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Boletim da Biblioteca    

  

Na Biblioteca encontras jornais e revistas que proporcionam uma informação rápida sobre assuntos variados: "Super Interessante", "Informática", "National Geographic", "Visão", "Auto Foco", "Jornal de Letras", etc.

Neste número, trazemos textos de José Luís Peixoto, de que falámos nas páginas 2 e 7. Que eles cumpram a sua “missão” : levar-nos a ler, ou a reler, este jovem escritor português.
 
 

o tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias, como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo, mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer. eram os teus olhos, labirintos de água, terra, fogo, ar, que eu amava quando imaginava que amava. era a tua voz que dizia as palavras da vida. era o teu rosto. era a tua pele. antes de te conhecer, existias nas árvores e nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde. muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade.

 

na hora de pôr a mesa, éramos cinco: o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs e eu. depois a minha irmã mais velha casou-se. depois a minha irmã mais nova casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje na hora de pôr a mesa, somos cinco, menos a minha irmã mais velha que está na casa dela, menos a minha irmã mais nova que está na casa dela, menos o meu pai, menos a minha mãe viúva. cada um deles é um lugar vazio nesta mesa onde como sozinho, mas irão estar sempre aqui. na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco. enquanto um de nós for vivo, seremos sempre cinco.

 

 
 

«...O amor é o sangue do sol dentro do sol. A inocência repetida mil vezes na vontade sincera de desejar que o céu compreenda. Levantam-se tempestades frágeis e delicadas
na respiração vegetal do amor. Como uma planta a crescer da terra. O amor é a luz do sol a beber a voz doce dessa planta. Algo dentro de qualquer coisa profunda. O amor é o sentido de todas as palavras impossíveis. Atravessar o interior de uma montanha. Correr pelas horas originais do mundo. O amor é a paz fresca da combustão de um incêndio dentro, dentro, dentro, dentro, dentro dos dias. Em cada instante de manhã, o céu a deslizar como um rio. À tarde, o sol como uma certeza. O amor é feito de claridade e da seiva das rochas. O amor é feito de mar, de ondas na distância do oceano e da areia eterna. O amor é feito de tantas coisas opostas e verdadeiras. Nascem lugares para o amor e, nesses jardins etéreos, a salvação é uma brisa que cai sobre o rosto suavemente.»

Uma Casa na Escuridão

 



Escola Secundária José Estêvão

Endereços:

Da página da Escola: http://esje.edu.pt
Do blog da Biblioteca:
http://domuslibrorum.blogspot.com

Ficha Técnica:
Coordenação:
José Manuel Caseiro
Redacção e edição:
 Fátima Nunes; Luzia Blard; Susana Santos
Colaboração:  José Manuel Caseiro, Maria Manuel Rocha, Aurélio Fernandes, Jeanette Conceição, Ana Paula Tribuzzi, Henrique de Oliveira

 
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