Acesso à hierarquia superior.

Hélder Bandarra, O Percurso do Artista, Aveiro, Novembro 2010, 180 páginas.

4. Testemunhos – por Manuel Rodrigues

HÉLDER BANDARRA - UM MANIFESTO DE TERNURA!

Para Virgílio Ferreira “o mundo da arte não é apenas o das suas obras. Porque a obra de arte é somente o instrumento de revelação desse mundo”.

Acrescento que o mundo da obra de arte é o da representação do mundo; é o mundo como Representação que nos é dado pelo artista, pelo fingidor demiurgo que se interpõe entre nós e o mundo. O mundo da obra de arte é tudo aquilo que nela nos dá voz.

E um quadro é um quadro, não se explica, é. Um quadro é o que é, na aparente pregnância do espaço que delimita. Diferentes, isso sim, são os olhares que se lhe dirigem: Representação e Interpretação – eis as premissas do círculo dessa relação.

E eu quis inventar nos quadros de Hélder Bandarra, um segredo de caleidoscópio.

Um rugido, um grito, uma carícia, um afago, uma dor, um sorriso. E quis ver o azul da pomba que sonhei, o silêncio do negro que bebi em Goya ou Kafka, o vermelho da revolta incontida, o branco – remissão da animalidade indómita, da bestialidade demencial que habita, diferentemente, o nosso quotidiano, as ruas de Sarajevo ou os campos de Angola.

Manuel Rodrigues

Historiador, 1982

 
Página anterior Página inicial Página seguinte