Henrique J. C. de Oliveira, Computador e Ensino, Viseu, 2003.

6Utilizações do computador

O processamento de texto

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Se há dez anos atrás programas como, por exemplo, Wordperfect, já eram de grande utilidade e facilidade de trabalho, ao ponto de rapidamente terem cavado a sepultura das antigas máquinas de escrever, actualmente, as potencialidades e os automatismos tornaram o trabalho de escrita muito mais fácil, apesar de alguns senões.

 

O excesso de automatismos e de capacidades actuais do programa Word da Microsoft, que nunca conseguiremos explorar na sua totalidade,  faz, por vezes, com que se gerem situações irritantes, especialmente quando o programa teima em fazer aquilo que não pretendemos. Mas isto é um pequeno inconveniente, que desaparece ao fim de conhecermos minimamente o software e lhe tivermos desactivado algumas das funções que, por defeito, vêm como automáticas.

 

O grande problema dos processadores de textos reside apenas no facto de ter desaparecido dos currículos uma disciplina que outrora se designava por dactilografia e que existia nos antigos cursos comerciais. E vem isto pelo facto de que, de uma maneira geral, uma grande parte dos erros que temos detectado em alguns trabalhos de professores não são mais do que erros de digitação. Estes erros induzem o programa em erro, fazendo, muitas vezes, com o computador não consiga formatar devidamente os textos. E um dos erros mais frequentes tem a ver com a má colocação dos sinais de pontuação.

 

Se os professores são insensíveis a este tipo de erro, que cometem com elevada frequência, como poderão chamar a atenção para os mesmos erros cometidos pelos alunos?

 

Uma grande vantagem dos modernos processadores é a existência dos correctores ortográficos. Mas, não raras vezes, esta vantagem acaba por redundar num grande inconveniente, acabando por ser um indutor de erros. E a causa disto não está no computador, mas na simples razão de que nem todo o vocabulário se encontra inicialmente no dicionário. E os utilizadores acabam, numa grande maioria das situações, por inserir erros no próprio dicionário.

 

Estes e outros problemas, que agora aqui não vamos mencionar, são factores de perigo, são factores de «desaprendizagem», se quisermos utilizar o computador como um recurso educativo, aproveitando as potencialidades de software deste tipo.

 

Como é que os processadores de texto podem ser utilizados como recurso educativo? Estamos neste momento a lembrar-nos de um grupo de trabalho com quem contactámos semanalmente numa escola, durante uma acção de formação, e que constitui um bom exemplo de utilização do computador como recurso educativo

 

Todas as quartas-feiras, na sala de informática, os computadores eram utilizados por um grupo de jovens com dificuldades de aprendizagem. Durante parte da aula, os alunos “divertiam-se” a copiar para a página virtual no monitor pequenas histórias. Sem darem por isso, estavam a realizar a tradicional actividade a que damos o nome de cópia, com que em tempos recuados, no primeiro ciclo do ensino básico, que então designávamos por escola primária, aprendíamos a escrever e a memorizar vocabulário, para que não cometêssemos erros. Sem o saberem, esses alunos estavam a realizar a mesma actividade. Mas porque estavam utilizando o computador, aquilo que em tempos era para nós um «frete», era para eles uma forma de diversão.

 

Na segunda metade da aula, que era de noventa minutos, divertiam-se a ilustrar as histórias que tinham passado para o computador, utilizando uma ferramenta de desenho muito simples, mas com grandes potencialidades de trabalho. Embora muitos de nós desprezemos um programa como o Paint da Microsoft, a verdade é que apresenta potencialidades aproveitáveis de que muitos nem se dão conta, funcionando como complemento de ferramentas de edição gráfica mais sofisticadas, como o Adobe, o Paint Shop Pro ou o Picture Publisher, esta última bastante poderosa, produzida pela Micrograph, mas muito pouco conhecida.

 

Indicámos apenas um exemplo de uma situação concreta por nós observada numa escola. Muitas outras poderão ser realizadas, bastando apenas que os professores idealizem outras formas de utilização do computador para desenvolvimento das competências dos alunos.

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