Hélder Bandarra, O Percurso do
Artista, Aveiro, Novembro 2010, 180 páginas. |
Quando conheci
o Hélder Bandarra acabara, há uma semana, de completar 18 anos.
Fui trabalhar
para Lisboa, nos Restauradores, no Departamento de Turismo em Artes
Gráficas numa equipa integrada por ele e pela encantadora Maria Judite.
Desde logo nasceu uma sã e fraterna camaradagem.
O Hélder seria
5 anos mais velho do que eu. Tinha acabado de regressar da Índia, onde
fora prisioneiro de guerra, com a óbvia e sofrida maturidade que
fascinava o jovenzito que gostava de namoriscar e de se divertir, não
obstante o percurso já iniciado para a consolidação de outros valores.
A diferença de
idades e das experiências de vida colocavam-nos num patamar de
fraternidade e, de imediato, ele desempenhou o papel do irmão mais velho
que nunca tive. Assim, as inseguranças próprias de um jovem estudante de
artes dissipavam-se sempre que o Hélder alimentava com panegíricos o meu
ego, tecendo considerações sobre os meus trabalhos, e rematava dizendo
que eu era um “craque”.
Isto e muito
mais me conduz ao essencial: o Hélder foi para mim um verdadeiro mestre
quer no ensinamento directo da vida quer da arte. Era um daqueles
artistas cujas mãos tinham o tamanho do mundo pela forma, até elegante,
como desenhava, e por aquele condão único de fazer de cada cor um
arco-íris. Quer na arte, quer na vida, com ele aprendi a importância de
um Botelho ou de um Bual, de um Almada ou de um Barradas, com quem de
longe convivíamos.
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Foi o seu
sentido de fraternal camaradagem que me deu a conhecer o Sereno, o
Jeremias, o Fino e tantos outros pintores de Aveiro – a sua cidade
electiva – a que sempre esteve ligado e a que hoje, volvidos mais de 40
anos, eu próprio me rendi – refiro-me ao grupo AveiroArte.
Afinal, tão só
pretendo reiterar a excelência do artista ainda não totalmente
desvendada pela história e o tempo. E a excelência do homem também!
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Francisco
Simões
Escultor,
Setembro 2010 |