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Hélder Bandarra, O Percurso do Artista, Aveiro, Novembro 2010, 180 páginas.

2. O artista em 1ª pessoa

FEIRAS INTERNACIONAIS
"Nu" pastel – Paris, 2000 - pág. 45

As feiras internacionais de arte contemporânea são, para mim, extremamente apelativas e tenho uma necessidade vital de as visitar. Veneza, Paris e Madrid são as cidades onde me desloco com alguma regularidade. Visitei também grandes museus de arte em Nova Iorque, S. Paulo, Londres, Florença, Moscovo, Praga, S. Petersburgo, Roma, Milão, Nova Deli e outros.

"Nu" pastel – Paris, 2000

Desloco-me frequentemente a Paris. É uma necessidade, fruto de uma ligação afectiva com esta cidade que considero única no panorama intelectual e cultural do mundo. Todos os anos a visito para ver exposições, contactar artistas e galerias de arte, ver actividades e museus. Por uma vez frequentei as aulas e croquis de retrato da Académie de La Grande Chumière em Montparnasse. Atelier histórico com actividade há mais de 100 anos, onde passaram grandes mestres da historia da pintura. Também fiz estudos no Museu do Louvre em estatuária e tenho percorrido quilómetros pelas galerias a apreciar arte. É uma cidade dinâmica que me preenche e valoriza. Gosto de sentir as ruas, casas e cafés por onde andaram os grandes artistas do século XX.

Na minha juventude foi-me impossível fazer estas viagens por causa da situação política vigente. Nos anos 60, com a guerra no ultramar, nunca consegui obter passaporte. A polícia política não autorizava nem concedia este documento, a não ser que as pessoas tivessem uma boa estabilidade profissional ou familiar. Lembro-me de só o conseguir quando tinha 26 anos. Fui a Madrid à boleia de um amigo. Fiquei fascinado com o museu do Prado e a vida da cidade. Até hoje gravei na minha memória a pintura de Cristo na Cruz de Velásquez.

 
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