de
Texto [\\]
As
tradicionais e barulhentas máquinas de escrever, que obrigavam
frequentemente a deitar folhas para o cesto de papeis e a
utilizar os correctores líquidos ou em tiras de papel de goma
branca, há muito deixaram de nos moer as cabeças dos dedos e
as membranas dos tímpanos. Acabaram-se aquelas situações
irritantes, em que arrancávamos bruscamente da máquina a
folha semi-escrita e a lançávamos em forma de bola para o
cesto de papeis.
Com
o aparecimento dos computadores domésticos, em meados da década
de 1980, começámos a escrever os nossos textos na folha
virtual mostrada pelo televisor, primeiro, e pelos monitores,
posteriormente. Os primeiros Spectrum’s, que
armazenavam os dados em cassetes, e os Amstrads, que
utilizavam duas drives com disquetes de 5 polegadas e
¼, deram lugar a computadores sofisticados, com processadores
de texto por vezes tão cheios de automatismos que, não raras
vezes, acabam por fazer aquilo que não pretendemos,
recordando-nos as velhas irritações das máquinas de
escrever. Mas, que suavidade! Não é preciso martelar com as
cabeças dos dedos nas teclas. Um toque ligeiro é o bastante
para que o caracter surja impresso na folha virtual do
computador. E se o dicionário que acompanha o software
ainda não estiver eivado de erros introduzidos por um
utilizador ignorante, as probabilidades de eventuais gralhas e
erros ortográficos estão significativamente reduzidas. Além
do mais, os textos podem ser formatados ao gosto de cada um.
Embora
os programas de criação de páginas para Internet permitam
digitar directamente os textos nos campos escolhidos, não
devemos dispensar as facilidades e potencialidades de um bom
processador de textos. Apesar de haver tão bons ou melhores
processadores (Wordperfect, p. ex.), aconselhamos a utilização
do Word da Microsoft. É aquele que encontramos geralmente em
todos os computadores com ambiente Windows. E é perfeitamente
compatível com o programa FrontPage, que iremos aprender a
utilizar, ou não fizessem ambos parte do mesmo pacote de software.
Com a utilização do Word, é possível obter textos correctamente
formatados e isentos de erros. E, uma vez guardados no disco
duro, podem ser copiados para o Frontpage, conservando-se,
caso interesse, as formatações anteriormente definidas.
Logo, o primeiro requisito de quem pretende criar páginas
para Internet é o de conhecer minimamente o sistema operativo
e o programa de processamento de textos.
●
O.C.R. [\\]
Optical Caracter Recognition é o significado da sigla OCR, o que corresponde, na língua lusitana,
a «Reconhecimento Óptico de Caracteres». O domínio
de programas de OCR é fundamental, se pretendermos utilizar
textos já impressos e quisermos evitar longas horas de digitação
em frente do computador. Mas sempre que utilizamos textos
prontos redigidos por outros, há que respeitar devidamente as
autorias dos mesmos. Qualquer texto transcrito ou adaptado
deve sempre ser acompanhado pela respectiva indicação
bibliográfica, indicando-se correctamente a fonte e
salvaguardando-se, inclusive, os respectivos direitos de
autor.
Como
nestas páginas formativas estamos a antever a produção de módulos
didácticos ou módulos pessoais, sem qualquer interesse
lucrativo ou negocial, à partida não haverá perigo
de serem lesados terceiros. Todavia, há uma regra de ouro que
deve ser respeitada: as fontes de informação devem ser
correctamente referidas. Mesmo quando produzimos textos
originais, mas em que o nosso saber teve como ponto de partida
outros saberes, as fontes bibliográficas deverão ser
devidamente mencionadas.
Para utilização de textos já existentes, ao que corresponderá uma
substancial economia de tempo e trabalho, é necessário que o
programador saiba trabalhar com o hardware e o software
indispensáveis, ou seja, é necessária a utilização de um
bom scanner, de preferência com elevada resolução, e
um programa de OCR evoluído, de entre os quais destacamos,
por exemplo, o TextBridge Classic, um dos muitos programas
existentes no mercado de software. E a utilização
destes dois elementos pressupõe um mínimo de conhecimentos básicos,
sem os quais os resultados serão decepcionantes.
● Edição
gráfica [\\]
Por
edição gráfica entendemos, neste caso específico, tudo
quanto diz respeito à criação ou manipulação de imagens.
Como uma página para Internet é constituída por textos e
por diversos tipos de grafismos, que poderão ir desde simples
botões de navegação a esquemas, desenhos e imagens
fotográficas
de elevada resolução, teremos de saber utilizar o software
indispensável, quer para a manipulação dos elementos gráficos
recolhidos de diversas fontes, quer para a criação de
elementos originais, decorrentes da inspiração e habilidade
do construtor das páginas e de acordo com os objectivos específicos.
Restringindo-nos
apenas ao ambiente Windows, o que não invalida que grande
parte do que aqui expomos se aplique também a outros suportes
informáticos, indicamos, a título meramente exemplificativo,
algumas das «ferramentas» que consideramos de maior
utilidade. Das muitas actualmente existentes e que tivemos a
oportunidade de testar, destacamos aquelas que se nos afiguram
mais úteis, de fácil utilização e, sobretudo, com a
vantagem de não ocuparem demasiado espaço no disco duro do
computador. Isto é particularmente útil se ainda não possuímos
computadores com discos de elevada capacidade. Se o disco é
da ordem dos 200 ou 300 gigabytes, esta preocupação não se
coloca. Mas se a capacidade fica muito abaixo dos 20
gigabytes, aqui a situação muda completamente de figura, uma
vez que o moderno software, além de maiores potencialidades
gráficas, é cada vez mais guloso e consumidor de grandes
fatias de espaço livre no disco duro.
Tendo
em conta os parâmetros referidos, facilidade de utilização,
potencialidades e economia de espaço, destacamos os programas
que se nos revelaram mais úteis e eficazes: Paint; Picture
Publisher; Paint Shop Pro; Adobe PhotoShop;
Corel Draw; Repligator. Muito sucintamente, vejamos o que poderemos dizer
acerca de cada um.
Com
o ambiente Windows vem um acessório frequentemente desprezado e de grande utilidade. Referimo-nos ao
Paint da Microsoft. A tendência geral de todos quantos trabalham com
computadores é a de recorrer a software mais completo e também
mais complexo, desperdiçando um programa de fácil utilização
e com muitas possibilidades. Estas revelam-se particularmente
úteis quando se trata de produzir desenhos e esquemas básicos.
Todavia, é de elevada utilidade quando temos de retocar
imagens de tipo fotográfico de alta resolução. O facto de
permitir grandes ampliações permite-nos retocar as imagens,
mesmo fotográficas, ao nível da unidade mínima, que é o
pixel. E se as versões iniciais apenas permitiam trabalhar no
formato BMP, as mais recentes permitem editar e trabalhar
imagens nos formatos de utilização obrigatória na Internet,
ou seja, nos formatos JPEG e GIF.
Outro
software que faz concorrência
a marcas mais conhecidas é o Picture Publisher da
Micrografx. Nunca tivemos a oportunidade de testar a última
versão, que concorre com a mais recente do Paint Shop Pro.
Todavia, a que experimentámos, e à qual recorremos com
bastante frequência, além de uma grande facilidade de
trabalho, apresenta potencialidades gráficas consideráveis,
sendo uma das quatro que conservamos instaladas no computador.
Actualmente,
talvez o programa mais conhecido e mais utilizado seja o Paint
Shop Pro da Jasc Software. É uma ferramenta indispensável e
com elevadas potencialidades. Apresenta sobre o Corel Draw e o
Adobe Photo Shop a vantagem de ocupar menos espaço,
apresentando praticamente as mesmas possibilidades gráficas
destes programas. Para descobrirmos todas as suas
potencialidades, deveremos recorrer ao apoio das páginas de
ajuda que acompanham o programa, à medida que o formos
utilizando. As últimas versões têm ainda a grande vantagem
de trazer um programa indispensável para a produção de
imagens animadas no formato GIF.
O
Adobe Photo Shop, do qual existem versões simplificadas
fornecidas por algumas marcas de câmaras fotográficas
digitais, é também uma excelente ferramenta, especialmente
para o tratamento de imagens fotográficas. Se o desinstalámos
do nosso computador, foi apenas por uma questão de recuperação
de espaço.
De
todas as ferramentas gráficas experimentadas, a mais complexa
e também a mais potente foi o Corel Draw. Todavia, um elevado
número de potencialidades exige um elevado espaço para
instalação no disco
duro.
Intencionalmente,
deixámos para o fim um pequeno programa, facilmente obtido em
regime de freeware, que se caracteriza pelo reduzidíssimo
espaço que ocupa e pelas grandes possibilidades de resultados
gráficos espectaculares, facilmente obtidos mesmo por aqueles
que nunca tenham trabalhado com editores gráficos. Com este
programa, é possível, a partir de uma simples imagem fotográfica
ou de um desenho, obter elevado número de efeitos diferentes
apenas com o esforço de um clique do rato. E os efeitos
surpreendentes e inesperados são susceptíveis de permitir,
mesmo a um leigo na matéria, imagens suficientemente capazes de valorizar
graficamente uma página da Internet. Estamos a referir-nos ao
programa Repligator, produzido pela Future
Publishing.
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