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Tempo
de Renovar!
Porquê renovar?
Podemos
continuar com a nossa vida e a nossa recuperação,
mesmo que alguém a quem nós queiramos muito ainda se
continue a debater com o consumo.
Imagine
uma ponte. De um dos lados da ponte está frio e escuro.
E nós ali estamos ao frio, no meio da escuridão,
completamente vergados ao peso da dor. Alguns de nós
até foram desenvolvendo desordens alimentares para
poderem enfrentar a dor. Alguns começaram a beber;
outros usaram algumas drogas. Houve até quem perdesse o
controlo da sua vida sexual. Outros, ainda, focaram a
sua atenção, de uma forma obsessiva, na dor em que a
família do adicto vivia, para, desse modo, se poderem
distrair. Muitos de nós até fizemos ambas as coisas:
não só desenvolvemos um comportamento adictivo, como
nos esquecemos completamente de nós, ao focarmos a
atenção noutras pessoas adictas. Não sabíamos que
havia uma ponte. Pensávamos que estávamos encurralados
num rochedo.
Então,
alguns tiveram sorte. Os olhos abriram-se, pela Graça
de Deus, pois era chegada a altura. E então deparámos
com a ponte. E algumas pessoas disseram-nos o que estava
do outro lado: calor, luz e a cura da nossa dor. Mal
podíamos imaginar ou acreditar que isso pudesse
acontecer; mesmo assim, decidimos encetar o caminho
através da ponte.
Tentámos
convencer as pessoas, que se encontravam connosco em
cima do rochedo, que havia uma ponte, que dava para um
lugar melhor, mas elas não queriam ouvir-nos. Não a
podiam ver e por isso não acreditavam. Ainda não
estavam prontas para a viagem. Decidimos então partir
sozinhos, porque até acreditávamos e as pessoas do
outro lado da ponte acenavam-nos alegremente. Quanto
mais nos aproximávamos do outro lado, mais
conseguíamos ver e sentir que, o que nos tinha sido
prometido, era mesmo real. Havia luz, calor, cura e
amor. O outro lado era um sítio bem melhor.
Mas
agora há uma ponte entre nós e aqueles que estão do
outro lado. Às vezes estamos tentados em lá voltar e
trazê-los connosco, mas não pode ser. Ninguém pode
ser puxado ou forçado através da ponte. Cada pessoa
tem de ir por sua própria vontade, quando chega a
altura certa. Alguns virão; outros irão ficar no outro
lado. A escolha não nos pertence
Só
podemos continuar a amá-los. E podemos acenar-lhes.
Podemos encorajá-los, assim como outros também já nos
alegraram e encorajaram. Mas não podemos fazê-los
atravessar a ponte.
Se é
a altura certa para atravessar a ponte, ou se já a
tivermos atravessado e estivermos desfrutando da luz e
do calor, não nos devemos sentir culpados. Pois é aí
que é suposto estarmos. Não temos que voltar para
trás, para a escuridão, pois podemos não ter outra
chance. A melhor coisa a fazer é ficar envolvida nessa
luz, pois isso irá fazer crer a outros, que há um
lugar melhor. E, se outros, algum dia, decidirem
atravessar a ponte, nós vamos estar lá para os
acolher.
Hoje
vou continuar com a minha vida para a frente, não me
importando com o que os outros estão a fazer ou a
deixar de fazer. Vou saber que é um direito que tenho,
o de atravessar a ponte para uma vida melhor, mesmo que,
para isso, tenha que deixar outros para trás. Não vou
sentir culpa, nem vou sentir vergonha. Sei que o lugar
onde me encontro agora é um lugar muito melhor e onde
é suposto eu estar!
The
Language of Letting Go’ by Mellody Beattie
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