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Se
há dez anos atrás programas como, por exemplo, Wordperfect, já eram de grande
utilidade e facilidade de trabalho, ao ponto de rapidamente terem cavado a
sepultura das antigas máquinas de escrever, actualmente, as potencialidades e
os automatismos tornaram o trabalho de escrita muito mais fácil, apesar de
alguns senões.
O
excesso de automatismos e de capacidades actuais do programa Word da Microsoft,
que nunca conseguiremos explorar na sua totalidade,
faz, por vezes, com que se gerem situações irritantes, especialmente
quando o programa teima em fazer aquilo que não pretendemos. Mas isto é um
pequeno inconveniente, que desaparece ao fim de conhecermos minimamente o software
e lhe tivermos desactivado algumas das funções que, por defeito, vêm como
automáticas.
O
grande problema dos processadores de textos reside apenas no facto de ter
desaparecido dos currículos uma disciplina que outrora se designava por
dactilografia e que existia nos antigos cursos comerciais. E vem isto pelo facto
de que, de uma maneira geral, uma grande
parte dos erros que temos detectado em alguns trabalhos de professores não são
mais do que erros de digitação. Estes erros induzem o programa em erro,
fazendo, muitas vezes, com o computador não consiga formatar devidamente os
textos. E um dos erros mais frequentes
tem a ver com a má colocação dos sinais de pontuação.
Se
os professores são insensíveis a este tipo de erro, que cometem com elevada
frequência, como poderão chamar a atenção para os mesmos erros cometidos
pelos alunos?
Uma
grande vantagem dos modernos processadores é a existência dos
correctores ortográficos. Mas, não raras vezes, esta vantagem acaba por
redundar num grande inconveniente, acabando por ser um indutor de erros. E a
causa disto não está no computador, mas na simples razão de que nem todo o
vocabulário se encontra inicialmente no dicionário. E os
utilizadores acabam, numa grande maioria das situações, por inserir erros no
próprio dicionário.
Estes
e outros problemas, que agora aqui não vamos mencionar, são factores de
perigo, são factores de «desaprendizagem», se quisermos utilizar o computador
como um recurso educativo, aproveitando as potencialidades de software
deste tipo.
Como
é que os processadores de texto podem ser utilizados como recurso educativo?
Estamos neste momento a lembrar-nos de um grupo de trabalho com quem contactámos
semanalmente numa escola, durante uma acção de formação, e que constitui um
bom exemplo de utilização do computador como recurso educativo.
Todas
as quartas-feiras, na sala de informática, os computadores eram utilizados por
um grupo de jovens com dificuldades de aprendizagem. Durante parte da aula, os
alunos “divertiam-se” a copiar para a página virtual no monitor pequenas
histórias. Sem darem por isso, estavam a realizar a tradicional actividade a
que damos o nome de cópia, com que em tempos recuados, no primeiro ciclo do
ensino básico, que então designávamos por escola primária, aprendíamos a
escrever e a memorizar vocabulário, para que não cometêssemos erros. Sem o
saberem, esses alunos estavam a realizar a mesma actividade. Mas porque estavam
utilizando o computador, aquilo que em tempos era para nós um «frete», era
para eles uma forma de diversão.
Na
segunda metade da aula, que era de noventa minutos, divertiam-se a ilustrar as
histórias que tinham passado para o computador, utilizando uma ferramenta de
desenho muito simples, mas com grandes potencialidades de trabalho. Embora
muitos de nós desprezemos um programa como o Paint da Microsoft, a
verdade é que apresenta potencialidades aproveitáveis de que muitos nem se dão
conta, funcionando como complemento de ferramentas de edição gráfica mais
sofisticadas, como o Adobe, o Paint Shop Pro ou o Picture Publisher, esta última
bastante poderosa, produzida pela Micrograph, mas muito pouco conhecida.
Indicámos
apenas um exemplo de uma situação concreta por nós observada numa escola.
Muitas outras poderão ser realizadas, bastando apenas que os professores
idealizem outras formas de utilização do computador para desenvolvimento das
competências dos alunos.
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