BOLETIM   CULTURAL   E   RECREATIVO   DO   S.E.U.C.  -   J.  ESTÊVÃO


Elogio da Poesia

Luís Serrano

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Ouvindo a 6ª Sinfonia de Beethoven

Ardendo vai o outono
por dentro da tarde
e eu ouço-te Ludwig ouço-te
a confiança os sons
como água
ou pássaros mansamente

nada nem a morte
(rasto ou raiz de corpo)
te separou de nós
que te escutamos
desde quando?

que força desprende
a Pastoral?
que jogos de luz
(ou som?) fibra a fibra
nos marcam o corpo
marcam o corpo
fibra a fibra?

donde esta transparência
este sussurro fonte
ou memória plantada
no coração futuro?

ah não é fácil Ludwig
cultivar o equilíbrio
sobre as tão remotas
ruínas antiquíssimas

Poemas do Tempo Incerto,
1983

             Recordação dos Alpes

Colinas mergulhadas
num grande silêncio
de árvores entreabertas
por entre assomos de neve
que a chuva dissolve
pouco a pouco

vales por onde os sons
se diluem
e as aves se concertam
entre abismos e água
solta

espaços de luz
habitados de trompas e coros
por onde os gados
se transfiguram
e os pastos se iluminam
tão transitoriamente

oh casa nos alpes lugar
onde recolher
os indomáveis cavalos
sempre solitários
e acesos

Poemas do Tempo Incerto, 1983

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