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O Ensino Recorrente
Prof. João Paulo
PÁGINA 2
Dois castigos sem ter de quê
Prof. H. J. C. O.
PÁGINA 3
Dia da Poesia
Entrevista a Teresa Castro
Profª Paula
Tribuzi
PÁGINA 4
A família há alguns anos
Odete Nogueira, 12º Turma E
PÁGINA 5
Voltar
de novo a estudar?
A. Alberto Teixeira, 12º M
PÁGINA 6
Avaliação do Ensino Recorrente
Profs. Cristina Campizes e João Paulo
PÁGINA 7
Dia da África
PÁGINA 8
Literatura Africana em Língua Portuguesa
Nilton Garrido Sec. Turma SA
PÁGINA 9
O Movimento da Negritude
Nilton
Garrido Sec. Turma SA
PÁGINA 10
Poetas da Casa
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Televisão - Janela aberta para o mundo?
Trabalho de grupo Sec.
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Hora do Recreio |
No dia 21 de Março,
à noite, decorreu, no Museu da Escola, uma sessão de poesia,
organizada por Paula Tribuzi, que entrevistou Teresa Castro, autora
do livro O Dialecto da Água e Carmen!
P.T.: O que é para
ti a poesia?
T.C.: A poesia é uma
forma de sabedoria. Mas, não são os versos que fazem um poema.
Tão-pouco um poeta. Tomando a palavra como ponto de referência,
devo dizer entretanto e em abono da verdade que me comovo mais com a
prosa do que com o verso. Por isso, sei que não sou poeta, pelos
menos de modo espontâneo ou natural, e que esta ousadia meia
impelida não voltará certamente a repetir-se. De qualquer modo,
isto de artistas é como todo o resto, há os que são e os que
dizem que são...
P.T.: Quando
descobriste a poesia?
T.C: Descobri a
poesia muito tarde. A duras penas, devo acrescentar, como se fosse
demasiado prosaica, para ter alguma coisa a ver com a procura da
harmonia, da felicidade, da beleza, ou o inverso disso.
Hoje em dia, porém,
vejo poesia por todo o lado e por todos os tempos. Não a descobri;
tão-pouco a conquistei, claro. Recuperei-a, que ela sempre esteve
lá. E não me refiro apenas à poesia dos versos e das palavras,
mas também (e talvez sobretudo à poesia dos sons, das cores, do
paladar, da paciência, da presença e da ausência, do gesto, da
memória, da ciência, da natureza, do animal, etc., etc., ... da
paz e até da guerra...
P.T.: Com que
intenção escreves?
T.C.: Sou uma pessoa
que faz umas coisas com palavras como quem faz um bolo de
aniversário ao melhor amigo. São a minha capacidade de prestar
homenagem e de agradecer. São também a minha possibilidade,
legítima, de denúncia e de alguma catarse.
P.T: No teu livro
são evidentes dois universos paralelos: um interior e outro
exterior...
T.C.: Por mim, não
faço mais do que um apontamento poético, embora vigilante e
observador, recorrendo à crítica, à ironia, ou à caricatura, a
maneira mais cómoda de lidar com a infelicidade e a pequenez, a
minha e a daqueles que me rodeiam. De todo o modo, a graça é
sempre o melhor caminho para chegar ao outro. Imagens, situações e
sensações baseadas no quotidiano banal, ora risível ora trágico,
insuspeitadamente poético, fazendo pouco caso de alguns conselhos e
de alguns estilos afectadamente aticistas.
P.T.: Que significado
atribuis ao título «O Dialecto da Água»?
T.C.: Porquê o rio,
porquê o mar? Porque a água é o elemento-base e essencial de tudo
o que existe. Porque ela (e este género feminino só lhe fica bem)
é fluida, audaz, caprichosa, porque se adapta a tudo e a todos sem
contudo deixar de ser quem é. Ela purifica, transforma. Desde
pequena que ouço dizer que a Água é Fonte de Vida.
P.T.: No prólogo do
teu livro há uma referência a projectos futuros...
T.C.: Eu gostaria de
recuperar o género epistolar e as narrativas curtas. Hoje em dia,
não sinto fôlego para uma grande aventura na escrita de ficção.
Acho a vida demasiado fragmentada, para histórias intermédias...
É evidente que a
poesia está sempre por perto. Não posso, de um momento para o
outro, deixar de ser sensível às coisas que me rodeiam. Seria como
retroceder...
Entrevista de Paula Tribuzi |