Os primeiros homens
viviam em empatia com a natureza. Comungavam da exaltação da vida,
seguiam as suas regras, serviam-se do que ela lhes dava, mas não
queriam morrer. Muito antes da luta pelo poder estava a luta pela
longevidade. Os mágicos e os sábios procuravam a chave para uma vida
eterna.
Foi o repúdio pela
morte que levou o homem à construção de mitos que o projectam na
eternidade e lhe fazem esquecer o trauma original. Constatamo-lo nos
monumentos funerários e nos templos que, desde os tempos mais remotos,
laboriosamente construíram — dos dólmenes às pirâmides, das catedrais
aos túmulos de hoje.
Para perpetuarem a
sua ânsia de eternidade, recorreram à pedra, tornaram-se artistas e
contam-nos a história dos deuses, as suas origens, as suas relações —
uns com os outros, com os homens e com a terra — e os seus feitos e
malfeitorias. Assim, o homem sempre utilizou materiais que fossem
resistentes ao tempo, porque só deste modo cumpririam a sua função.
Procuraram a pedra em todas as suas variantes — granitos, sílex,
mármores, calcários, basaltos — e exploraram as potencialidades de
materiais nobres, como o ouro e pedras preciosas e semipreciosas.
Para melhor
conhecermos esta temática,
viajámos até ao Antigo Egipto, cuja
civilização continua a deslumbrar-nos com a grandiosidade das suas
pirâmides e templos.
Abordámos, em
seguida, a mitologia latino-americana, rica em mitos da criação, e
deuses capazes de arrastar multidões para a morte. Referimo-nos
especialmente a alguns mitos aztecas, maias e incas.
E não poderíamos
terminar esta viagem sem uma visita à Grécia, onde se encontram as raízes da
cultura ocidental. Prometeu, herói da cultura e símbolo da inteligência,
tirou o fogo aos deuses para o dar aos homens, começando assim a grande
aventura da criatividade humana.
E hoje? Continuarão a
existir mitos?
A
percepção do futuro através dos astros ou dos cristais, a magia de
rituais e de talismãs, não serão formas nostálgicas de um tempo em que o
homem se aconchegava no transcendente? Isso é o que poderá ser visto em
«O Mito Hoje».
Para revisitar esta
exposição, tem aqui à sua disposição uma galeria virtual de fotografias. |