Ao fim da
tarde, saí da escola, onde estava a trabalhar, e entrei num
café da cidade para tomar uma bebida fresca. Ao fundo da
sala, a televisão estava ligada, mas as imagens eram de
publicidade. Pouco depois, volto a olhar para o televisor e
fico ainda incrédulo com aquilo que os olhos me mostravam.
Tão incrédulo, que perguntei ao empregado se era um filme,
tanto mais que, na véspera, um canal televisivo tinha passado
um em que o tema era precisamente o mesmo: o terrorismo.
Era um filme
com algumas semelhanças com o que na realidade aconteceu. Um
grupo terrorista decidira lançar uma bomba biológica sobre
os Estados Unidos, tendo para isso desviado um avião
comercial. Mas, na ficção, a acção tem um desfecho que
não aconteceu na vida real. A ameaça trazida por aquele
avião desviado é eliminada a tempo. Uma equipa americana de
missões especiais consegue penetrar em pleno voo, a grande
altitude, no compartimento de carga do avião, graças a um
aparelho mantido secreto e em fase experimental. E, depois de
muitas peripécias, em que o herói é ajudado por uma
hospedeira de bordo, a situação é controlada: os
terroristas são abatidos e o herói consegue substituir os
pilotos friamente assassinados e aterrar de emergência, pondo
em prática os poucos conhecimentos que tinha adquirido numa
escola de pilotagem.
Quem dera que a
realidade tivesse sido como na ficção!
A partir de 11
de Setembro de 2001, data tristemente célebre e já
histórica, o mundo abriu repentinamente os olhos para a
realidade: ninguém está seguro!
Aquilo que
consideramos uma invenção de paz, para servir o Homem, pode
bruscamente tornar-se uma arma mortífera. Neste caso
concreto, a arma insuspeitada de terroristas sem escrúpulos,
de há longa data «magistralmente» organizados, talvez se
tenha tornado a arma de libertação de milhares de pessoas,
há vários anos submetidas a um regime de barbárie pior que
todas as Idades Médias europeias: gente sem liberdade,
mulheres que não podiam sequer mostrar a cara nem viver como
seres humanos dignos e a quem nem a assistência hospitalar
era permitida, pessoas reduzidas a um regime dito religioso
que atentava contra a própria dignidade humana. Como é
possível que um só elemento tenha conseguido submeter um
país inteiro, fazendo mergulhar os habitantes num período de
terror que se prolongou por quatro longos anos?
A resposta foi
já fornecida por um dos ministros do próprio causador do
terror. O homem mais falado e mais procurado nos últimos
meses andava sempre com elevadas quantias de dinheiro,
distribuindo-o livremente, dando frequentemente cinquenta mil
ou cem mil dólares de cada vez àqueles que o rodeavam. Com
esta magnânima generosidade conseguiu comprar a liberdade de
milhares de pessoas, fazendo impunemente aquilo que queria.
Esperemos que a
morte de cinco milhares de pessoas inocentes, que iniciavam
mais um dia de trabalho, contribua ao menos para a
libertação de muitos milhares de outras pessoas e,
sobretudo, para que o Homem passe a estar mais atento a todos
os perigos que frequentemente o ameaçam e para os quais é
ele próprio quem contribui.
Os números que
passamos a transcrever permitem-nos ficar com uma ideia da
grandiosidade daquelas duas torres gémeas, símbolo não
apenas de uma América, que se julgava em relativa segurança,
mas sobretudo um símbolo da capacidade criativa e criadora do
Homem.
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● Data de
inauguração: 4 de Abril de 1973
● Arquitecto: Minoru Yamasaki
● Betão utilizado: 325.000 m3
● Aço utilizado: 200.000 t.
● Superfície ocupada: 65.000 m2
● Tinta utilizada anualmente para manutenção: 250.000
latas
● Cabos de alimentação eléctrica e comunicações:
50.000 km
● Total de janelas: 43.600
● Superfície em vidro: 56.000 m2
● Equipamentos para ar condicionado: 49.000 t.
● Escadas: 13 km de extensão
● Ascensores: 99
● Lotação: 50.000 pessoas
● Turistas por ano: 2 milhões
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