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Boletim da Biblioteca    

 Aveiro, Terra Salgada

Aveiro - 2008

Quando se fala de Aveiro, uma tão velha quanto inadequada comparação é repetidamente evocada e que consiste em chamar-lhe Veneza portuguesa. Ora, a verdade é que não há proximidade alguma, quer estética, quer física, quer monumental entre estas duas cidades. Cada uma tem a sua personalidade e carácter próprios. Assim, desmistificada aquela ideia errática, é tempo de afirmar que, sem dúvida, Aveiro se apresenta como uma terra de água de singularidade única, com características próprias, bem vincadas, diferenciadas de todas as outras cidades deste nosso país.

Considerados os dotes naturais, intrínsecos, que possui, bem que Aveiro poderia e deveria constituir um excelente exemplo de urbanismo de qualidade, respeitador do seu património histórico construído, o que lamentavelmente, nem sempre tem acontecido. A par de uma certa política do betão, a cidade tem sido atulhada de construções incaracterísticas, algumas mesmo abomináveis, esquecendo a inadiável criação de espaços urbanos de acordo com equilíbrios físico-ecológicos e, concomitantemente, praças, parques, jardins, etc. – e até amplos estacionamentos. Depois, como se constata, Aveiro é carente de monumentos, sobretudo de arte contemporânea inovadora, o que em nada abona em favor da nossa sensibilidade de aveirenses, para esta vertente cultural tão decisiva, até como enriquecedora atracção turística.

Por outro lado, temos algumas realizações muito positivas como são, entre muitos outros, os casos dos túneis rodoviários (para o trânsito), e das zonas pedonais (para as pessoas); aqui, o espaço onde um número assaz significativo de predadores-condutores-auto permanentemente circulam e/ou estacionam. Para além do facto abominável destes criminosos se manterem impunemente à solta, Aveiro é uma cidade bela em que, apesar de tudo, há uma certa qualidade de vida e é, pois, bom viver. É, por assim dizer, no contexto nacional, uma cidade diferente, que não fica a perder em confronto com algumas centenas de urbes de dimensão equivalente de outros países que já tivemos oportunidade de visitar e que, sem receio, testemunhamos.

Artur Fino

Fundador do Grupo AveiroArte e CETA, Artista plástico

 
 

Cidade Pura

Nem as manhãs frescas e molhadas, nem a noite escura e fria deixam a cidade esvanecida ou descalça. E a gente que a compõe é feliz por ser um pedaço dela. É uma das mais bonitas regiões deste nosso país, não pelo seu tamanho e conteúdo, mas pela sua pureza e simplicidade, nas estreitas e curiosas travessas, nos espaços verdes que a iluminam, no convívio que a sua gente preserva e mantém. Aveiro necessita de ser privilegiada e glorificada por todos os que nela vivem e por todos os que nela não podem viver.

15/05/2008

Catarina Correia

Elemento do Grupo de Trabalho, 12º H

 

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