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Hélder Bandarra, O Percurso do Artista, Aveiro, Novembro 2010, 180 páginas.

4. Testemunhos – por Artur Fino

COERÊNCIA, IMAGINAÇÃO E CRIATIVIDADE

Hélder Bandarra é, sem sombra de duvida, um artista que em toda a obra produzida ao longo da sua já extensa e brilhante carreira, sempre exigiu a si mesmo que os seus trabalhos, sejam eles da área do design, da cenografia, da ilustração, do desenho, da escultura ou da pintura, resultem em obras de apurado sentido estético, a que não falta nunca o cunho pessoalíssimo e a capacidade criativa adequada a cada caso especifico, sem descurar a manutenção de uma notável coerência. Dai não se estranhar a sua postura inequívoca de não cedência a quaisquer situações de facilitismo ou a concessões mais ou menos ambíguas.

Com um domínio perfeito das volumetrias e das proporções, das estruturas, do equilíbrio e da cor, Hélder Bandarra tem marcado impressivamente a sua matriz numa obra que é a sua, toda ela impregnada de considerável conceptualidade espiritual.

Mantendo um propósito de rumo consistente, substancial e qualitativo, numa construção persistente, sem alienar o respeito devido a parâmetros da mais estrita honestidade intelectual, ele sempre nos habituou a olhar as suas produções com um misto surpreso e encantamento. Assim, esta mostra que não devemos, a nenhum pretexto, deixar de visitar, é disso exemplo incontestável.

De uma realidade que Hélder Bandarra não ignora, onde os elementos pictóricos são susceptíveis de descreverem ou identificarem, sobrepõe-se a sua obra, sobretudo a actual, que claramente vai no sentido da formulação da autonomia da forma, isto é, atinge um estágio em que, libertando-se do conteúdo, a forma se consagra no seu próprio conteúdo – revelando-se, ela mesma, forma e conteúdo num contexto único.

Neste conjunto de trabalhos, agora à disposição da nossa leitura, veremos como, apelando às suas faculdades perceptivas, o artista nos propõe – pela apresentação de um cromatismo controlado mas simultaneamente de elevada vibração luminosa – uma visão expressiva de rara beleza, ainda que (e, muito acertadamente, com conotação interventiva), uma certa “violência” cromática, intencional, possa remeter o espectador para uma provável interpretação metafórica dessa “violência”.

Uma colecção, pois, em que a abstracção expressionista do conjunto transcende a maior parte de obras similares de outros autores; e, atrevemo-nos a afirmar, constitui algo de elevadíssima e extremada factura.

Artur Fino

Artista Plástico

Exposição de pintura

Galeria Municipal de Barcelos, 2007

 
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