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Na Antiguidade, os gregos tinham uma
religião politeísta, ou seja, acreditavam em vários deuses.
Atribuíam-lhes poderes sobrenaturais e reacções humanas.
Esses deuses, em número
de doze, viviam no monte Olimpo,
alimentavam-se de ambrósia e constituíam uma espécie de sociedade
organizada. Acima de todos reinava Zeus, senhor do Universo. A sua
mulher, deusa da fertilidade, chamava-se Hera.
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Os filhos tinham cargos diferentes:
Ares, deus da guerra; Hermes, deus do comércio; Apolo, deus da beleza,
do Sol e das artes; Afrodite, deusa do Amor; Artemisa, deusa das
florestas e da caça; Atena, deusa da inteligência.
Os irmãos de Zeus eram Hades, que
comandava os Infernos, e Posídon, senhor dos mares.
À volta desta família divina havia
outros deuses com as suas especialidades.
Tal como na Terra, também no Olimpo
surgiam amores, ódios, paixões e brigas, que davam origem a histórias
fascinantes e nas quais participavam,
por vezes,
os seres humanos.
Segundo a lenda, o rei Minos era filho
de Zeus e de uma princesa fenícia de nome Europa.
MITO DE
PERSEU
Medusa era a única mortal das três Górgonas,
divindades monstruosas, filhas de Fórcis e de Ceto. As Górgonas tinham
um só olho, asas, língua pendente, dentes enormes, serpentes em vez de
cabelos e possuíam o poder de converter em pedra quem para elas olhasse.
Perseu tinha prometido ao rei de Sérifo
a cabeça de Medusa. Enquanto as Górgonas dormiam, Perseu, auxiliado por
Atena, conseguiu aproximar-se de Medusa e matou-a, cortando-lhe a
cabeça. |
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As
Greias, também
designadas as Velhas, pois já assim nasceram, eram irmãs das Górgonas.
Tinham apenas um olho, que utilizavam uma de cada vez, passando-o umas
às outras. Quando Perseu empreendeu a árdua tarefa de matar Medusa,
encontrou as Greias que velavam o sono das irmãs. Conseguiu
tirar-lhes o único olho e, deste modo, aproximar-se da Medusa.
DÉDALO
«Dédalo era um homem diferente dos
outros. Tinha ideias fantásticas. Quando havia um problema complicado
para resolver ele pensava, pensava, acabando por descobrir uma solução
que a todos parecia única e evidente.
As pessoas, admiradas, exclamavam:
— Como é que nunca ninguém se lembrou
disto! Afinal era tão simples!
Foi por isso que o rei Minos, senhor da
ilha de Creta, resolveu chamá-lo para lhe encomendar um serviço
especial.
A rainha Pasifae, sua mulher, tinha-se
apaixonado perdidamente por um touro. Desses amores nasceu um pequeno
monstro, que era homem da cintura para baixo e touro da cintura para
cima. Deram-lhe o nome de Minotauro.
Provavelmente, o rei Minas teria gostado
de o matar e esquecer o assunto; mas não teve coragem. Vendo bem, aquele
monstro era seu enteado. Que fazer? Pareceu-lhe que o ideal seria
encerrá-lo numa prisão de onde fosse impossível escapar. Assim deixava-o
ficar no reino, alimentava-o, mas não teria que suportar a sua presença.
Chamou então o famoso Dédalo e
pediu-lhe que imaginasse uma tal prisão.
Dédalo não era homem para se encantar
com soluções fáceis, do género «paredes grossas e grades nas janelas».
Concebeu um labirinto, ou seja, um mundo de caminhos que se cruzavam e
entrecruzavam, de modo que quem lá entrasse nunca mais saía.
O Minotauro foi encerrado no labirinto.
Mas alimentá-lo é que não era fácil, posto que exigia carne humana.
Decidido a não sacrificar os súbditos
aos apetites do enteado, o rei exigiu à cidade de Atenas um tributo
pavoroso: de nove em nove anos, tinham que enviar sete raparigas e sete
rapazes para saciar o Minotauro. Caso falhassem, invadia e destruía a
cidade de Atenas.
De nove em nove anos os atenienses
juntavam-se no porto para verem embarcar os catorze jovens condenados
à morte. Choravam de tristeza e, no mastro, hasteavam uma vela preta, em
sinal de luto.
Certo dia, porém, entre os rapazes
escolhidos partiu o filho do rei de Atenas, que era belo como um Sol.
Chamava-se Teseu. O povo adorava-o e considerava-o um herói.
Teseu jurara ao pai, em grande segredo,
que havia de matar o monstro devorador de gente...
E a sorte sorriu-lhe porque, quando as
vítimas desfilavam perante os habitantes de Creta, a filha do rei,
Ariadna, apaixonou-se por ele.
Desesperada, procurou Dédalo e pediu-lhe
por tudo que o salvasse.
Mais uma vez o arquitecto encontrou uma
solução tão simples que Ariadna não resistiu a
comentar:
— Como é que nunca ninguém se lembrou
disso?
De facto, o instrumento que permitia
fugir do labirinto não tinha nada de misterioso. Era
um simples novelo. Teseu devia atar uma
ponta à entrada e ir desenrolando o fio pelo caminho.
Quando quisesse voltar para trás, já não
se perdia.
O rapaz assim fez. Seguro de que não
ficaria para sempre naqueles caminhos cruzados, foi em busca do
Minotauro.
A sorte sorriu-lhe! O monstro estava a
dormir.
Teseu matou-o, salvou os companheiros,
saiu do labirinto e, levando consigo Ariadna, embarcou para Atenas.
Claro que Minos ficou furioso. Quem
poderia ter ensinado os atenienses a escapar do labirinto? Só Dédalo,
o arquitecto.
Para o castigar, atirou-o lá para
dentro, juntamente com o seu filho, Ícaro. Este, aflitíssimo. reclamou:
— E agora? Ficamos aqui enfiados nesta
prisão que teve a triste ideia de inventar?
Dédalo sorriu.
— Não. O rei decerto mandou vigiar as
saídas que dão para o mar e para a terra. Mas o ar e o céu estão livres.
Vou construir umas asas para mim e outras para ti. Escaparemos voando.
O rapaz ficou delirante. Voar? Que
maravilha!
Sem qualquer dificuldade, executaram o
plano. Antes de partirem, o pai preveniu:
— Tem cuidado, Ícaro. Não voes alto de
mais!
— Porquê?
— Porque as asas estão coladas com cera.
Se te aproximares muito do Sol, o calor derrete a cera e as asas
soltam-se.
Ele concordou e lá foram. Mas a sensação
de voar era tão estonteante que Ícaro depressa esqueceu as recomendações
e subiu... subiu... subiu...
Tal como Dédalo previra, a cera
derreteu.
Pobre Ícaro! Caiu ao mar e morreu
afogado.
Desgostoso, o pai seguiu para outra ilha
do Mediterrâneo, a Sicília, onde foi muito bem acolhido pelo rei.
Mínos perdeu-lhe o rasto mas não
desistiu da vingança.
Sabendo que ele não resistiria a um
desafio que pusesse à prova a sua inteligência, arranjou um estratagema
para o localizar. Anunciou que daria grande recompensa a quem
conseguisse passar um fio por dentro de um búzio.
Dédalo resolveu a questão. Fez um
pequeno orifício no búzio, atou o fio a uma formiga e introduziu-a lá
dentro com muito cuidado. Depois tapou a entrada.
A formiga percorreu a espiral do
interior do búzio no seu passinho vagaroso e paciente, e saiu pelo outro
lado, arrastando a linha minúscula.
Orgulhoso, o rei da Sicília anunciou que
o problema fora resolvido.
Mínos avançou então para lá com os seus
exércitos para exigir que lhe entregassem o malfadado arquitecto. Mas o
rei da Sicília recusou.
Houve guerra. A luta foi terrível e
Mínos pagou cara a sede de vingança, porque morreu no campo de batalha.
Dédalo continuou a viver na Sicília,
rodeado de carinho e admiração.» (1)
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