BOLETIM   CULTURAL   E   RECREATIVO   DO   S.E.U.C.  -   J.  ESTÊVÃO


PÁGINA 1
Editorial
Alcino Carvalho
PÁGINA 2
Um presépio humano
Bartolomeu Conde
PÁGINA 3
Contos tradicionais portugueses
PÁGINA 4
A reforma do
SEUC
João Paulo
PÁGINA 5
Isto de Tradi-
ções e...

Henrique Oliveira
PÁGINA 6
Cenários de
Violência
Isabel Bernardino
PÁGINA 7
Plantas carní-
voras
João Paulo
PÁGINA 8
Receitas para
o fígado
H.J.C.O.
PÁGINA 9
Sebastião da
Gama
Paula Tribuzi
PÁGINA 10
Aveiro, de vila
a cidade
Claudete Albino
PÁGINA 11
Hora do
Recreio
PÁGINA 12
Fac-símile da 1ª página
 

Isto de tradições e...
São Martinho

                                                                                                                        Henrique J. C. de Oliveira

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Perante uma repetição frequente de provérbios que eram idênticos, começámos por considerar erróneo encher páginas com listagens deste tipo. Mas o nosso ponto de vista em breve acabaria por mudar.

Perante um número elevado de provérbios que se afiguravam idênticos, optámos por registar todas as variantes em verbetes, ainda que a diferença apenas estivesse em substituir «Pelo São Martinho» por «Em São Martinho» ou «No dia de São Martinho».

Uma vez registados todos os provérbios, um por cada verbete, e efectuada uma classificação por grupos e subgrupos, acabámos por concluir que, sem este registo repetitivo dos provérbios com todas as suas variantes, não é possível efectuar uma análise de natureza sócio-linguística; e a nossa reflexão nunca poderia fazer-se. E isto porque os provérbios constituem um reflexo daqueles que os produzem; e sendo cada um de nós o resultado do ambiente cultural em que estamos inseridos, acabamos por obter, através deste conjunto de registos, um espelho da maneira de ser e de pensar e dos costumes da população de uma determinada região.

Tendo em conta as ideias e palavras-chave nos diferentes registos de provérbios em que o nome de São Martinho é referido, agrupámos os verbetes em duas grandes categorias: a primeira, fornece-nos elementos relacionados com a época e as actividades agrícolas; a segunda, mostra-nos os costumes, que variam de acordo com as regiões e os produtos nelas existentes.

Na primeira categoria, encontramos, quer pela positiva, quer pela negativa, uma referência àquilo que se pode ou se deve semear no mês de São Martinho, ou seja, por alturas de Novembro. A acreditar nos provérbios, a menos que os elementos indicados apenas lá estejam por uma questão de rima com o nome do santo, os produtos assinalados para a época são a fava, os alhos, o linho e o cebolinho. É o que nos dizem as variantes dos mesmos provérbios, das quais apenas reproduzimos um exemplo de cada: «Pelo São Martinho, semeia o teu linho.»; «Por São Martinho, semeia a fava e o linho.»; «Pelo São Martinho, semeia o teu cebolinho, que o meu já está crescidinho.»; «Em dia de São Martinho, semeia os teus alhos e prova o teu vinho.»

Qualquer dos exemplos transcritos se caracteriza, do ponto de vista estilístico, pelo recurso à tautologia, sendo o provérbio ritmicamente subdividido em dois ou três segmentos, em que cada um, embora metricamente desigual, tem a característica de apresentar a mesma rima consoante, em que Martinho rima com linho, cebolinho, crescidinho e, noutras variantes, com vinho.

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1 Editorial  -  2 Um presépio humano  -  3 Contos tradicionais  -  4 Reforma do SEUC
5 Tradições e S. Martinho  -  6 Cenários de Violência  -  7 Plantas carnívoras  -  8 Receitas para o fígado
9 Sebastião da Gama  -  10 Aveiro, de vila a cidade  -  11 Hora do Recreio  -  12 Fac-símile


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