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O Ensino Recorrente
Prof. João Paulo
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Dois castigos sem ter de quê
Prof. H. J. C. O.
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Dia da Poesia
Entrevista a Teresa Castro
Profª Paula Tribuzi
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A família há alguns anos
Odete Nogueira, 12º Turma E
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Voltar de novo a estudar?
A. Alberto Teixeira, 12º M
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Avaliação do Ensino Recorrente
Profs. Cristina Campizes e João Paulo
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Dia da África
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Literatura Africana em Língua Portuguesa
Nilton Garrido Sec. Turma SA
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O Movimento da Negritude
Nilton Garrido Sec. Turma SA
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Poetas da Casa
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Televisão - Janela aberta para o mundo?
Trabalho de grupo Sec.
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Hora do Recreio |
Não se pode falar da
literatura africana sem se falar da "Negritude"; aliás,
esta última constitui o tema fundamental da literatura africana.
A literatura africana
de expressão portuguesa nasce de uma situação histórica
originada no século XV, época em que os portugueses (cronistas,
poetas, historiadores, escritores de viagens, homens de ciências e
das grandes literaturas europeias) iniciaram a rota de África,
continuando depois pela Ásia, Oceânia e América.
Gomes Eanes de Zurara,
João de Barros, Diogo de Couto, Camões, Fernão Mendes Pinto,
Damião de Góis, Garcia de Orta, Duarte Pacheco Pereira são alguns
nomes cujo discurso é alimentado do "saber de experiência
feito" alcançado a partir do século XV, em declínio já no
século XVII) esgotado no século XVIII. A obra de Gil Vicente
(século XVI) ou, embora escassamente, a de poetas do cancioneiros
(séculos XIV e XV) ao lado das "coisas de folgar",
foram marcadas pela expansão ao longo dos «bárbaros reinos». É
uma literatura feita pelos portugueses, fruto da aventura no
além-mar, no período renascentista, a que se denominou de
literatura dos descobrimentos.
Esta literatura,
nascida de uma experiência planetária, nada tem a ver com a
literatura africana de língua portuguesa. Este registo serve apenas
para contextualizar no passado factos relacionados com o quadro
cultural, político que século depois havia de surgir.
Com efeito, a partir
do século XV, inicia-se o processo de colonização em África, o
que condiciona, séculos mais tarde, o aparecimento de nova
literatura, a literatura colonial (1900-1939).
Em que difere a
literatura colonial da literatura dos descobrimentos?
Enquanto a literatura
dos descobrimentos se baseava no relato de viagens feito por
navegadores, escritores, comerciantes, etc.., e narrava factos
ocorridos ao longo dessas viagens, a literatura colonial retrata a
vivência dos portugueses no além-mar. Nesta literatura, o centro
do universo narrativo e poético é o homem europeu e não o homem
africano. Era uma literatura profundamente racista, onde
predominavam as ideias de inferioridade do homem negro, que
teóricos racistas, como Gobineau, haviam derramado, e para as quais
teria contribuído o filósofo Lévy Bruhl com a sua tese de
mentalidade pré-lógica. Importa dizer ainda que, nesta literatura,
a África era vista apenas como uma linda paisagem, ou um paraíso,
e o protagonista dessa paisagem era o homem europeu. Trata-se, pois,
de uma literatura caracterizada fundamentalmente pela exploração
do homem pelo homem.
É preciso dizer que
estes discursos racistas eram fruto da mentalidade da época, no
ponto de vista político-social. Todavia, houve alguns escritores
como João de Lemos (Almas Negras) e José Osório de
Oliveira (“Roteiro de África”) que tentaram
entender a mentalidade do homem negro, pois há nas suas obras uma
intenção humanística.
São precisamente as
duras e condenáveis características da literatura colonial, e os
outros factores como a criação e desenvolvimento do ensino oficial
e o alargamento do ensino particular, a liberdade de expressão, a
instalação da imprensa (a partir da década de 40 do século XIX)
que vão propulsionar o aparecimento de uma nova literatura a que se
convencionou chamar de literatura africana de expressão portuguesa.
Com efeito, alguns
anos mais tarde, após a instalação da imprensa em Angola, ocorre
a publicação do livro “Espontaneidade da minha alma”
(1949) do angolano mestiço José da Silva Maia Ferreira, o
primeiro livro impresso na África lusófona, mas não a mais antiga
obra do autor africano. Anterior a esta, há conhecimento do poemeto
da cabo-verdiana Antónia Gertrudes Pusish, "Elegia à
memória das infelizes vítimas assassinadas por Francisco de Mattos
Lobo, na noute de 25 de Junho de 1844”, publicado em
Lisboa no mesmo ano.
A literatura
africana, como um conjunto de obras literárias que traduzem uma
certa africanidade, toma esta designação porque a África é o
motivo da sua mensagem ao mundo, porque os processos técnicos da
sua escrita se erguem contra o modismo europeu e europeizante. John
chamou-a de literatura Neo-africana por ser escrita em línguas
europeias e para diferenciá-la da literatura oral produzida em
língua africana. Nesta literatura, o centro do universo deixa de
ser o homem europeu e passa a ser o homem africano.
É necessário frisar
que este tipo de literatura, chamada literatura africana de
expressão portuguesa, ganha uma nova especialização, tomando a
designação de literatura de raiz africana. Esta literatura teve a
sua origem através do confronto, da rebelião literária,
linguística e ideológica, da tomada de consciência
revolucionária a partir da década de 40 (século XIX). Importa
referir que era uma literatura dirigida particularmente aos
africanos e escrita em línguas locais em mistura com o
"português", pois o propósito era tornar a escrita
inacessível aos europeus, isto é, não permitir ao homem branco
descodificar as suas mensagens. Daí a introdução nas obras de
poetas angolanos (Agostinho Neto, António Jacinto, Pinto de
Andrade, Luandino Vieira, etc.) de palavras e frase idiomáticas em
quimbundo e umbundo, e em muitos outros autores africanos como
Mutimati Bernabé João (Moçambicano).
Esta fase vai de
meados da década de 40 até às independências (meados da década
de 70). “A vida verdadeira de Domingo Chavier” de
Luandino Vieira e “Sagrada esperança” de
Agostinho Neto são textos impregnados de marcas visíveis da
revolta política que mais se traduzem nos quatros cantos do mundo.
A literatura africana
combate o exotismo sob todas as formas, quer se apresente
recuperando narrativas tradicionais, quer utilize ritmos
significantes emprestados das culturas populares.
Nilton Garrido -
SEUC Sec - Turma SA |