TABARDETE,
febre intensa, de mau carácter, acompanhada de erupção da pele.
TABARDILHO,
o mesmo que tabardete. Um e outro termo são de origem castelhana.
TABÚA,
espécie de caule muito delgado e verde, que por ocasião dos mastros de
S. João e de S. Pedro, se aquece nas fogueiras em honra desses santos e
depois se percute nas lajes que orlam os passêos das ruas, produzindo
grande estrondo.
TALÊGA,
saco de tecido ordinário, pequeno, empregado para se ir às lojas comprar
comestíveis, grão, feijão, toucinho, etc.
TALÊGO,
taleiga pequena, feita de pedaços de tecidos que sobejam de qualquer
peça de roupa, embora de cores e qualidades diferentes. Apesar de
pequeno, tem o diminuitivo talêguito, o que não se dá com talêga que, em
regra, não se emprega no diminuitivo.
TALlSCA,
espaço pequeno ou fisga no madeiramento duma porta ou duma janela. Creio
ser de origem castelhana.
TAMBAQUE,
metal de qualidade inferior com que se imita o ouro em objectos de
enfeite, como anéis, brincos, arrecadas e pulseiras. Por extensão,
designa também coisa sem valor, que para nada serve.
TAMBORETE,
espécie de cadeira sem costas, tendo a assento de couro lavrado. A
madeira do tamborete é de boa qualidade, pau-santo ou imitação deste.
TAPADA,
propriedade rural, relativamente pequena, a pouca distância das
povoações, cercada de muros de pedra solta. O muro, em regra, não tem
abertura permanente para entrada ou saída, derrubando-se para o efeito,
quando preciso, uma parte dele, que, depois, se torna a erguer. Há
tapadas de semeadura, de pasto e de pousio para gado, especialmente
vacum. Tem os diminuitivos tapadinha e tapadita.
TARÊA,
sova; pancadaria dada por uma pessoa a outra.
TARÊA,
porção de azeitona correspondente a três cabanejos.
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TAREFA,
talha ou vaso de barro, de paredes regularmente grossas, para guardar
azeitona de conserva, ou toucinho salgado em mantas sobrepostas.
T ARONJA,
mulher de pouco juízo, destrambelhada.
TARRAFIA,
velhacada; malandrice; partida feita a alguém com intuito de prejudicar;
maldade.
TARRAFICE,
o mesmo que tarrafia.
TARRO,
recipiente de barro ou de metal, em que se vai recolhendo o leite, à
medida que se ordenham as ovelhas.
TELHA-VÃ,
cobertura de telha sem argamassa, nem ripado que a sustente.
TENDÊRO,
negociante ambulante; o que nas feiras tem barraca para vendas de
tecidos de algodão, linho e lã.
TENLRO,
tenro, macio, mole, pouco resistente.
TENTO,
marca de jogo; número de passos que se contam no jogo de vinte até
perfazer-se o combinado previamente para se ganhar.
TENTO,
atenção, juízo, ponderação. Por exemplo, toma tento, toma atenção; tem
tento, tem juízo, procede com ponderação.
TERÇÃS,
febres palustres, que se manifestam com maior intensidade de três em
três dias.
TESTELO,
azeitona que cai da oliveira antes do varejo e da apanha do fruto.
TESTÊRO,
lenço dobrado que os homens, nos trabalhos rurais, atam em volta da
cabeça.
TESTILHÊRO,
pessoa que gosta de dizer graçolas, trocista. Suponho ser de origem
castelhana.
TESTO,
objecto de barro que serve para tapar as aberturas das panelas. Há o
ditado, toda a panela tem testo, que se aplica principalmente quando
qualquer rapaz ou rapariga, pouco considerados por quaisquer defeitos
físicos ou morais, encontra com quem casar.
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TIBORNA,
pão quente que se abre para lhe juntar sal, vinho e açúcar e se leva ao
lagar de azeite para ser ensopado em azeite, quando este está escorrendo
das ceiras premidas. Há ainda a forma tibornea.
TIGELA DE FOGO,
vaso de barro, mais largo na parte superior, no qual se faz a sopa
chamada fervida, constituída por fatias de pão sobrepostas e entremeadas
de toucinho, chouriço e carne de porco não ensacada, que pela acção do
lume se derretem. Deita-se-Ihe, depois, hortelã.
TINO,
recipiente de barro, de paredes grossas, para guardar-se o toucinho
salgado. O tino não tem cobertura de barro, mas de pano grosseiro ou de
madeira.
TISNADOS,
apodo outrora dado aos homens de Mourão e da aldeia da Luz do seu
concelho, talvez por serem de tez escura, queimada do sol.
TÍTERES,
espectáculo dado por acrobatas e palhaços ambulantes; as habilidades por
estes exibidas ao ar livre quer na praça pública, quer em recintos
privados. Sempre que há títeres, dois ou três dos títeritêros, e poucos
mais são em regra, percorrem a povoação, rufando um deles num tambor e o
outro anunciando o espectáculo nos seguintes termos: Esta tarde ai
títeres! Grande função! As mulheres a pataco, os homens a meio tostão!
TITERITÊROS;
palhaços e outros quaisquer artistas de circo. São tidos em pouca conta
e, por isso, em tom de desprezo se chama titeritêro a qualquer
indivíduo que pretenda iludir ou seja pouco honesto nos seus negócios;
intrujão.
TORNAS,
importância em dinheiro que um co-herdeiro tem de dar a outro que, nas
partilhas de bens, haja recebido menos do que lhe pertencia no seu
quinhão, para evitar-se a divisão duma propriedade rústica ou urbana, ou
de quaisquer objectos. Diz-se dar as tornas, dar de tornas. Não se
emprega no singular.
TORRÃO BLANCO,
doce feito de massa de farinha de trigo, amêndoa, ovos, ete. É muito
rijo, vende-se nas feiras e corta-se com faca batida com martelo. E o
chamado, noutros pontos do país, torrão de Alicante. O nome e o doce por
ele designado são de origem castelhana; são espanhóis os indivíduos que
os vendem.
TRABECA,
criança ladina, esperta e pouco amiga de estar quieta.
TRAFULHA,
trapalhão, embusteiro.
TRAMBECOS,
trastes, móveis ordinários.
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TRAMBELHO,
emprega-se na expressão não tem trambelho nem maravelho, que significa
não ter senso no que se diz, falar sem tom nem som, proferir palavras
disparatadas e que não vêm a propósito.
TRAVIA,
comida para os porcos comerem quando recolherem da adúa. É feita de
farelos e bagaço de azeitona amassados em água quente ou fria. Juntam-se
lhe, às vezes, algumas bolotas, cascas de melão ou melancia ou quaisquer
restos de comida caseira.
TRILHA,
vereda muito estreita; rastro de caça.
TRONCHAS,
nome dado aos naturais da aldeia da Granja, do concelho de Mourão.
TREMPE,
instrumento de ferro com três pés ou hastes verticais sobre que está
assente um círculo também de ferro e no qual se põem ao lume tigelas de
fogo, frigideiras ou outros utensílios de barro em que se faz a comida.
Há uma adivinha popular a respeito da trempe, qual é a de: qual é a
coisa qual é ela, que tem pés e não anda, tem dentes e não morde, tem
coroa e não diz missa?
TRIAGA,
excremento de gado suíno.
TRONGA,
mulher desavergonhada, de má nota, desonesta. As mulheres quando se
zangam, dirigem umas às outras este epíteto, um dos considerados mais
afrontosos.
TÚBARA,
tubérculo muito saboroso, que aparece nos terrenos arenosos ou nos
estevais. Comem-se as túbaras fritas com ovos ou cozidas com arroz; são
comida muito apreciada e vendem-se relativamente caras.
TULHA,
cubo descoberto na parte superior, que nos lagares de azeite recebe e
conserva a azeitona até esta ir à prensa. Nos celeiros também há tulhas
para trigo. A tulha é feita de tijolo, rebocada e caiada tanto interna
como externamente.
TUNA,
vadiagem. Assim, andar à tuna, quer dizer ser vadio, não gostar de
trabalho, andar arredio de casa.
TUNANTE,
velhaco; pessoa de poucos escrúpulos.
TUNO,
o mesmo que tunante. Tuna, tunante e tuno, considero-os de origem
castelhana. |