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Editorial

H. Oliveira
 


PÁGINA 2

A Educação de Adultos
João Paulo


PÁGINA 3

Viagem pela Imprensa Escolar...
H. Oliveira

 

PÁGINA 4 
2 Contos tradicionais portugueses


PÁGINA 5
Debate: O Ensino de Adultos
João Paulo


PÁGINA 6

Dia da Poesia


PÁGINA 7

Adeus escudo! Viva o Euro
Cristina Campizes


PÁGINA 8
Adeus escudo! Viva o Euro (B.D.)
Emília R. Borges

 

 

PÁGINA 9
(In)Comunicação
Alcino Cartaxo

 


PÁGINA 10

Lenga-lenga
Linda Maria

 


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Para quando Arte para todos?

Claudette Albino

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Visita de Estudo - Ida ao teatro
Grupo de alunos


PÁGINA 13
Hora do Recreio

 

Para quando ARTE para Todos?

A formação artística na escolaridade tem sido quase nula em relação à massa da população escolar, pelo que há que reflectir sobre os caminhos que se podem seguir numa nova orientação deste campo do conhecimento. Apesar do problema ser discutido, a verdade é que, até ao final do século.XX, a formação artística foi um luxo de elites ou de profissionais da arte (Urraza, 1993). Foram as academias que, inicialmente dentro de um espírito liberal, serviram como meio de emancipação do artista para o elevar acima do artesanal e se tornaram "casas de cultura", na medida em que o seu objectivo foi, acima de tudo, formar/educar.

As actividades nas academias, apesar das ideias muito concretas acerca dos aspectos políticos e de organização da arte como carreira profissional, ficavam muito aquém do que era planeado. As academias de arte dominaram a política artística, a educação artística, a organização de exposições de arte, a crítica artística.

De início, tiveram por fim diferenciar o artista do artesão ao adquirir aquele estatuto académico, mas tornaram-se o meio de distinguir os artistas mais cultos e com independência material dos mais incultos e pobres. Essa diferenciação levou à destruição da unidade social dos artistas e levou a que alguns se tivessem identificado com a camada superior do público em vez de com o resto da confraria artística, conduzindo a uma solidariedade entre os artistas cultos e os círculos cultos do público, escrevendo os críticos não só para os artistas cultos mas também para os amadores de arte.

No campo económico, social e artístico, prevaleceu a desigualdade. As Academias que tinham o monopólio da instrução das Artes deixaram de o ter. Em Portugal, com a criação da Escola Técnica de Pintura e Escultura e outras escolas particulares, começou a ser leccionada instrução artística em classes nocturnas. O ensino de desenho passa a ser incluído nos programas das escolas médias superiores, entre as quais se contam as seguintes escolas portuguesas: a Aula Régia de Desenho e Figura, a Escola de Pintura da Casa Pia, a Escola de Mafra. As Conferências do Casino renovaram o ideal estético com a atracção do social na obra de arte e aqui se distinguiu Francisco José Resende, com «A camponesa de Ílhavo» e «Gente da Murtosa na Romaria da Senhora da Pedra». A arte social manifesta-se na tendência para a formação de colónias de artistas pintores e para levar estes a adaptarem-se uns aos outros no seu modo de viver. As confrarias e colónias de artistas exprimem uma tendência para a coligação e comparação, para romper com o isolamento e retirar o artista do individualismo. O modo como o artista vive a vida tende para a anarquia, para uma ordem que não é a ordem estabelecida e ao entregar-se nas mãos da arte adquire um carácter místico, quase religioso.

Flaubert (1851, I: 238) disse que "a arte é a única coisa verdadeira e boa da vida"; porém, na parte final da sua vida (1875, IV: 244), refere que "o homem não é nada, a obra é tudo", pelo que o seu conceito de artista perdeu, aqui, toda a relação com a vida.

O desenvolvimento da técnica acelera a variação da moda e origina a mania do novo, só porque é novo. A substituição rápida de artigos por outros novos, introduz um dinamismo na atitude perante a vida. Desenvolvem-se centros culturais nas cidades; as obras dos pintores representam alternância do estático e do dinâmico, do desenho e da cor, da ordem do abstracto e da vida orgânica.

No campo da formação artística, tem havido uma visão monocular pró-artista, o que terá conduzido a uma bipolarização no campo da arte: de um lado, o artista, com a sua técnica, criatividade, os seus códigos, o seu mundo; do outro, um público sem técnica, sem criatividade, sem códigos, sem motivações. Esta bipolarização tem impedido o encontro entre o público e o artista, porque não conseguem comunicar entre si.

Uma formação universalizada tem necessidade de incluir nela a formação artística, que não é independente de momentos históricos e valores sociais que se vão sucedendo. Os saberes que floresceram no campo da arte podem e devem fornecer o seu contributo para uma cultura artística. Não basta dispor de energias e capital; torna-se necessário entregar nas mãos das Escolas essas energias e esse capital (Morin, 1990) necessários à formação dos públicos. Entendemos que uma escola que dê formação artística estará vocacionada para ser motor e lugar de uma experimentação infinita de novas formas de conciliação entre o público, a arte e o artista, de novas possibilidades de coexistência, de comparticipação, de cooperação.

Claudette Albino


Escola Sec. José Estêvão

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Aveiro - Junho 2001