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Isto
de tradições e...
São Martinho
Henrique J. C. de Oliveira |
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Isto
de tradições já não é o que era, ouve-se por vezes
dizer. Todavia, na Secundária José Estêvão, como se
pode comprovar pela cíclica notícia que tem vindo a
sair no número de Dezembro do “Alternativas”, a
tradição parece ter ganho raízes, raízes já bem
fundas e grossas, tanto mais que ela tem vindo a
manter-se a dobrar. E a dobrar porquê? Muito
simplesmente porque a tradição nesta escola tem bis.
Em vez de uma, há sempre duas celebrações: uma, à
noite, para toda a escola (alunos, funcionários e
professores); e outra de dia, para o pessoal auxiliar e
professores. Seria mais agradável que a tradição
diurna fosse idêntica à nocturna, ou seja, que nela
estivessem também associados os alunos. Mas uma coisa
é festejar o Santo entre um número relativamente
reduzido, outra é com largas centenas de pessoas.
Embora
também nós tenhamos bisado a tradição, a verdade é
que apenas temos em nosso poder a comprovação visual
relativamente ao ensino recorrente. Dos momentos de
convívio são as imagens que ilustram este texto. Mas
como nem só de imagens vivem os registos das
tradições, vamos aproveitar para reflectir um pouco
acerca da tradição do São Martinho. Não vamos agora
rever a vida do santo. Se é isso que gostariam de ler,
consultem o jornal de há um ano. Lá encontrarão o
texto com a vida dele. E se estão muito intrigados a
perguntar-nos como é isso possível, porque já não
têm acesso ao jornal, nós acrescentamos que não têm
razão para isso. Graças às modernas tecnologias,
muitos jornais escolares evoluíram e já estão
disponíveis no espaço virtual, graças ao projecto
Prof2000 e à carolice dos líderes e professores que os
fazem e os colocam em formato electrónico na Internet.
Se querem mesmo conhecer a história do senhor São
Martinho, procurem o jornal na secção de jornais
escolares do espaço «Aveiro e Cultura». E poderão
fazer também como nós: pesquisar na Internet acerca do
santo. Foi graças a isto que pudemos dispor do material
para a nossa reflexão. Em que consiste, é o que vão
passar a ler, se quiserem continuar na nossa companhia.
É
sabido que o São Martinho é uma tradição bastante
festejada em diversas localidades de Portugal. Cada roca
com seu fuso, cada terra com seu uso — diz-nos o
ditado. E como as tradições costumam estar espelhadas
nos ditados populares, procurámos saber em que medida a
tradição oral regista o evento. Procurámos
provérbios em que entrasse o nome do santo. Obtivemos
uma longa listagem. Uma listagem que, ainda que
avultada, não constitui mais do que uma série de
variações ao mesmo tema, isto é, os provérbios são
frequentemente os mesmos, variando apenas em alguns
pormenores. E são precisamente esses pormenores que
deram origem à nossa reflexão, porque são eles que
nos mostram que, sendo a tradição mantida em várias
zonas de Portugal, ela varia em função dos acepipes e
costumes de cada região.
Quando
analisámos a primeira listagem obtida, começámos por
considerar como errónea a repetição frequente do
mesmo provérbio, apenas pelo facto de mudar, por
exemplo, a forma de introduzir o complemento
circunstancial de tempo. Vejamos um caso concreto. Entre
o registo «No São Martinho fura o teu pipinho» e «No
dia de São Martinho fura o teu pipinho» ou «Pelo São
Martinho fura o teu pipinho», não existe a mais
pequena diferença semântica. Estamos na presença do
mesmo provérbio. E casos como este são frequentes
noutros provérbios em que a única diferença está,
por exemplo, em os nomes virem ou não precedidos de
determinantes.
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