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1997-1998


Mitos das Civilizações pré-hispânicas


Período pré-Clássico (2000 a. C. - 100 d. C)


A primeira grande cultura da zona da América Central, formada pelo centro e sul do México, Guatemala e regiões norte de El Salvador e Honduras, foi a dos Olmecas, que começou por volta de 1400 a. C.

Os OLMECAS deixaram como legado enormes e pesadas cabeças de pedra, relacionadas com cerimónias religiosas.  Praticavam o auto-sacrifício em honra dos deuses, picando partes do corpo que sangravam facilmente, tais como a língua, os lóbulos das orelhas, etc. As gotas de sangue eram recolhidas em pequenos recipientes de jade ou outras pedras, conforme a riqueza e o poder das pessoas.

   
  Colheres para recolha de gotas de sangue para oferta aos deuses.  

Período Clássico (100 - 900 d. C.)

OS MAlAS tiveram o seu grande desenvolvimento de 300 a 900 d. C. Também praticavam sacrifícios humanos. A sua religião era dualista, baseada no conflito entre a luz e as trevas. Assim, de um lado estavam as divindades do Sol, deuses do calor e da luz; do outro, as divindades da noite, das trevas e do medo.

No Popol Vuh, livro sagrado dos Maias, explica-se a criação do ser humano. Com base nas deliberações dos deuses, aparecem os primeiros quatro homens moldados em pasta de milho branco e amarelo, denominados Balam-Quitze, que significa Jaguar de Sorriso Doce, Balam-Agab ('Jaguar da Noite'), Mahucutah ('Nome Distinto') e Iqui-Balam ('Jaguar da Lua').

Templo do Jaguar Sagrado

O TEMPLO DO JAGUAR SAGRADO, que ainda se eleva acima da copa das árvores, nas ruínas maias de Tikal.


Período Pós-Clássico (900 - 1550 d. C.)

As populações nómadas do norte mudam-se para a zona central do México, originando o crescimento da cidade de Tula, que se tornou o centro do poderoso império Tolteca até cerca de 1200 d. C.

Os TOLTECAS manifestavam a sua reverência pela guerra, esculpindo colunas de pedra, que representam soldados. Podem ainda ser visitadas na importante plataforma de Tula.

 

Após o colapso dos Toltecas, os ASTECAS, vindos do norte, instalam-se no sul e estabelecem o centro do seu império em Tenochtitlan, em 1345. Os mitos e crenças aztecas, relacionados com vários deuses que exigiam sacrifícios humanos, ficaram registados em livros designados códices.

HUITZILOPOCHTLI, o deus da Guerra.

HUITZILOPOCHTLI

Este é o Deus da Guerra. O seu nome significa 'o feiticeiro colibri'. Exigia o sacrifício de vítimas humanas no seu altar. Este facto fez com que  começasse a ser odiado pelos povos que rodeavam os astecas.

COATLICUE era mãe de Huitzilopochtli, deus da Guerra, que foi gerado sem interferência de nenhum homem. Este deus nasceu em Coatepec, que significa" a montanha serpente", tendo a história do seu nascimento um lugar importante na mitologia asteca.

COATLICUE "da saia de serpente"

COATLICUE "da saia de serpente"


Pormenor da fachada em escadaria do tempo da Pirâmide da Serpente Emplumada.


QUETZALCOATL significa "serpente emplumada". Este símbolo estava relacionado com a dualidade. Incluía o princípio da união dos contrários: a ave e a serpente; o animal e o homem; a vida e a morte.

Quetzalcoatl aparece como uma serpente representativa da terra, vestida de preciosas plumas de quetzal (ave que vive nas florestas da América Central), significando o céu.

A religião de Quetzalcoatl era uma religião mística em que se acreditava que a alma voltava à terra depois de uma estadia num local de repouso.

O deus Quetzalcoatl, que trouxe para o México os ventos alísios e as suas chuvas fertilizantes, também era adorado como Vénus, pois quando se atirou para cima de uma pira funerária, o seu corpo foi consumido, mas o seu coração subiu para os céus, tornando-se a Estrela da Manhã.

A fachada do templo de Quetzalcoatl é constituída por esculturas que representam serpentes emplumadas e simbolizam o deus Quetzalcoatl, por caracóis, conchas e grotescas cabeças do deus da chuva, Tlaloc.

XIPE TOTEC era um deus asteca, ao qual eram dedicados rituais extremamente sangrentos, em que as vítimas eram esfoladas e a sua pele era usada pelo sacerdote nas cerimónias. As imagens deste deus foram imortalizadas em cerâmica e pedra.

XIPE TOTEC, um deus azteca

O grande TXOMPARITLI, ou prateleira de caveiras de pedra, localiza-se perto do Grande Templo de Tenochtitlan (actual cidade do México). As filas de caveiras reflectem os inúmeros sacrifícios humanos, rituais que se realizavam no templo.

O grande TXOMPARITLI, ou prateleira de caveiras de pedra.

 

Os INCAS, sob a chefia de Manco Capac, seu lendário fundador, instalaram-se em Cuzco, no Peru, por volta de 1200 d. C.

MANCO CAPAC, tal como Quetzalcoatl para os astecas, era uma figura mítica dos Incas, adorado como sendo o criador da civilização do mundo, e descendia directamente do deus Sol.

Máscara inca do deus do Sol.

O Sol, com forma de homem, quando subia para os céus, anunciou ao chefe dos Incas, Manco Capac, o seu poderio, dizendo-lhe: «Vós e os vossos descendentes sereis Senhores e dominareis muitas nações. Olhai para mim como pai pois sereis meus filhos e adorar-me-eis.»

E, assim, os Incas foram chamados os filhos do Sol, adoraram-no e reverenciaram-no como pai.
 

OS FEITICEIROS - Havia muitos tipos de feiticeiros e um dos seus múltiplos atributos era a adivinhação do futuro através do sacrifício de aves, cordeiros e carneiros. Também curavam por meio de ervas e tinham poderosos pactos com o diabo. Comunicavam com os mortos, julgando a sua conduta durante a vida.

 
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Bibliografia: CARTER, Geraldine – Mitologia Latino-Americana. Astecas, Maias, Incas e Amazónia. Lisboa, Editorial Estampa (Círculo de Leitores), 1995.


 

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