JORNAL
N.º 11

JUNHO 1993  Ano V


ESCOLA SECUNDÁRIA HOMEM CRISTO - AVEIRO
COLABORA NO ENRIQUECIMENTO DO TEU JORNAL

SUMÁRIO

 

Editorial

 

Encerrado
para
balanço

 

Em busca
da verdade

 

Notícias
da
Escola

 

Aprender
a viver a
Economia

 

Entrevista
e
Clube de
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Entrevista
a Carlos
Borrego

 

História de
 Joaninhas

 

Aqui há
tubarão

 

Você e o
Lixo

 

Tabaco e
Poluição

 

Humor ? sobre
Poluição

 

Passatempo
sobre
Poluição

 

Passatempo

 

Fac-símile
da 1ª página

 
 

 












Era uma vez um casal de joaninhas...

Viviam encantadas da vida a brincar, a crescer, a comer diligentemente os pulgões da faveira e a namorar.... Até que de repente se sentiram agarradas por umas mãos delicadas, que as transportaram para outra faveira.

- Porquê? Nesta não estávamos bem? Realmente, mudaram-nos de casa e estamos a ver tudo aos quadradinhos verdes!! Porque será? Hã! Tem em volta uma rede verde... Mas assim não podemos andar livremente. Bem, mas também nenhum dos nossos inimigos nos come... Inspeccionemos o novo local. Tem pulgões à farta. Não serão demais? Não parece que consigamos comê-los todos.

- Olha! Anda ali outro casal como nós, Afinal já temos companhia. E também estão a namorar.

- Credo, o que é isto? Está tudo a abanar. Já parou. Ficou mais quente de repente (olha fiz um verso). Começou um ruído parecido com o motor do tractor, mas este é mais suave. A faveira está a andar! e cada vez vai mais depressa!! É a primeira vez que nos acontece tal.

E a faveira andou alguns quilómetros até que parou.

- Que sossego! Mas já abana de novo e parece que vai a subir de degrau em degrau. Uma porta abriu e fechou. A faveira vai andando juntamente com uns tacões de sapato. Parou. Vê-se o céu através das janelinhas verdes. Está ameno, nem quente nem frio. Também não está vento. Se não fosse a rede até que parecia a antiga casa, lá no campo. Quer dizer: isto aqui deve ser a casa da dona dos tacões dos sapatos. Não deixa de constituir mistério o motivo da nossa vinda para aqui.

- Parece que aqui ficam bem, Carla.

- Penso que sim, Rosa.

- Melhor que no cubículo do Clube de Ecologia, onde quase não há luz nem arejamento - diz a Sara.

- Agora vamos ver se conseguimos levar a nossa experiência até ao fim.

- Sara e Carla, é bom que não nos esqueçamos de regar a faveira para não secar; as joaninhas têm bastantes pulgões para se alimentarem; e como já acasalaram, resta-nos esperar que ponham os ovos.

Passaram-se três dias.

- Acho que estou grávida - diz a joaninha - Vou pesquisar um bom local para o nascimento. E começou a procurar.

Seis dias após o acasalamento, a joaninha começou a pôr ovos.

- Sara, - diz a Rosa - a Joaninha já pôs os ovos. São amarelinhos. À volta de quarenta.

- Que maravilha - diz a Carla.

- Lembras-te da primeira vez em que a faveira morreu? - perguntou a Sara. A professora Eugénia pôs as joaninhas numa das suas plantas que tinha pulgões, suponho que uma Yuca. Todas as joaninhas fugiram, menos uma que ficou sempre na Yuca, pelo menos uns seis dias; e ao fim desse tempo depositou nela os ovos. Só depois se foi embora de vez! Mas teve o cuidado de procurar um sítio onde as larvas, quando saíssem dos ovos, tivessem alimento perto. Não achas formidável? Só foi embora depois de pôr os ovos e num local apropriado para assegurar um bom futuro aos filhos.

- É verdade, diz a Rosa, a Natureza tem tudo muito bem programado.

- Pois é, mas a grande quantidade de pulgões com a qual a joaninha não contava deu cabo de tudo. Quando os ovos começaram a mudar de cor e nós pensávamos que estaria próxima a eclosão, nada aconteceu. E quando fomos observar melhor, vimos que os pulgões estavam demasiado fortes e famintos e a Yuca não lhes bastava. Então atacaram os ovos e só deixaram o invólucro. E assim se inverte a ordem da Natureza: os ovos do predador foram devorados pela presa. Pobre da joaninha! Pensava ter a sua descendência assegurada... E a Carla, relembrando-se, entristeceu.

- Sim, acrescentou a Sara, e nós pensando que poderíamos assistir à evolução dos ovos, ao desenvolvimento de novas joaninhas para as levar para uma estufa onde iriam substituir os pesticidas, devorando os pulgões que estragam as culturas, e assim completar a experiência que nós tínhamos imaginado fazer no Clube de Ecologia, dentro do tema “Luta biológica”.

- Com efeito, esclarece a Rosa, os efeitos dos ataques dos afídeos (pulgões) são muito numerosos e gravosos, quer porque absorvem a seiva das plantas, quer porque constituem óptimos vectores de vírus das plantas. Em Portugal, calcula-se que em 1985 causaram prejuízos da ordem dos oito milhões de contos. São ainda a causa de fomes em países subdesenvolvidos, constituindo verdadeiras pragas.

- O combate a estes insectos (pulgões), acrescenta a Carla, feito por luta química, torna-os resistentes, mas o mesmo não acontece aos seus predadores que são mais sensíveis - as joaninhas - e daí a necessidade urgente da luta biológica para restabelecer o equilíbrio.

Deixando os comentários das alunas do Clube de Ecologia, vamos voltar aos acontecimentos na faveira e à luta entre as joaninhas e os pulgões. A joaninha tinha acabado de pôr os ovos e ...

- Aqui devem ficar bem.

- Também já fiz o mesmo, disse a outra joaninha. Mas estou a ficar preocupada. Os malvados dos pulgões estão a aumentar, a faveira a morrer, e as nossas irmãs já encontraram um orifício na rede por onde conseguiram fugir. É provável que tenhamos que fazer o mesmo.

- Vamos tentar aguardar mais algum tempo.

No dia seguinte.

- Não adianta aguardar mais. Já não há hipótese. Os pulgões são cada vez mais, a faveira não resiste e aqui não temos futuro.

- Tens razão. Vamos então procurar a mesma falha na rede por onde fugiram as outras e vamos embora também. Esperemos que os nossos filhos consigam encontrar uma faveira saudável, com pulgões para se poderem alimentar, mas não como esta praga aqui que tudo destrói.

- Sara e Carla, exclama a Rosa, aconteceu tudo de mau outra vez. Os malvados dos pulgões voltaram a comer os ovos das joaninhas. Estes pulgões procedem como donos e senhores do mundo das plantas, principalmente quando eles são em número excessivo relativamente às joaninhas. Eles dão cabo das plantas.

- Pois é, para o ano temos que tentar de novo, aproveitando os ensinamentos recolhidos agora e modificando alguns parâmetros para tentarmos, nós e as joaninhas, obter sucesso.

E foi assim a história das joaninhas, neste ano de 1993, no Clube de Ecologia da nossa Escola, quando tentámos enveredar por uma experiência de Luta Biológica, com a criação de pulgões e joaninhas. Para o ano esperemos que as coisas sejam diferentes. Desejem boa sorte às joaninhas!

O Clube de Ecologia
Alunos do 9º G: Carla Cristina, Rosa Alexandrina, Sara Maria, Sérgio

Professoras: Eugénia Reis, Lurdes Magalhães


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