Pela
estrada desce a noite
Mãe-Negra, desce com ela...
Nem buganvílias vermelhas,
nem vestidinhos de folhos,
nem brincadeiras de guisos,
nas suas mãos apertadas,
Só duas lágrimas grossas,
em duas faces cansadas.
Mãe-Negra
tem voz de vento,
voz de silêncio batendo
nas folhas do cajueiro...
Tem
voz de noite, descendo,
de mansinho, pela estrada...
Que
é feito desses meninos
que gostava de embalar?...
Que é feito desses meninos
que ela ajudou a criar?...
Quem ouve agora as histórias
que costumava contar?...
Mãe-Negra
não sabe nada...
Mas
ai de quem sabe tudo,
como eu sei tudo,
Mãe-Negra!
Os teus meninos cresceram,
e esqueceram as histórias
que costumavas contar...
Muitos
partiram p'ra longe
Quem sabe se não hão-de voltar!...
Alda Lara, Poemas (Angola)