O Português, cuja origem e evolução vimos no capítulo anterior, é actualmente uma das línguas mais
espalhadas pelo mundo inteiro. É falado por cerca de 150 milhões de
pessoas, repartidas por diferentes regiões.
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Figura 40:
Línguas mais faladas no mundo: Chinês 23 %, Inglês 9 %, Russo 6 %,
Espanhol 5 %, Português 3,5 %, Francês 2 %, restantes línguas 49,5
%. |
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Segundo a Association pour le Développement des Études
Portugaises et Brésiliennes de Paris, o
é a quinta língua mais falada no mundo. Segundo as estatísticas (veja-se
o gráfico da figura 1), é o
a primeira língua mais falada a nível mundial, seguindo-se-lhe o
,
que se tornou uma língua de comunicação internacional. Em terceiro e
quarto lugar temos respectivamente o
e o ,
seguindo-se depois o Português. Na globalidade das línguas faladas em
todo o mundo, o Português equivale a uma percentagem de 3,5 %.
A nível do Continente Africano, o Português é uma das três línguas mais
importantes. É a língua oficial dos novos
países africanos,
antigas colónias portuguesas, tornados independentes a partir de 1974:
Cabo Verde, Guiné,
S. Tomé e Príncipe,
Angola
e
Moçambique[1].
Na metade sul do Continente Americano, podemos dizer que o Português é a
língua de quase metade da população, uma vez que o
ocupa 43 por cento da área total do continente.
Com o elevado surto migratório iniciado na década de 60 para os
diferentes países da Europa, o Português tornou-se conhecido em
diferentes países. Por exemplo, na França é hoje a segunda língua mais
falada.
Por esta mesma altura, houve também um elevado surto de emigração para a
América do Norte, sobretudo das regiões nortenhas de Portugal ─ Minho e
Trás-os-Montes ─ e dos Açores. Nos
Estados Unidos, a colónia portuguesa
ascende já a cerca de um milhão de pessoas, vivendo cerca de dois
terços na Califórnia e em Massachussets. Além de conservarem o
português de origem, constituem verdadeiras colónias portuguesas, tendo
mesmo jornais e programas de rádio e televisão em língua portuguesa.
Esta elevada
difusão no mundo actual fez com que o Português seja estudado como
língua estrangeira em diversos países, nomeadamente em Espanha[2],
França, Inglaterra, Bélgica, Itália, Roménia, Alemanha, Rússia, China,
Israel e Estados Unidos da América.
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ÁREA
LINGUÍSTICA DO PORTUGUÊS |
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EUROPA |
ÁFRICA |
AMÉRICA |
ÁSIA |
OCEÂNIA |
Língua Nacional |
Portugal Continental
Regiões Autónomas
(Açores e Madeira)
Comunidades de
Emigrantes em diversos países europeus |
Cabo Verde
Guiné
S. Tomé e Príncipe
Angola
Moçambique |
Brasil |
Macau
(Região Autónoma) |
|
Variedades Regionais
(Dialectos e crioulos) |
Portugal
Regiões Autónomas (Açores
e
Madeira)
|
Cabo Verde
Guiné
S. Tomé e Príncipe
Angola
Moçambique |
Brasil |
Índia
Ceilão
(Indo-Português)
Java e Malaca
(Malaio-português)
Bornéu |
Timor |
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Figura 41:
Área
linguística do português actual. |
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Os quadros das figuras 41 e 42 permitem-nos fazer uma ideia mais precisa
da área linguística do Português,
que abrange os cinco continentes, quer como língua nacional, quer como
variedades regionais, dialectais e crioulos.
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Figura 42:
Distribuição da área linguística portuguesa. Antes de consultar a
nota de rodapé, procure identificar os países ou regiões assinaladas
de 1 a 13. |
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Vemos que o
Português é falado como língua nacional em quatro continentes[3]:
na Europa, em Portugal continental, regiões autónomas e em diferentes
comunidades de emigrantes, espalhadas por vários países; em África, nos
países de língua oficial portuguesa; na América, no vastíssimo
território do Brasil; na Ásia, na região autónoma de Macau.
Como variedades regionais, dialectais e crioulos, o Português ocupa os 5
continentes. Além de inúmeras variedades regionais, a que se dá o nome
de
falares,
e de
quatro dialectos,
em Portugal continental e regiões autónomas, o Português deixou
vestígios no resto do mundo. Em África, nos novos países de expressão
portuguesa, ao lado do português padrão e oficial, encontramos os
chamados
crioulos.
Na
Índia,
onde outrora os portugueses tiveram diversos territórios ─
Goa,
Damão
e
Diu
─ , bem como em
Ceilão,
existem vestígios do português (o
indo-português).
Em Goa, actualmente, procura-se organizar uma associação para defesa da
cultura portuguesa e para conservação dos vestígios e do património
histórico português que ainda subsiste.
Em
Malaca,
fala-se ainda um Português sui-generis, no estilo do século XVI.
Aqui vive uma comunidade muito ligada à vida do mar, de origem
portuguesa, que conserva ainda os apelidos portugueses e um português
com características próprias, designado pela expressão
malaio-português.
Relativamente a
Macau,
existe actualmente a
Fundação do Oriente,
que visa a defesa da herança aí deixada pelos portugueses. Dentro de
alguns anos, a administração do território será entregue à China. Como o
idioma português apenas é falado por cerca de 5 % dos habitantes,
poder-se-á talvez adivinhar o que lhe irá acontecer no futuro, a menos
que a sua preservação seja devidamente salvaguardada.
DIFERENTES ASPECTOS DE ANÁLISE DO DISCURSO
Vimos já, em capítulo anterior,
o que se entendia por
discurso. Dissemos então que o vocábulo poderia ter diferentes acepções
consoante as correntes e pressupostos inerentes a cada estudioso.
Vimos que discurso é a realização individual da língua através do
acto de fala ou, como dizia Tatiana Slama-Casacu, então referida, é a «realização
verbal do processo da comunicação», é o «acto de utilização
individual e concreto da língua no quadro do processo complexo da
linguagem.»
Se consultarmos um dicionário de linguística, verificaremos que, para
além da primeira definição por nós apresentada
─
linguagem em acção, praticada por cada sujeito falante no acto
comunicativo
─
, poderemos encontrar outras formas mais complexas de considerar o
discurso. Numa acepção linguística moderna, discurso designa todo
o enunciado superior à frase, obedecendo a um conjunto de regras que
permitem a coerência e o desenvolvimento lógico das diferentes frases
que compõem um determinado enunciado, um dado texto. Não nos esqueçamos
que todo o acto de fala gera textos, mais ou menos longos, constituídos
por uma ou várias frases que se sucedem segundo um encadeamento lógico e
coerente.
Segundo
Émile Benveniste,
o
discurso,
que tem como unidade linguística a frase, caracteriza‑se por uma
enunciação, que pressupõe a existência de um emissor e de um receptor e
uma vontade do primeiro influenciar de algum modo o segundo.
Há no entanto formas de discurso em que os sujeitos emissor e receptor
─
o eu e o tu
─
se encontram ausentes, como no caso do
discurso pedagógico,
em que apenas se encontra a terceira pessoa.
Assim sendo, se o discurso é todo o enunciado produzido durante o
acto de fala por um sujeito falante, no acto comunicativo poderemos
identificar discurso com texto, seja ele oral ou escrito, e, como tal,
analisá-lo tendo em conta toda uma série de aspectos:
· segundo as pessoas accionadas no processo da enunciação linguística;
· segundo a forma de transcrição do enunciado ou modo de enunciação;
· segundo o estrato social do sujeito falante ou a situação em que
ocorre a enunciação;
· segundo a forma de realização, oral ou escrita;
· segundo o grau de elaboração do discurso;
· segundo o modo de expressão desse mesmo discurso.
Possivelmente, poderemos ainda analisar o conceito de discurso segundo
outras perspectivas, que não têm para nós interesse, como é, por
exemplo, uma perspectiva psicológica ou, mais rigorosamente,
psicanalítica. Está neste caso o estudo de
Jacques Lacan,
psicanalista francês, que estudou as regras do discurso ou processos
discursivos tendo em conta a função e o campo da linguagem em
psicanálise.
O quadro da figura 43, ainda que passível de crítica, tem a vantagem de
nos apresentar, de forma clara, alguns dos diferentes aspectos que
teremos de abordar para um conhecimento adequado da língua que
utilizamos nas suas várias formas de realização.
Será com base nos elementos do quadro referido, embora não
obrigatoriamente por essa ordem, que iremos analisar os diferentes
aspectos, de acordo com uma sequência que nos pareça mais lógica e
partindo de conhecimentos mais amplos para mais específicos e técnicos.
|
Segundo as pessoas accionadas no processo da
enunciação linguística |
Discurso de 1ª pessoa
Discurso de 2ª pessoa
Discurso de 3ª pessoa
Discursos híbridos |
Quanto à forma de transcrição do enunciado ou
modo de enunciação |
Discurso directo
Discurso indirecto
Discurso indirecto-livre |
Quanto ao estrato social ou situação em que
ocorre o discurso |
Níveis ou registos de língua
Dialectos e falares
Crioulos
Português do Brasil |
Quanto à forma de realização do discurso |
O oral
O escrito |
Quanto ao grau de elaboração do discurso |
O literário
O não literário |
Quanto ao modo de expressão |
Descrição
Narração
Diálogo
Monólogo/efusão lírica |
Quanto aos tipos de mensagem verbais |
Orais: informação, relato, saudação, sugestão,
ordens, etc.
Escritos: relatório, acta, carta, dissertação,
etc. |
|
|
|
Figura
43: Quadro com os diferentes aspectos de análise do discurso. |
|
DISCURSO ORAL E DISCURSO ESCRITO
Vivendo o Homem em comunidade, a necessidade de troca de ideias, de
comunicação, tornou‑se desde logo um factor indispensável para o
nascimento de uma faculdade nova entre esta espécie animal, mais
evoluída e dotada de capacidades intelectuais superiores: a
linguagem. Vimos em textos anteriormente transcritos como alguns
linguistas procuraram explicar, de modo lógico e verosímil[4],
o aparecimento da linguagem, actividade
cultural e finalística que tem por objectivo a comunicação, e,
consequentemente, numa primeira etapa, a linguagem falada, constituída
por uma complexidade de processos, de mecanismos e de meios expressivos.
Com a multiplicação das diferentes sociedades humanas e com o volver dos
tempos, com uma sucessão de gerações diferentes e cada vez mais
evoluídas, foram surgindo os diferentes códigos linguísticos,
as diferentes línguas, durante muitos séculos apenas utilizadas entre os
diferentes membros de uma comunidade no plano da oralidade e
transmitidas de pais para filhos, perdendo algumas unidades
significativas, caídas em desuso, mas sempre aumentando cada vez mais o
património cultural comum com novos vocábulos e novas capacidades de
expressão de vontades, de sentimentos e de ideias cada vez mais
complexas.
Mas esta comunicação oral, apesar de todas as suas características, que
a tornam o meio ideal de comunicar, apresenta, no entanto, as suas
desvantagens: é não só volátil, isto é, perde‑se facilmente, como exige
a presença dos sujeitos falantes. Daí que, a partir de certo momento, o
Homem tenha sentido a necessidade de tornar as suas mensagens mais
duradouras e eficazes, criando um sistema de comunicação que
habitualmente designamos por
código escrito.
A passagem do domínio do oral para o escrito não se processou facilmente
de um dia para o outro. A comunicação entre indivíduos, sem a
necessidade da sua presença frente a frente, através da mensagem
escrita, conheceu um lento processo evolutivo até alcançar as
características da actual comunicação escrita.
Muitos pensadores se debruçaram já sobre o problema das origens da
escrita, procurando explicar mesmo as causas do seu aparecimento. Não
precisamos de recorrer à Antiguidade greco‑latina para darmos exemplos
dessa reflexão. Bastar‑nos‑á lermos alguns escritores medievais
portugueses. Todos são unânimes num aspecto: a necessidade não só de
comunicar na ausência de um interlocutor, mas sobretudo o desejo de
guardar para as gerações vindouras os conhecimentos que iam sendo
gradualmente adquiridos e que, sem a sua fixação pela escrita, ficariam
irremediavelmente perdidos. Recorde‑se, a título exemplificativo, o
texto transcrito do
Prólogo do
Livro da Montaria
de D. João I[5].
Em tempos muito remotos, o Homem procurava já registar para a
posteridade os factos mais significativos da sua vida, gravando nas
paredes das cavernas as suas façanhas de caça. Desde esta forma
primitiva de
escrita figurativa
ou
pictográfica
até à escrita actual vai um salto de gigante, passando por várias formas
intermédias de escrita: em caracteres hieroglíficos, depois
simplificados para maior rapidez de escrita; em caracteres cuneiformes,
escrita ainda mais sintética e complexa; em caracteres alfabéticos,
reproduzindo mais ou menos os sons e a linearidade da cadeia fónica[6].
Podemos dizer que o
código escrito
é uma representação da língua falada por meio de sinais gráficos. É,
segundo os linguistas, um código de comunicação de segundo grau
relativamente ao código oral, que será do primeiro grau. Enquanto
o
código oral
se desenvolve no tempo e se perde
─
a menos que usemos os meios modernos de registo do som
─,
a escrita tem um suporte material que permite conservá‑la e que
possibilita uma comunicação diferida, capaz de vencer a barreira do
tempo, podendo conservar‑se através das gerações.
Estamos já a ver que entre o
código oral e o escrito
há toda uma série de diferenças bastante apreciáveis, diferenças essas
que iremos procurar analisar.
A expressão «língua
escrita»
ou «código
escrito» pode ter dois sentidos diferentes. Numa primeira acepção, o
código escrito é o conjunto de formas específicas que se utilizam quando
escrevemos, quando redigimos um texto com determinadas características
estilísticas, como é o caso, por exemplo, dos textos literários.
Obtêm‑se deste modo textos cujo nível se opõe a uma linguagem familiar
ou a uma linguagem popular. Numa segunda acepção, a língua escrita pode
ser entendida como a transcrição do código oral ou falado. Quer
encaremos o código escrito no primeiro, quer no segundo sentido, a
realidade é que se estabelecem desde logo diferenças entre as duas
formas de realização da língua.
A primeira grande diferença ressalta desde logo a partir da própria
substância fónica ou gráfica com que o acto comunicativo se realiza. A
língua falada
apoia‑se numa substância de carácter sonoro,
constituída por unidades de sentido a que damos o nome de
sintagmas,
unidades estas que são pronunciadas segundo uma determinada entoação, um
determinado ritmo, com pausas mais ou menos prolongadas e acompanhadas,
muitas vezes, de um código comunicativo secundário que ajuda a reforçar
o primeiro
─
a linguagem gestual.
A
língua escrita
ou, melhor dizendo, o
código
ou discurso escrito,
apoia‑se numa substância gráfica, de carácter visual, cuja unidade
gráfica é a palavra. Perde características inerentes ao código oral,
como a entoação, o ritmo e suportes comunicativos complementares (caso
da linguagem gestual),
utilizando como compensação um conjunto de sinais auxiliares
─
as notações léxicas ou sinais ortográficos e os sinais de pontuação[7].
Além destas diferenças a nível da substância, o código ou discurso oral
exige a presença dos sujeitos que comunicam, tornando‑se
consequentemente a transmissão e a recepção quase simultâneas. É também
mais espontâneo, menos reflectido, acompanhado de marcas fáticas,
apresenta frequentemente repetições desnecessárias e exige uma atenção
imediata e permanente do receptor; caso contrário, gerar‑se‑ão situações
de ruído pela não compreensão da mensagem.
O código escrito utiliza normalmente um vocabulário e estrutura mais
complexos, tornando‑se por isso menos espontâneo e mais reflectido.
Apresenta uma maior estabilidade e possibilidade de difusão, permitindo
um contacto com a mensagem tantas vezes quantas o leitor desejar. Não
há, pois, o perigo do receptor deixar de captar a mensagem por falta de
atenção, podendo este tomar contacto com o conteúdo do texto quando e
tantas vezes quantas quiser. Deste modo, pode desafiar a barreira do
tempo, podendo‑se perpetuar através dos anos.
O quadro da figura 44 apresenta‑nos, de modo sistematizado e bastante
completo, as diferenças entre o discurso oral e o discurso escrito,
dispensando‑nos quaisquer comentários.
|
DISCURSO (CÓDIGO) ORAL |
DISCURSO (CÓDIGO) ESCRITO |
· Locutor e ouvinte têm de estar presentes
· A emissão e a recepção são quase simultâneas,
desenrolando-se no tempo
· É volátil, perdendo-se no espaço uma vez
emitido
· Possibilidade de alternância da situação
emissor-receptor
· O discurso é espontâneo e irreversível, não
sendo possível corrigir sem apresentar a mensagem de outra forma
· Sintaxe simplificada, frases inacabadas,
repetições, quebras sintácticas, recursos estilísticos reduzidos
ou nulos, adjectivação pobre, etc.
· Léxico fundamental, com palavras fáticas pelo
meio para manter o contacto
· Igualdade do contexto espaço-temporal para
emissor e receptor
· Alusão explícita ou implícita aos referentes
situacionais
· Recurso à entoação, às pausas, aos acentos de
insistência, ao ritmo e à linguagem gestual
· Mensagens mais curtas e simples |
· O codificador do texto não necessita de estar
em presença do leitor
· O intervalo entre a codificação da mensagem e a
leitura pode ser mais ou menos longo, uma vez que a comunicação
é diferida
· É estável, podendo perpetuar-se, passando de
geração em geração
· A alternância da situação emissor-receptor
torna-se mais demorada e mais difícil, sendo mesmo
frequentemente impossível
· O codificador da mensagem tem tempo para
reflectir, podendo seleccionar o vocabulário e compor o discurso
· Sintaxe elaborada, frases complexas, repetições
desnecessárias inexistentes, frases sintacticamente correctas,
recursos estilísticos em maior ou menor grau, maior
adjectivação, etc.
· Léxico mais escolhido, podendo apresentar
sinónimos, vocábulos usados menos frequentemente
· O contexto situacional está ausente, podendo ou
não ser descrito pelo emissor
· Os referentes situacionais têm de ser descritos
· Recurso aos sinais de pontuação e de acentuação
· Mensagens mais longas e complexas
|
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Figura 44:
Quadro com as diferenças entre o código oral e o código escrito. |
|
Sugestão de trabalho
12
1
- Leia atentamente o texto de
Almada Negreiros,
«História
das Palavras».
HISTÓRIA DAS PALAVRAS
As mulheres e os homens estavam espalhados pela Terra. Uns estavam
maravilhados, outros tinham-se cansado. Os que estavam maravilhados
abriam a boca, os que se tinham cansado também abriam a boca. Ambos
abriam a boca.
Houve um homem sozinho que se pôs a espreitar esta diferença
─
havia pessoas maravilhadas e outras que estavam cansadas.
Depois ainda espreitou melhor: todas as pessoas estavam maravilhadas,
depois não sabiam aguentar-se maravilhadas e ficavam cansadas.
As pessoas estavam tristes ou alegres conforme a luz para cada um
─
mais luz, alegres
─
menos luz, tristes.
O
homem sozinho ficou a pensar nesta diferença. Para não esquecer, fez uns
sinais numa pedra.
Este homem sozinho era da minha raça
─
era um
Egípcio!
Os sinais que ele gravou na pedra para medir a luz por dentro das
pessoas, chamaram-se hieróglifos.
Mais tarde veio outro homem sozinho que tornou estes sinais ainda mais
fáceis. Fez vinte e dois sinais que bastavam para todas as combinações
que há ao Sol.
Este homem sozinho era da minha raça
─
era um
Fenício.
Cada um dos vinte e dois sinais era uma letra. Cada combinação de letras
uma palavra.
José de ALMADA NEGREIROS, in Obras Completas
Agora, que acabou de ler atentamente o texto de Almada Negreiros,
procure responder às seguintes questões:
1 - A cada um dos dois primeiros parágrafos, o Autor faz corresponder
dois tipos de homem:
1.1 - Caracterize-os;
1.2 - Indique qual o que lhe parece ter contribuído para uma evolução
dos conhecimentos, justificando adequadamente a sua opção.
2 - «Para não esquecer, fez uns sinais numa pedra». Esta frase documenta
um momento importante na área da comunicação:
2.1 - Demonstre-o;
2.2 - Releia a nota 7 (pág. 9) e indique qual a etapa a que corresponde,
tendo em conta a classificação de M. Cohen.
3 - «Mais tarde veio outro homem sozinho que tornou estes sinais ainda
mais fáceis.» (l. 17):
3.1 - Indique as grandes vantagens deste novo sistema.
3.2 - Identifique a etapa correspondente, tendo em conta a classificação
de M. Cohen anteriormente referida.
4 - No texto de Almada Negreiros são referidas algumas das grandes
vantagens dos sistemas inventados pelos «homens sozinhos»:
4.1 - Identifique as vantagens explicitadas no texto;
4.2 - Procure (oralmente ou por escrito) recordar as diferenças entre os
dois tipos de registo (ou códigos) implícitos no texto. No final,
compare e complete o seu trabalho recordando as ideias expressas no
quadro da figura 44.
5 - Recorde o conceito de palavra (ou de signo linguístico) que estudou
no vol. I e procure classificar as 10 palavras do texto transcritas no
quadro, tendo em conta:
5.1 - O número de sílabas;
5.2 - A acentuação.
|
maravilhados - também - sozinho - esquecer -
Egípcio - hieróglifos - fáceis - combinações - gravou - Sol |
|
|
2
‑ Leia atentamente o texto que a seguir se transcreve, extraído da obra
de
Ferdinand de Saussure,
Curso de Linguística Geral, pp. 56‑59:
PRESTÍGIO DA LÍNGUA
ESCRITA
E CAUSAS DO SEU
ASCENDENTE SOBRE A FORMA FALADA
Língua e escrita são dois sistemas de sinais distintos; a única razão de
ser do segundo é representar o primeiro; o objecto linguístico não é
definido pela combinação da palavra escrita e da palavra pronunciada;
esta última constitui, por si só, esse objecto. Mas a palavra escrita
mistura‑se tão intimamente com a palavra pronunciada de que é imagem que
acaba por usurpar o papel principal; acaba‑se por dar tanta importância
à representação do signo vocal do que ao próprio signo. É como se se
acreditasse que, para conhecermos alguém, mais vale olhar uma fotografia
do que um rosto.
Esta ilusão existiu sempre e as opiniões correntes sobre a língua são
desvirtuadas por ela. Assim, muitos acreditam que um idioma se altera
mais rapidamente quando não há escrita; nada mais falso. A escrita pode,
em certas condições, atrasar as modificações de uma língua, mas a sua
conservação não fica de modo nenhum comprometida pela ausência da
escrita. O
lituano,
que se fala ainda hoje na Prússia oriental e numa parte da Rússia, só é
conhecido por documentos escritos a partir de 1540; mas nesta época
tardia ele dava, em globo, uma imagem tão fiel do
indo‑europeu
como o latim
do século III antes de Cristo. Só isso chega para mostrar como a língua
é independente da escrita. (...)
Mas como se explica este prestígio da escrita?
1º
‑ A imagem gráfica das palavras surge‑nos como um objecto permanente e
sólido, mais próprio do que o som para constituir a unidade da língua
através dos tempos. Pode este laço ser superficial e criar uma unidade
puramente factícia: ele será sempre mais fácil de apreender do que o
laço natural, o único verdadeiro, o do som.
2º
‑ Para a maioria dos indivíduos as impressões visuais são mais nítidas e
mais duradouras que as imagens acústicas; por isso dão normalmente mais
importância às primeiras. A imagem gráfica acaba por se impor com
prejuízo do som.
3º
‑ A língua literária aumenta ainda a imerecida importância da escrita.
Ela tem os seus dicionários, as suas gramáticas; é a partir do livro e
pelo livro que se ensina na escola; a língua aparece regulada por um
código; ora este código é, ele mesmo, uma regra escrita, submetida a um
uso rigoroso
─
a ortografia. Eis o que confere à escrita uma importância primordial.
Esquecemos que se aprende a falar antes de se aprender a escrever, e
invertemos a relação natural.
4º
‑ Por fim, quando há um desacordo entre a língua e a ortografia, só o
linguista consegue resolver a questão; mas como este não tem voto na
matéria, a forma escrita toma fatalmente o primeiro lugar porque uma
solução que assenta nela é sempre mais fácil; a escrita consegue assim
uma importância a que não tem direito.
FERDINAND DE SAUSSURE, Curso de Linguística Geral, Lisboa,
Publicações D. Quixote, 1971, pp. 56‑59.
1.1 ‑ Efectue a síntese das ideias do texto.
1.2 ‑ Consulte atentamente o quadro da figura 44.
1.3 ‑ Estabeleça uma relação entre o texto acima transcrito e os
elementos apresentados no quadro da figura 44.
2 ‑ Como trabalho prático, efectue a seguinte experiência: com um
gravador, registe uma conversa ocasional entre si e um amigo ou entre
amigos seus conhecidos. Em seguida, efectue a transcrição para uma folha
de papel, procurando reproduzir o mais fielmente possível o conteúdo do
registo magnético: as ideias, as hesitações e pausas no diálogo, as
entoações, etc., de tal modo que a leitura permita reconstituir
mentalmente o diálogo tal como ele ocorreu.
2.1 ‑ No final do trabalho, retire as suas próprias conclusões. Aspectos
que poderá ter em conta na sua reflexão: facilidade ou dificuldade da
tarefa realizada e porquê; características de um e outro registo; meios
utilizados para reproduzir fielmente o registo magnético; etc.
3
- A actividade seguinte consiste numa proposta para um trabalho de
pesquisa, tendo diversos objectivos, entre os quais o de procurar
levá-lo a recorrer às fontes de informação de que o homem moderno, quase
em finais do século XX, dispõe.
3.1 - Procure encontrar e fotocopiar a entrevista «Colonialismo de
pobres», publicada em 15 de Outubro de 1995, no suplemento dominical do
«Magazine» nº 292 do jornal "Público".
3.2 - Releia atentamente as páginas iniciais deste volume relativas à
«Área Linguística do Português» (pp. 1-5).
3.3 - Leia atentamente na íntegra a entrevista acima referida, tendo o
cuidado de, à medida que for efectuando a leitura, destacar (sublinhando
ou assinalando na margem) as informações essenciais, especialmente as
que possam estar relacionadas com as páginas 1 a 5 deste livro.
3.4 - Procure resumir as ideias da entrevista.
3.5 - Procure extrair algumas ilações relativamente ao tema «Área
Linguística do Português».
OBSERVAÇÃO
─
Na impossibilidade de concretizar o
ponto 3.1 da «Sugestão de trabalho», recorra aos excertos da entrevista
a seguir transcritos:
COLONIALISMO DE POBRES
A
série «O Mundo de Cá», produzida pela RTP e hoje (dia 16 de Outubro) em
estreia na TV2, deambula pelos lugares do Império Português no Oriente.
A aventura, os autores irão explicá-la pela sua própria pena, no «Público-Magazine»
ao longo das próximas semanas. Agora, em entrevista, Camilo Azevedo e
Paulo Varela Gomes
falam da série. Sobre os mundos de cá e de lá.
O
projecto de "O Mundo de Cá" levou dois anos a ser concretizado e
consumiu dez semanas de filmagens na índia e em Ceilão, depois de uma
preparação exaustiva. Em terras tão remotas que algumas delas, como
Mandu (na Índia), nunca mais foram visitadas por portugueses desde há
séculos. Para os seus autores, tratou-se de tentar procurar aquilo que
da cultura portuguesa foi alterado pela força das outras culturas. Na
Índia, por exemplo.
Produzida pela RTP, apoiada pela Comissão Nacional para as Comemorações
dos Descobrimentos Portugueses (CNCDP) e pela
Fundação Oriente,
O Mundo de Cá levou-nos longe na conversa. Ultrapassando os limites
estritos da própria série, para falar sobre expansão, comemorações,
política cultural. Porque não envereda propriamente pelo comemorativismo
oficial das Descobertas. Foi por aí que se começou. Numa conversa
indolente, um registo que une portugueses e orientais.
PÚBLICO
─
A
visão da História que consta de O Mundo de Cá está longe de ser a versão
oficialista da História das Descobertas portuguesas. Isso correspondeu a
uma opção de origem?
PAULO VARELA GOMES
─
A nossa primeira opção, antes mesmo de começar a escrever uma
linha do guião, foi tentar olhar para a Índia ex-portuguesa não de
um ponto de vista paroquial, ou seja, não de um ponto de vista
português, nem como mais uma daquelas expedições para encontrar mais uma
pedrinha portuguesa e mais um velhinho ou velhinha que ainda falem
português e mais uma memória nostálgica do Império. Antes tentar
procurar aquilo que da cultura portuguesa foi alterado pela força das
culturas que encontrámos na Índia. Foi, assumidamente, um ponto de vista
artístico-cultural, que não fosse eurocêntrico e, concretamente,
lusocêntrico. Sabendo que somos europeus e, portanto, o nosso ponto de
vista é sempre europeu, não há volta a dar.
P.
─
O
que resulta da vossa série, em muitas referências, é a imagem do
português torcionário, notando-se alguma tentativa de desconstrução da
presença portuguesa na Índia. Terá ela sido falhada pela CNCDP?
CAMILO AZEVEDO
─
Acho que têm sido editados textos
─
e estou--me a lembrar de textos do Luís Filipe Thomás
─
patrocinados pela CNCDP, que têm um ponto de vista muito próximo.
Parece-me é que o que ressalta do trabalho da comissão são as partes
mais positivas. A maior parte das nossas fontes foram textos da época.
Nós fizemos uma colagem desses textos. Se fizermos uma análise, na
Índia, o Império era uma rede de entrepostos e o Estado pouco lucrava
com aquilo.
(...)
P.
─
Então, existe um discurso oficial sobre os Descobrimentos?
P.V.G.
─
É um discurso para diplomacia do final do século XX. É um discurso de
continuidade, do género "vamos conversar, vamos fazer acordos culturais,
vamos entender-nos".
P.
─
Um discurso bastante inútil, em termos práticos...
C.A
─
É um discurso afectivo. Nós temos traumas. Não podemos comparar-nos com
os ingleses, que saíram marcando a data com dois anos de antecedência.
Nós saímos mal. Um exercitozinho atacou Diu e saiu tudo em pânico.
Saímos de cabeça baixa, traumaticamente. Além de uma parte
afectivo-cultural, em Goa não ficou nada. A nossa relação com a Índia é
perfeitamente periférica, sempre o foi.
P.V.G.
─
Não há explicações
─
ou melhor, há, mas são todas más
─
para este pais, ao fim destes anos todos, não conseguir ter, sobre o seu
próprio passado colonial, um ponto de vista claro. Como os espanhóis
tentaram ter, também por razões diplomáticas, com a América Latina, como
os ingleses têm.
P.
─
No vosso trabalho, só muito incidentalmente se fala de história
política. Também foi deliberado?
P.V.G.
─
Foi uma opção deliberada. Só fomos "obrigados" a lidar um pouco em torno
da história política em relação a Ceilão. Por uma razão objectiva, muito
dura e muito clara: em Ceilão, os vestígios materiais da cultura
portuguesa
─
a língua não se filma e a religião filmámo-la um pouco
─
não existem como na Índia. Por cima deles passaram os holandeses, os
ingleses, a República de Ceilão, e não há nada. Encontrámos a malha
urbana, nalgumas cidades, implantada pelos portugueses há 500 anos, mas
a malha urbana não se filma.
P.
─
Uma preocupação suscitada pelo vosso programa é o da preservação desses
vestígios portugueses... É um verdadeiro libelo ao Estado português.
P.V.G.
─
Espero que isso seja interpretado um pouco nessa direcção. Devo recordar
que a última vez que se fizeram levantamentos em Chaul e Baçaim, que já
não são cidades portuguesas desde o século XV, foi na altura do Estado
Novo. A última vez que houve uma campanha grande para microfilmar os
arquivos goeses foi durante o Estado Novo. Uma política de património
está obrigatoriamente ligada a um Estado forte. O resto é música... Não
há iniciativa privada no mundo que substitua o Estado na política
patrimonial. A preservação desses vestígios é uma questão dos Estados de
lá e do Estado de cá.
P.
─
A situação é dramática
P.V.G.
─
A situação é muito má, com excepção dos monumentos que mantêm uma
ocupação. Talvez houvesse que dizer isto: a nossa concepção ocidental do
monumento não tem nada que ver com a oriental, embora eles estejam aos
poucos a absorver a concepção patrimonial europeia. A concepção europeia
é muita nostálgica, triste, de alguém que quer manter os monumentos do
passado porque sente que está mal hoje. É o desconforto em relação ao
mundo de hoje que nos faz olhar muito para os monumentos antigos. No
Oriente, os monumentos são constantemente apropriados e mudados
─
não há um templo budista em Ceilão, um, que esteja intacto. São
sociedades para quem o tempo não é uma ameaça e para quem a continuidade
cultural é absoluta. Por outro lado, a Índia é o país com mais
monumentos do mundo, mais do que a Itália, mas sem qualquer
possibilidade
─
às vezes, mesmo sem interesse
─
de os manter.
C.A.
─
Dada a pressão humana, a preservação é grande. Há uma tendência menor
para a destruição. As coisas vão ficando.
(...)
P.
─
A
série destrói o mito de São Tomé na Índia.
P.V.G.
─
Apontamo-lo como mito, que é o que ele é. A lenda de São Tomé é uma
lenda. Não sei se ele, discípulo de Cristo, esteve na Índia ou não, nem
isso importa muito. O que importa é o que os portugueses quiseram fazer
com São Tomé. Nós falamos disso como uma "invenção de uma geografia
sagrada". Essa foi parte da estratégia multifacetada do núcleo que se
agrupava em torno do rei D. Manuel, um grupo que não deve ser
subestimado, de gente muito culta e com a ambição de projectar uma
imagem imperial. De herança dos grandes impérios. Não temos da História
uma visão economista.
P.
─
Mas têm uma visão dos Descobrimentos como opressão?
P.V.G.
─
Temos uma visão de toda a expansão territorial e colonial como
opressora. Aliás, o programa também refere a expansão colonial
muçulmana. Toda a expansão colonial das culturas do Ocidente, de matriz
que costumamos chamar judaico-cristã, mas que implica também os
muçulmanos, é fortemente sectária. São culturas que acham que têm uma
missão, a de converter, de evangelizar. Que é uma coisa que nunca
aconteceu com a cultura hindu, muito menos com a budista.
(...)
P.
─
O
que distinguia o colonialismo português?
P.V.G.
─
O que distingue não é o sermos menos ou mais racistas. O nosso foi um
colonialismo de pobres, mais nada. Nos sítios onde a gente se instalou,
os portugueses eram tão pobres ou mais pobres do que as populações que
lá viviam. Menos cultos e mais pobres. A relação que se estabeleceu foi
sempre marcada pela barreira da raça e da religião, mas permeável pelo
facto de sermos tão pobres como eles. Coisa que nunca sucedeu com os
ingleses. De alguma maneira, os ingleses fizeram condomínios fechados na
Índia, nós não tínhamos dinheiro para isso. É isso que faz com que
vejamos o nosso racismo como não sendo racista. Isso explica muito de um
certo sucesso do modelo civilizacional. Os ingleses tiveram imenso
sucesso no seu modelo civilizacional na Índia, mas a que nível? Na
classe alta. Universidade, administração pública, forças armadas. Isso
ainda é hoje "inglês" na Índia. Nós tivemos imenso sucesso em Goa a que
nível? Classe média, baixa.
P.
─
Qual dos dois aproveitou mais aos indianos?
P.V.G.
─
Se falamos de escolas, estradas, caminhos-de-ferro, serviços de saúde, o
modelo inglês aproveitou mais. Se falamos de uma certa doçura de viver,
de capacidade de relacionar-se com as pessoas, de andar mais ou menos
contente com a vida, de pôr de lado o "stress", foi o modelo português.
Não há novidade nenhuma, é como cá.
(...)
P.
─
A
série é um trabalho condenado em termos de "share"... Não foi trabalho a
mais para público a menos?
C.A.
─
Se for o público certo, estou-me nas tintas. Não quero dirigir--me ao
público do [Não se Esqueça da] Escova de Dentes.
P.V.G.
─
Nem eles querem ver isto, nem por um segundo. São públicos diferentes.
Aqui são três por cento, noutros países são mais, mas serviço público de
televisão é isto, no sentido mais literal do termo.
C.A.
─
Há o serviço público de televisão dos políticos, que se resume ao
telejornal, e há o serviço público das pessoas com este tipo de
programas e outros, que se podem fazer até com poucos meios.
P.
─
Há outros projectos em carteira?
C.A.
─
Já propusemos um programa sobre a Rota da Prata dos portugueses na
América Latina.
P.V.G.
─
É outra história desconhecida. Houve na América Latina espanhola, no
século XVI e XVII, milhares de portugueses que iam à prata espanhola.
Eram perseguidos na América Latina e, no Peru, eram condenados e
executados em auto de fé como sendo judeus ou cristãos-novos
─
e muitos deles eram-no, de facto. Há uma conexão, que liga Sevilha, com
uma fortíssima comunidade portuguesa, Amsterdão, com os cristãos-novos
portugueses, e Lima, no Peru. Essa gente ia para a América Latina à
procura de prata e depois acompanhava o contrabando do metal, descendo o
Rio da Prata até à actual Buenos Aires e Montevidéu, onde havia um
enclave português. A ideia era fazer disto uma história de aventuras,
trágico-cómica.
(...)
Texto de Duarte Moral e Pedro Rosa Mendes, Colonialismo de pobres,
In: "Público-Magazine", Nº 292, pp. 18-24 de 15/10/1995.
[1]
– Estes países são habitualmente designados pela sigla PALOP, ou
seja, Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa.
[2]
– Segundo informação oral fornecida pelo Padre Dr. Joaquim António
de Aguiar, durante o Colóquio-Debate sobre o V Centenário dos
Descobrimentos, realizado em Aveiro no dia 19 de Maio de 1990,
cerca de 150 alunos frequentavam já, por esta altura, na
Universidade de Salamanca, um Curso de Língua e Cultura Portuguesa.
[3]
– Identificação dos países ou regiões indicadas no mapa da figura 3:
1-Portugal; 2-Açores; 3-Madeira; 4-Cabo Verde; 5-Guiné; 6-S. Tomé e
Príncipe; 7-Angola; 8-Brasil; 9-Moçambique; 10-Goa, Damão e Diu;
11-Ceilão; 12-Macau; 13-Timor.
[4] –
Veja‑se o texto extraído da obra de J. VENDRYES,
Le langage. Introduction linguistique à l'histoire, Paris, La
Renaissance du Livre, 1929, pp. 16-17,
transcrito na primeira parte
do nosso trabalho, capítulo III, páginas 91‑92.
[5] –
Veja‑se o texto de D. João I, Prólogo do Livro
da Montaria,
transcrito no capítulo V, texto 2, páginas 241 a
244, da primeira parte do nosso trabalho.
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