Henrique J. C. de Oliveira, Computador e Ensino, Viseu, 2003.

4Requisitos fundamentais e  perigos do computador

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Seria maravilhoso se a resposta à pergunta que fizemos pudesse ser afirmativa! Apesar das enormes potencialidades do computador, tal como os outros recursos, pode também  apresentar perigos.

 

O computador pode levar igualmente à passividade, ao desinteresse, à queda na rotina e monotonia e a situações até muito mais graves, valorizando os aspectos negativos e perversos desta poderosa ferramenta de comunicação à distância, tais como uma certa incompetência, um falso saber e uma simples cópia de trabalhos alheios, sem o verdadeiro conhecimento dos respectivos conteúdos e uma atitude de reflexão crítica.  É exemplo disto o que tem vindo a acontecer com a Internet, em que os alunos se limitam a copiar trabalhos, praticando o plágio sem mesmo se darem conta da gravidade do acto que cometem. Leia-se, a título exemplificativo, o artigo de Isabel Leiria e Bárbara Wong, intitulado «Cibercopianço» ganha adeptos, in: "PÚBLICO". Ano XIII, n.º 4699, 2/2/2003, pág. 29.

 

Face aos perigos da utilização sistemática do mesmo recurso, torna-se necessário:

  1º - Uma criteriosa escolha da altura em que o computador deverá ser utilizado;

  2º - A existência dos suportes educativos adequados aos objectivos pretendidos;

  3º - Um conhecimento seguro quer do hardware, quer do software;

  4º - Um conhecimento das várias potencialidades do computador em todas as suas vertentes.

 

Como os computadores actuais têm características simultaneamente interactivas e multimédia, o computador pode ser utilizado pelo professor como:

 

  fonte de motivação;

  suporte de documentação ou apresentação de determinados conteúdos programáticos;

  meio de obtenção de trabalhos práticos por parte dos alunos;

  meio de síntese da matéria, mediante apresentação de esquemas;

  meio de apresentação de exercícios práticos para treino de competências - exercícios interactivos;

  meio de verificação pelos alunos das aprendizagens efectuadas;

  meio de pesquisa de informação;

  meio de comunicação entre alunos de outras escolas, desenvolvendo a capacidade de comunicação escrita, quer na língua materna, quer em línguas estrangeiras;

Para que as potencialidades dos recursos informáticos possam ser devidamente aproveitadas pelos professores, não basta que eles detenham todos os requisitos necessários para a sua utilização. É também necessário que as escolas possuam computadores e que estes tenham a possibilidade de ligação a uma rede que não se limite à escola (intranet), mas ultrapasse os seus limites físicos e cubra toda a aldeia global em que o nosso planeta se transformou, agora, mais do que nunca, com novas possibilidades graças à Internet.

 

Será que com um só computador numa sala de aula as suas capacidades como recurso educativo poderão ser devidamente aproveitadas por um professor?

 

A resposta é afirmativa. Se, há vinte anos atrás, com os rudimentares Spectrum’s, era possível utilizar um só computador ligado a um televisor, agora, mais do que nunca, com um só computador, o professor tem à sua disposição uma máquina que substitui todas as anteriormente utilizadas. Num só computador, tem à sua disposição:

 

  • uma máquina de reprodução de sons;

  • uma máquina de projecção de imagens, fixas ou animadas;

  • uma máquina para projecção de diaporamas;

  • uma máquina capaz de substituir com vantagens o retroprojector ou até mesmo o quadro, se dispuser, por exemplo, de um videoprojector. 

 

Tem, em suma, uma máquina interactiva multimédia com uma poderosa base de dados e com a possibilidade de ir buscar informações noutros locais, utilizando a Internet e um bom motor de busca.

 

Como um videoprojector é uma máquina ainda demasiado cara para a maioria das escolas, as potencialidades acabadas de referir do computador como recurso educativo ficam reduzidas, a menos que na sala exista mais do que um computador em número que permita uma distribuição dos alunos por pequenos grupos de trabalho.

 

Uma alternativa viável ao videoprojector poderá ser um televisor com um ecrã de grandes dimensões, desde que a turma não seja demasiado grande e o computador venha dotado de uma saída para televisão ou, então, exista na escola um conversor do sinal do computador para televisão.

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