Perante
o nosso olhar, desfilam jovens adolescentes bulímicos,
jovens hiper-protectores de pais alcoolizados, a
vivência da sexualidade centrada no “sexo pelo sexo”
e jovens marginalizados do grupo de pares por serem
diferentes.
Estes
últimos são os protagonistas do filme. Interiorizam
uma revolta silenciosa, que os leva à violência
gratuita como forma de catarse da raiva que foram
acumulando. De perseguidos passam a homicidas!
Impressiona
o “sangue frio” com que planeiam e executam o
homicídio dos colegas e dos professores.
Impressiona
ainda mais saber que o argumento do filme tem como base
uma ocorrência real, na cidade de Colombine, nos EUA.
Como
estamos a formar os nossos jovens?
2 - No dia 25
de Novembro, o jornal “Público “ divulgou o estudo
sobre violência doméstica: Custos sociais e
económicos da violência contra as mulheres da FCSH/UNL.
Constatou-se
que:
-
87,8% da violência doméstica tem como autores os
homens;
-
52,4% dos agressores foram os actuais ou ex-maridos/companheiros;
Para
além das agressões físicas, teremos ainda de
considerar a violência psicológica (19,4%), que não
é menos destrutiva que a física.
Conclui
o estudo que a violência contra as mulheres atinge
todas as classes sociais; 13,4% dessa violência é
exercida por homens com profissões liberais,
intelectuais e científicas!
De
acordo com o mesmo estudo, a probabilidade de haver
insucesso escolar nos filhos é “cerca de duas vezes
maior nas famílias em que as mulheres foram vítimas de
violência”.
O
preocupante deste estudo, para além da violência
doméstica em si mesma, é o facto de ela ser exercida
por homens com uma forte escolaridade e que deveriam
estar aptos a exercer a cidadania num clima de diálogo
e de respeito pelo outro!
Está
a escola realmente direccionada para a formação do
cidadão?
E o
que se entende por formar?
3 - Sabemos que
as nossas crianças passam horas frente à televisão ou
no computador a jogar jogos bem violentos.
A
maioria dos programas exibidos pelos “mass media”
cultivam a violência pela violência! Nem os desenhos
animados escapam à regra!
Os
próprios serviços informativos, em horário nobre,
fazem-nos entrar pela casa dentro todo o tipo de
violência. Desde as imagens duma guerra servida a frio,
à violência da pedofilia, passando pelo vizinho que
numa briga banal decide eliminar o opositor.
Bandura,
num dos seus estudos, alertou-nos para o facto de a
exposição sistemática de crianças a filmes violentos
elevar o seu índice de agressividade.
Parece-nos
então que a violência é interiorizada como normal ao
longo do processo de socialização.
Mais,
o próprio mundo surge-nos como violento e destrutivo.
E de
novo formulamos a questão: — No meio destes cenários
de violência, como pode a escola contribuir para que o
homem se torne menos “lobo do homem”?
Vivemos
a soletrar a palavra cidadania, mas não passa de
palavra!
Como
pode a escola secundária formar cidadãos, se os
limites e a responsabilidade não tiverem sido
interiorizados na infância?
E
competirá mesmo à escola essa tarefa?
Se a sociedade
privilegia o “parecer”, como pode a escola ser uma
“ilha” onde se cultiva o “ser”?
Isabel
Bernardino