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Henrique J. C. de Oliveira

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            Edição sonora   [\\]

Se, na década de 1980, disséssemos a especialistas informáticos que um computador era mais um recurso audiovisual a juntar ao vasto leque de aparelhos já inventados e com muitos já caídos em desuso, seguramente nos rotulariam de ignorantes. E como era assim que então considerávamos o computador, a hipótese correspondeu mesmo a uma situação real.

Nos finais dessa década, encarávamos o computador como um brinquedo sofisticado. Era uma fonte de diversão. Brincávamos com ele. Produzíamos programas lúdicos e didácticos numa linguagem acessível. Era uma linguagem totalmente diferente do chamado código-máquina, o único que o computador verdadeiramente entende. Era uma linguagem constituída por comandos relativamente simples em inglês, que se aglomeravam em linhas numeradas de programação. A máquina lia e interpretava aquelas longas listagens digitadas no teclado e cumpria rigorosamente as ordens. E todo o programa era pacientemente gravado em cassetes, para poder ser recarregado mais tarde pelo computador, quando pretendêssemos executar os programas. Precisamente nessa altura, já com elevado número de programas escritos e rodeado por um grupo de jovens, também eles entusiasmados pelas potencialidades da pequena máquina preta, do tamanho de um livro de bolso e com teclas de borracha, fomos indigitados para tomar parte no projecto MINERVA.

Numa aula de programação em PASCAL, tivemos o azar de afirmar que, do nosso ponto de vista, o computador era mais um recurso educativo audiovisual a juntar aos outros que utilizávamos. Foi uma bomba! Um autêntico escândalo! Um sacrilégio! O colega da universidade protestou veementemente, que não, que não senhor, que o computador não era um recurso audiovisual, mas uma máquina inteligente e sofisticada, diferente de todos os outros recursos então utilizados.  

Fig. 3: Exemplo de software que transforma os computadores em modernas aparelhagens de som de alta fidelidade.

Não contestámos o colega. O nosso ponto de vista estava correcto. Mas o dele era igualmente válido. E os anos seguintes trouxeram-nos computadores que constituem autênticas aparelhagens de alta fidelidade, onde ao som se pode aliar a imagem. E com uma placa adequada, até podemos ver os programas de televisão directamente no monitor. E se tivermos uma drive de DVD, um videoprojector, um bom ecrã e colunas de som, poderemos transformar a nossa sala de estar numa sofisticada sala de cinema, mesmo sem necessidade de comprarmos um leitor específico.

Qual então a divergência entre nós e o colega da universidade, que nos estava a ensinar a linguagem PASCAL, e ficou escandalizado com a nossa afirmação?

Audiovisuais são todos os recursos que utilizam o som e a imagem. No sentido mais lato do termo, até um simples quadro preto é um recurso audiovisual, em que a informação é apresentada grafada no quadro, acompanhada pela locução ao vivo daquele que efectua a exposição. Mas o computador é muito mais do que isto. Ele é uma máquina sofisticada, um extraordinário recurso multimédia, com um atributo que as antigas máquinas de som e de imagens então não conheciam. Enquanto os tradicionais recursos são máquinas passivas, o computador caracteriza-se por ser um recurso multimédia interactivo. A par das capacidades diversificadas e quase ilimitadas, tem o atributo da interactividade, o que o torna uma máquina que só trabalha se se verificar uma permanente interacção entre ela e o utilizador.

Actualmente, com um computador, temos a possibilidade de ouvir e, inclusive, criar a nossa própria música, se soubermos utilizar os modernos recursos ao nosso dispor. Mesmo que não saibamos uma nota de música, é possível copiar uma partitura musical, seleccionar os instrumentos pretendidos e pedir ao computador que execute a composição. E se soubermos tocar, poderemos ligar o instrumento ao computador. E a nossa execução ficará registada, preenchendo-se automaticamente a partitura, que poderemos depois alterar, melhorar, completar e reproduzir. E os ficheiros obtidos poderão ser tocados em qualquer computador, desde que dotado de placa de som, de colunas e de software de leitura. E estes ficheiros poderão ser posteriormente inseridos nas nossas páginas, permitindo uma leitura com fundo musical.

Para produzirmos páginas para a Internet acompanhadas de sons, teremos de conhecer os programas de edição sonora que permitem gravar os ficheiros nos formatos utilizados na rede. Que formatos sonoros existem actualmente? E quais os utilizados na Net?

Há já alguns anos os discos compactos começaram a marcar o fim dos antigos LP analógicos de 33 rotações e 1/3. Hoje, nos começos do século XXI, esses discos, pretos e flexíveis, de espiras concêntricas e facilmente deterioráveis, começam a constituir peças de museu, que deveremos preservar. E, se eles ainda estiverem num estado razoável de conservação, e se tivermos os meios e os soubermos utilizar, poderemos mesmo reconvertê-los para o formato digital.

Há actualmente software sofisticado que permite efectuar a gravação desses discos, limpá-los de ruídos indesejáveis e, inclusive, melhorar-lhes a qualidade sonora, fazendo com que gravações monofónicas adquiram um maior volume e uma sonoridade mais agradável para os ouvidos actuais, habituados a gravações estereofónicas de elevada qualidade. 

Mas os ficheiros de som usados nos discos compactos são de elevado tamanho. São inadequados para viajarem através da Net. 

Além do formato utilizado nos CDs de música, existem muitos outros, muito mais compactos e facilmente identificáveis através da extensão dos ficheiros.

Para os menos versados na terminologia informática, passamos a explicar de que modo são identificados os programas que os computadores utilizam. Não vamos agora aqui referir que há muitos tipos de ficheiros, desde os que são executáveis pelo computador até aos que não constituem mais do que um armazenamento de dados, legíveis pelos programas. Um ficheiro informático é constituído por duas partes: o corpo principal ou nome que lhe foi atribuído, que não deve ter mais do que oito caracteres (apesar dos modernos sistemas operativos permitirem nomes bem compridos) e uma extensão de três caracteres, separados da primeira parte por um ponto final.

Fig. 4: Aspecto de um ficheiro estereofónico no formato wave, trabalhado no programa Cool Edit Pro.

Por exemplo, «cantiga.wav» seria o nome de um ficheiro musical ao qual tivéssemos dado o nome de cantiga. E saberíamos que se trata de um ficheiro sonoro graças à extensão a seguir ao ponto. Neste caso, trata-se de um ficheiro WAVE.

Em termos sonoros, podemos encontrar um elevado número de formatos, tais como WAV (Wave), MID (Midi), VOC (Creative Sound Blaster), MOD, MP3, etc.  A nível da Internet apenas nos interessam os formatos wave, midi e, mais recentemente, um formato comprimido, que veio revolucionar o mundo da música e assustar as empresas discográficas, designado por MP3. Apenas para ficarem com uma ideia da revolução trazida por este último formato, basta dizer que num CD de 80 minutos se consegue comprimir, praticamente sem qualquer perda de qualidade sonora, entre dez a doze CDs normais de música, o que, em termos de reprodução, nos permite ter música ininterruptamente durante mais de dez horas. Acaso já imaginaram as vantagens deste sistema? Já se imaginaram em viagem, de automóvel, com um rádio dotado de um leitor de CDs capaz de ler o formato MP3? E já pensaram na comodidade e segurança, a ouvir música durante tantas horas sem necessidade de tirar as mãos do volante, para procurar estações com poucas palavras e muita música? Mas saiamos da viatura e regressemos às nossas páginas para Internet.

Para manipulação de ficheiros de som, para lhes introduzirmos alterações, teremos de saber trabalhar com o software adequado. Actualmente, o número de programas é elevado, cada um mais sofisticado que o precedente, mas todos eles exigindo que os tenhamos instalados no computador e saibamos tirar partido das suas potencialidades. Não vamos aqui enumerar toda a colecção de software para tratamento de som que temos vindo a coleccionar. Vamos apenas limitar-nos a referir os dois programas que mais frequentemente utilizamos. O primeiro, que consideramos entre os melhores, é o Cool Edit Pro. É uma ferramenta complexa, que exige um estudo prévio, mas que nos oferece elevadas potencialidades não só na área da gravação e reconversão para digital de discos e gravações analógicas, mas também para tratamento e reconversão de formatos. É com ele que temos vindo a ter o prazer de recuperar antigas relíquias em vinil e baquelite, desde antigos discos de 78 rpm até aos mais recentes e já extintos LP de 33 1/3 rpm, passando por formatos intermédios de 16 e 45 rpm.

Outro programa interessante é o Midisoft.  É um software relativamente acessível. Permite não apenas gravar trechos musicais a partir de sintetizadores ligados ao computador, mas também escrever as partituras directamente no computador, podendo ser imediatamente executadas. Os ficheiros obtidos com este programa têm a vantagem de ser altamente compactos, de diminuto tamanho, o que os torna ideais para a Internet. São os ficheiros MIDI, que encontramos frequentemente em muitas das páginas que consultamos.

Se utilizarmos um motor de busca como, por exemplo, o Google  (www.google.com) e digitarmos, no campo de pesquisa, as palavras «midi», «*.mid», obteremos, em poucos segundos, uma listagem com centenas de ficheiros deste tipo. Há «sites» na Internet em que os seus autores se dedicam a coleccionar e a facultar aos interessados ficheiros destes. 

A título exemplificativo, experimentem os dois endereços seguintes e vejam os resultados:

                                  www.geocities.com/Nashville/8769/

                                  www.passtheshareware.com/midi.htm

Quando procuramos ficheiros MIDI na Internet, o único problema para nós é que a variedade é de tal modo elevada, que se torna, por vezes, difícil seleccionar os que mais nos agradam.

Fig. 5: Partitura de um ficheiro midi tal como se apresenta no programa Midisoft. Clicando na imagem, ouvirá um ficheiro midi.

Uma vez seleccionados os ficheiros, caso não tenhamos a possibilidade de criar versões originais, poderemos reeditá-los com o programa Midisoft (ou outros similares), seleccionar entre cerca de 118 instrumentos musicais, duplicar as pistas sonoras e distribuí-las espacialmente, obtendo-se novos efeitos.

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