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Artes - Letras - Ciências
Suplemento do n.º 261 do "Litoral"
Outubro de 1959, Ano I, n.º 2
págs. 1, 2 e 4

Suplemento n.º 2


     Sumário    

Tragédia e Comédia
Alberto Pimenta

A última Aventura de Júlio Verne
Mário Sacramento

Pequeno Romance de um Rio
Antunes da Silva

João Afonso de Aveiro acompanhou...
António Christo

Poesia versus versos
José Palla e Carmo

Poemas:
Dinis de Ramos
Amândio Sereno

2 Inéditos de J. Magalhães Lima

Prolegómenos da História d'Arte
António Manuel Gonçalves

12 Unidades sobre o País de Gales
Ilídio Sardoeira

Uma Perdida no Céu
Frederico de Moura

Crítica
Jorge Mendes Leal
Joaquim Correia

Biblioteca Municipal
Luísa da Costa

Fac-símiles

 

TRAGÉDIA e COMÉDIA

conceitos e realizações

ensaio de ALBERTO PIMENTA
 

A existência dos dois géneros (Tragédia e Comédia) tem sido justificada, no plano da construção, pela ideia ou pelo fim, no plano da realização, pela forma ou pelo processo; assenta-se normalmente em que o plano de construção da Tragédia diverge do da Comédia no desenvolvimento Interior da ideia e na diversidade do fim, e, consequentemente, em que o    plano de realização da Tragédia diverge do da Comédia no desenvolvimento exterior da ideia (forma) e no processo histriónico escolhido (processo particular aplicado). Mas, como TEATRO é designação usada para uma expressão artística que, através de vários processos construtivos, se manifesta por vários sucessos de realização, a construção de uma peça, em Teatro, é apenas um momento da realização, e, /página 2/ portanto, para se atingir um conceito de género dentro de tal medida, interessa apenas a realização conjunta, total e final, tomada a partir dos efeitos determinados (os efeitos determinantes interessam só à apreciação).

Ora, Comédia e Tragédia são géneros que só abusivamente cabem dentro dos quadros da análise literária, porque não são totais pela ideia e pela palavra; enquanto Poesia e Romance se acabam precisamente em ideia e palavra, estas, na Tragédia e na Comédia, são elementos carecendo de vida pela forma, uma forma que os conduz e que nunca deve ser conduzida por eles. Comédia e Tragédia são géneros que, portanto, não cabem dentro de conceitos antagónicos, porque, como elementos contributivos, contribuiriam então para a dispersão, e, porventura, para o aniquilamento da arte que servem. Uma arte é uma unidade, e, com mais ou menos parcelas, mais ou menos irisada, não deixa de ser uma unidade válida; ora, a unidade pode atingir-se por caminhos diferentes ou por somas de parcelas diferentes, mas nunca por caminhos ou somas de parcelas divergentes – e por isso nos encontramos no momento de análise conceptual que exclui a divergência:

— Tragédia é a realização-em-Teatro dada através de uma sublimação de atitudes interiores e de uma consumação da acção.

— Comédia é a realização-em-Teatro dada através de uma reprodução de atitudes exteriores e de uma interrupção da acção.        

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artes letras ciências

Orientadores e Colaboradores

António Brásio António Christo Augusto Sereno Carlos de Morais Costa e Melo David Christo Eduardo Cerqueira Frederico de Moura Gaspar Albino João Artur Trindade Salgueiro João Sarabando Joaquim Correia Jorge Mendes Leal José Marmelo e Silva José Penicheiro José Pereira Tavares Luís Regala Mário da Rocha Mário Sacramento Pinto da Costa Vasco Branco

 

 

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