Há nas nossas
escolas uma categoria de professores vista
frequentemente pelos restantes como fugindo à
normalidade. Há até alguns que os consideram «os
maluquinhos dos computadores». Outros não vão tão
longe. Limitam-se a considerá-los como os carolas, os
apanhados pelas máquinas. Os rótulos são muitos, como
muitos são aqueles que pensam desta maneira e ainda
vêem a máquina com que agora estamos a bater este
texto como um bicharoco esquisito, terrível, caprichoso
e complicado.
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Contamo-nos
nessa categoria um tanto esquisita de professores,
que gostam de lidar com computadores.
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Desde há
muitos anos que nos deixámos apanhar por estes
bicharocos electrónicos, com chips e outros componentes
de nomes exóticos, cuja capacidade tem vindo a aumentar
a passos de gigante e de maneira difícil de acompanhar,
porque exigem muitos cifrões; e estes não abundam nos
bolsos dos professores. Pelo menos nos deste País à
beira-mar plantado.
Entendemo-nos
perfeitamente com estas maquinetas revolucionárias.
Tirando alguns raros imprevistos em que nos dão cabo da
paciência, têm vindo a prestar-nos bons serviços,
ajudando-nos nas tarefas profissionais.
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Para
sua segurança,
NÃO
CLIQUE no botão. |
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Felizmente que
aquela espécie entre a qual nos contamos tem vindo a
aumentar. O contágio destes bicharocos, carregados de
energia e de dígitos, vai contaminando cada vez mais
professores. O universo daqueles maluquinhos dos
computadores tem vindo a aumentar e, curiosamente, até
alguns daqueles que nos rotulavam dessa maneira estão a
passar para o nosso lado. Lentamente, começam a
descobrir as vantagens das máquinas e a descobrir que
os maluquinhos eram eles por não estarem a acompanhar a
evolução tecnológica e a desperdiçar as
potencialidades conferidas pelos tais bichinhos
informáticos.
Neste momento,
felizmente, os maluquinhos dos computadores têm
proliferado a olhos vistos pelas escolas do País. Já
não estamos tão sozinhos como aqui há uns dez anos
atrás. Mesmo sem os créditos horários, mesmo sem a
redução de horas que as entidades educativas retiraram
aos que estavam ligados à liderança do Prof2000, os
tais maluquinhos, os tais carolas, têm continuado
interessados em fazer com que as novas tecnologias
possam ter uma aplicação cada vez maior no ensino.
Mas a que vem
toda esta ladainha que aqui estamos a passar para o
papel, graças à ajuda de um dos tais bichinhos
informáticos?
No início do
corrente ano lectivo, vimo-nos bruscamente atirados para
o cargo de líder do Prof2000, na escola onde vimos
exercendo a profissão docente.
Temos de
confessar que, ao princípio, não foi sem algum receio
que encarámos este novo «tacho», que muitos recusaram
por falta de capacidade volumétrica. Remar a favor da
maré, ainda vá que não vá! O barco manobra-se
facilmente, com reduzido esforço, quando corrente e
marés ajudam. A progressão faz-se a olhos vistos e
vê-se o esforço compensado. Agora, enfiarmo-nos num
bote e começarmos a remar contra ventos e marés...
Isto é tarefa árdua e insana, que não interessa a
ninguém. É uma verdadeira maluqueira, merecendo mesmo
que nos considerem na dita categoria.
Embarcámos.
Começámos a remar. Acabámos por engrossar a lista dos
carolas envolvidos no Prof2000. E, sinceramente, ainda
não nos arrependemos! É certo que as marés e as
correntes nem sempre ajudam, mas cá vamos continuando a
remar. Se calhar, nem o deveríamos fazer, com uma
entidade patronal que muitas vezes se borrifa para os
esforços dos professores. Mas cá vamos remando.
Graças às
incumbências deste «alto cargo» em que nos vimos
envolvidos, foram-se os momentos de ociosidade em que
nos sentávamos à mesa do café a pensar e a rabiscar
histórias. Foram-se os momentos, à noite, a ver
aqueles raros filmes com alguma qualidade, com que a
televisão nacional por vezes nos brinda.
Mas, pesem
embora estes aspectos menos positivos, o «alto» cargo,
que nos carregou com tarefas suplementares, que nos fez
passar mais horas na escola do que aquelas que
devíamos, teve os seus aspectos positivos. Deu-nos a
oportunidade de colocar, à disposição de colegas e
comunidade, muito material elaborado por nós e por
outros ao longo dos últimos anos. Deu-nos a
possibilidade de criar uma página com algum interesse
para a comunidade, que apenas carece de um maior número
de colaboradores para o seu enriquecimento.
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